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Ricardo Robles deixa o Bloco de Esquerda e o cargo de vereador

03-08-2018 - Zap

Ricardo Robles não resistiu à polémica em torno do prédio que adquiriu em Alfama, Lisboa, e renunciou aos cargos de vereador na Câmara de Lisboa e de membro da Comissão Coordenadora da Concelhia de Lisboa do Bloco de Esquerda.

O anúncio da saída de Robles é feito por via de um comunicado publicado no site bloquista Esquerda.net, onde o político do Bloco fala de “uma opção privada, forçada por constrangimentos familiares “.

Robles diz que o caso do prédio que adquiriu em Alfama por 347 mil euros e que, depois de revitalizado, foi posto à venda por 5,7 milhões de euros, criou “ um problema político real ” e “um enorme constrangimento” à sua “intervenção como vereador”.

“Esta é uma  decisão pessoal  que tomo com o objectivo de criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade”, destaca ainda. Uma saída que se torna  inevitável depois das críticas  que surgiram ao vereador que, além do prédio em Alfama, é proprietário de outros imóveis em Lisboa.

Contra os princípios do Bloco

Um dos fundadores do BE,  Luís Fazenda , reconhece que o caso vai contra os princípios do partido. “São  circunstâncias que, no Bloco de Esquerda, nós condenamos  e que levam à gentrificação”, afiança o membro da Comissão Política do BE em declarações divulgadas no jornal i. “ Tem de se fazer uma reflexão e tirar conclusões “, conclui.

Por outro lado, a líder do Bloco,  Catarina Martins, manteve a defesa do vereador , considerando que “a notícia foi mal contada” e que  Robles “não ganhou nada”  porque a venda não chegou a ser feita.

Catarina Martins também  acusa o PSD de “hipocrisia” e de “cinismo” , depois de os sociais-democratas terem pedido a demissão de Robles, lembrando o envolvimento de elementos do partido nos casos Vistos Gold e Operação Tutti Fruti.

“Em vez de tirar consequências das investigações de que está a ser alvo”, diz Catarina Martins, o PSD resolveu  “perseguir o Bloco de Esquerda” .

Mas  a explicação da líder bloquista é “deprimente”  para Marques Mendes, que no seu habitual espaço de comentário de domingo à noite na SIC, sustenta que Catarina Martins “tentou defender o indefensável”.  “É o pior momento político de Catarina Martins” , disse ainda o Conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, defendendo que a líder bloquista deveria ter-se “demarcado” de Robles.

Marques Mendes notava ainda que este caso “foi um desastre para a carreira” de Robles e para “a imagem do Bloco de Esquerda”. “Não está ferido de morte, mas  está ferido de asa e vai comprometer a sua carreira política”, considerava o comentador social-democrata antes da demissão de Robles, notando que “diz uma coisa e faz outra”.

“Não bate a bota com a perdigota” , reparava o ex-líder do PSD, lembrando que Robles “condena a especulação e pratica a especulação”. “É um exercício de incoerência e hipocrisia”, concluiu.

Robles atrasa declaração às Finanças

Outro dado a acrescentar à polémica revela que Robles demorou quase um ano a entregar nas Finanças a declaração a comunicar a realização das obras que valorizaram o imóvel. Um indicador que aumenta o  valor a pagar de IMI .

Os contribuintes têm 60 dias para comunicar estas mudanças ao Fisco, mas Robles só o fez quase um ano depois, a 12 de Fevereiro de 2018, com atesta o Correio da Manhã (CM), quando as obras de requalificação foram concluídas em Março de 2017.

O CM nota que o Fisco ainda não corrigiu o  Valor Patrimonial Tributável do Imóvel , pelo que o IMI do edifício ainda não foi actualizado.

PNR lança acção de ocupação ao prédio de Robles

Entretanto, o Partido Nacional Renovador (PNR) lançou uma iniciativa para ocupar o prédio da polémica.  “Vamos ocupar o prédio do Robles”  é o nome do evento  lançado pelo PNR, partido de extrema direita, na rede social Facebook, no âmbito do caso que envolve o vereador bloquista.

A iniciativa de ocupação do prédio está marcada para terça-feira, 31 de Julho, às 12:30 horas.

O PNR lança a iniciativa com um apelo à luta “pela justiça e pela ética nos cargos públicos”. “Não toleramos esta constante pilhagem ao erário público por parte dos ‘pulhíticos’ do sistema, aldrabões e hipócritas, que se servem dos cargos em vez de servirem”, acrescenta o PNR que fala em Robles como um  “político de Extrema-Esquerda-caviar” .

O prédio do vereador foi vandalizado no sábado à tarde com a inscrição  “Aqui podia morar gente” , com o símbolo do Bloco de Esquerda (BE) ao lado.

 

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