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PCP vai apresentar moção de rejeição a programa de Governo da AD

15-03-2024 - DN/Lusa

"É para dar um sinal claro de que, connosco, o projeto da direita não avança", justificou o secretário-geral do PCP. Paulo Raimundo indicou ainda que aceitou o convite do BE para uma reunião para debater entendimentos na oposição ao futuro Governo.

O secretário-geral do PCP anunciou esta quarta-feira que o partido vai apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da AD, comprometendo-se a ser "a oposição" à política de direita e a combatê-la "desde o primeiro minuto".

Em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa, Paulo Raimundo salientou que o partido irá dar, "desde o primeiro minuto, combate à política de direita e aos projetos reacionários que se procuram afirmar e vai fazê-lo utilizando todos os meios ao seu dispor para esse combate".

"Não será pelo PCP que o projeto da direita será implementado", garantiu.

Questionado se o partido admite apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da AD, o líder comunista respondeu: "Com toda a clareza digo que sim".

"O facto de nós avançarmos para esta iniciativa é um sinal político que queremos dar, que é para ficar logo claro ao que é que se vai. Da nossa parte, nós não temos nenhuma ilusão sobre qual é o projeto do PSD e do CDS, da direita. Não temos nenhuma ilusão qual é o caminho e as consequências na vida das pessoas, dos trabalhadores e do país", afirmou.

Numa alusão aos restantes partidos de esquerda, Paulo Raimundo referiu que esta moção de rejeição é "um sinal claro que só obriga a quem a apresenta, mas outros também farão as opções que entenderem sobre essa matéria".

"Quem nos quiser acompanhar, acompanhará, quem não quiser acompanhar, não acompanha. Aquilo que fazemos não é para arrastar outros, é para dar um sinal claro de que, connosco, o projeto da direita não avança", disse

Resultados eleitorais "criaram uma situação ainda mais favorável ao grande capital"

Interrogado se, perante o atual cenário político, o PCP considera que devem ser convocadas eleições antecipadas, Paulo Raimundo disse ter a "certeza plena" de que o projeto da direita "é prejudicial para os trabalhadores, para o povo e para o país".

"O que nós precisávamos era que ele não fosse implementado", afirmou.

Numa alusão ao PS, que já disse que pretende viabilizar um Governo da AD, Paulo Raimundo disse já saber que o PCP não será acompanhado na sua moção de rejeição.

"Cá estaremos não é para fazer parte da oposição, é para ser a oposição à direita e à política de direita. Nem vale a pena estarmos a falar se o PSD cede ou não cede ao Chega. O programa do PSD e do CDS, em conjunto, por si só, justificam todos os alertas que estamos a fazer agora", advertiu.

Paulo Raimundo indicou que é precisamente isso que vai transmitir ao Presidente da República esta quinta-feira, no âmbito das rondas que o chefe de Estado está a fazer com todos os partidos.

"Da nossa parte, o senhor Presidente da República pode contar com a coerência de sempre, com a firmeza e com estarmos na primeira linha de combate à política de direita", referiu.

Na sua intervenção inicial, Paulo Raimundo considerou que os resultados de domingo "criaram uma situação ainda mais favorável ao grande capital", considerando que "os cerca de três milhões de votos" na direita estão assentes "na demagogia, na mentira e na ilusão".

"Enganou milhares para a falsa ideia da mudança, essa mudança que de facto se exige, mas que não virá pelas mãos de PSD, CDS, IL e Chega. Desses partidos, a única mudança que virá é mais favorecimento aos grupos económicos, mais ataques aos serviços públicos", criticou.

O secretário-geral do PCP responsabilizou o PS por se ter chegado à atual situação, considerando que o partido não "desperdiçou nenhuma oportunidade de alimentar e se alimentar das forças mais reacionárias" durante os últimos dois anos de maioria absoluta.

Apesar de reconhecer que o resultado da CDU foi "um elemento negativo", Paulo Raimundo afirmou que é também "um sinal de resistência" e comprometeu-se a continuar a defender os direitos dos trabalhadores, anunciando que, entre 21 e 24 de março, o PCP vai promover uma "jornada de contacto com a população".

Questionado se, após este resultado, está confiante de que a CDU consegue voltar a eleger eurodeputados nas próximas eleições europeias, em 9 de junho, Paulo Raimundo defendeu que a coligação tem "todas as condições para o fazer".

