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Cáritas com mais de 2 milhões no banco

10-03-2017 - Joana Carvalho Reis

Uma investigação do jornal Público revela que a instituição criada pela Igreja Católica tem, há pelo menos uma década, 2,1 milhões de euros no banco.

O   jornal Público   teve acesso a vários documentos que indiciam contradições nas contas da Cáritas e Lisboa e pelo meio descobriu que a instituição tem mais de 2,4 milhões de euros no banco, entre depósitos e investimentos em obrigações. A Cáritas Diocesana de Lisboa tem ainda quase 1,4 milhões de euros em imóveis.

A estes valores somam-se subsídios do Estado, a consignação do IRS, a mensalidade dos utentes do lar e da creche e ainda os donativos.

O jornal Público analisou os relatórios de contas da instituição e concluiu que em 2014 a Cáritas de Lisboa recebeu em doações particulares 325 mil euros. Gastou 147 mil, dos quais pouco mais de 11 mil destinaram-se a ajudas diretas a famílias.

Em relatórios de diferentes anos, a Cáritas reconhece que o agravamento da situação económica das famílias exigia que o apoio fosse prestado a mais pessoas e durante mais tempo, mas a instituição diz que não tem meios para responder a todos os pedidos.

Questionada pelo jornal sobre a almofada financeira que mantém no banco em tempos de dificuldades económicas no país, a Cáritas de Lisboa justifica-se com a necessidade de precaver um eventual agravamento da crise.

"A atual direção tem procurado, enquanto fiel depositária destes bens, que se encontram ao serviço da Igreja Diocesana, recorrer à sua utilização sempre que necessário, procurando para os restantes valores, cautelarmente, que não se desatualizem em termos de valor, acautelando-se necessidades futuras", explica.

A direção da instituição acrescenta que o objetivo é "manter os valores patrimoniais atualizados", já que "continuam muito incertas as expectativas futuras" e "é porventura esperado o aumento de solicitações [dos pobres] a par de um abaixamento de doações".

A investigação do Público detetou ainda discrepâncias entre os valores apresentados nos relatórios entregues ao Ministério da Solidariedade e Segurança Social e os dados divulgados pela Cáritas de Lisboa na página da internet.

Relatórios a que o jornal só conseguiu ter acesso depois de recorrer ao Tribunal. O Ministério alegava que as contas pedidas "são de caráter sigiloso, pois são referentes à situação económica e financeira da Cáritas, não sendo de acesso público". Sendo a divulgação de contas das IPSS obrigatórias desde 2014, o Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa deu razão ao Público e ordenou a divulgação das contas.

O Ministério Público (MP) abriu entretanto um inquérito na sequência de denúncias que apontam para a prática do crime de burla qualificada, entre outros. O Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa instaurou este inquérito em janeiro. São visados o presidente da Cáritas de Lisboa, José Carlos Frias Gomes, e o cónego Álvaro Bizarro, responsável pelas finanças do Patriarcado de Lisboa.

Ao Público, o MP diz que está neste momento a avaliar a credibilidade da denúncia para decidir se avança para a investigação.

Fonte: TSF

 

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