"Imaginam o Parlamento Europeu sem a voz do PCP e da CDU? Era o fim da picada. Não era para nós, era para o povo, para os trabalhadores e para o país", frisou.

PCP aceitou reunião com BE mas avisa que não quer diluir-se em "qualquer projeto que seja"

O secretário-geral do PCP indicou também que aceitou um convite do BE para uma reunião para debater entendimentos na oposição ao futuro Governo, manifestando-se disponível para "toda a convergência" mas avisando que não pretende "diluir-se em qualquer projeto".

Após uma reunião do Comité Central do partido, Paulo Raimundo confirmou que já recebeu um convite do BE que, esta terça-feira, pediu reuniões com os partidos de esquerda e o PAN para analisar os resultados das eleições e debater convergências "na oposição ao Governo da direita" e na construção de uma alternativa. 

O líder comunista disse que há aspetos que só pretende abordar na reunião em questão, mas destacou que o que é necessário "é da convergência toda nas soluções da resolução da vida das pessoas".

"Nós podemos falar em aspetos de convergência a longo prazo, mas do que nós precisamos é de convergência para os salários, para o aumento das reformas e pensões, convergências para atacar as questões do SNS e ela faz-se, como nós sempre dissemos, tendo a Assembleia da República como espaço importantíssimo, mas não é o único. Em grande medida, ela faz-se no concreto, nas ações, na rua", disse.

Paulo Raimundo deu o exemplo da greve geral dos jornalistas, esta quinta-feira, e da greve nas carnes Nobre, no dia 19 de março, para salientar que são dois "momentos de convergência do ponto de vista da luta", por "salários, melhores condições de trabalho".

"Aí é que se vê as convergências, não é nas proclamações. Nós estaremos disponíveis para toda a convergência no concreto, com uma certeza absoluta. É que, se há coisa que o PCP não fará, nem isso serviria os trabalhadores e o povo, é diluir-se em qualquer projeto que seja, qualquer ideia de projeto que implique a sua diluição", avisou.

Interrogado se considera que é esse o intuito da coordenadora do BE, Mariana Mortágua, Paulo Raimundo disse que não, mas considerou importante que isso fique claro desde já.

"Nós não negamos nenhuma possibilidade de convergência, partindo deste princípio: aquilo que se coloca neste momento é a convergência concreta, nas questões concretas e, penso que é justo não pedirem ao PCP nem a ninguém, que dilua o seu próprio projeto. Porque nós temos uma alternativa, na qual estamos na disputa, da criação dessa alternativa", referiu. 

À Lusa, fonte oficial do PAN referiu que o partido também aceitou o pedido de reunião por parte do BE.

Na terça-feira, o BE pediu reuniões ao PS, PCP, Livre e PAN para analisar os resultados das eleições que "mudaram a face política do país" e debater convergências "na oposição ao Governo da direita" e na construção de uma alternativa.

Fonte do PS e do Livre já indicaram à Lusa que também receberam o convite do BE e já o aceitaram.

Questionado se a moção de rejeição que o PCP pretende apresentar ao Governo da AD será um dos temas que vai debater numa reunião com o BE sobre entendimentos, Paulo Raimundo admitiu que isso não lhe passou pela cabeça, mas que uma eventual convergência sobre essa iniciativa deve ser colocada a outros.

Na sua intervenção inicial, Paulo Raimundo salientou que o PCP vai desde já tomar a iniciativa no parlamento, apresentando medidas como o aumento do salário mínimo nacional para os mil euros já em 2024, o aumento extraordinário das reformas e das pensões ou ainda a reposição integral do tempo de serviço dos professores.

Questionado sobre como lê o resultado da CDU no Alentejo, Paulo Raimundo respondeu que a "única vantagem destas eleições" é que se acabou "de vez" com a narrativa de que os votos do PCP iam para o Chega, salientando que não foi por causa dessa transferência de votos que o partido de extrema-direita ganhou no Algarve.

"Tínhamos dito que era uma narrativa criada pelo PSD para justificar as suas próprias dificuldades e pelo PS para alimentar e alimentar-se das forças reacionárias. Os resultados dessas narrativas estão à vista e vai ser preciso fazer muita reflexão. Mas olhe que não é o PCP o único a fazer a reflexão sobre isso", disse.

 

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