Consciência "tranquila". MP investiga denúncia de que Malheiro terá recebido dinheiro por adjudicação de obra
16-02-2024 - TSF
Em causa está a recuperação da Esmoriztur, uma sala de espetáculos no concelho de Ovar cuja requalificação foi adjudicada em 2018. Social-democrata garante à TSF que não foi contactado pelo Ministério Público.
O Ministério Público (MP) está a investigar alegadas irregularidades na adjudicação de uma obra de recuperação de um edifício em Esmoriz, no concelho de Ovar, depois de ter recebido uma denúncia anónima que envolve o antigo presidente da câmara Salvador Malheiro, escreve o Diário de Notícias este sábado.
Em causa estarão crimes de corrupção e participação económica em negócio na requalificação da Esmoriztur, uma casa de espetáculos, por cuja adjudicação à empresa Binómio Elevado Lda, o autarca terá recebido 120 mil euros, divididos por oito entregas, em envelopes.
A denúncia citada pelo jornal refere que o pagamento terá sido combinado num almoço em que estiveram Malheiro, que agora é candidato às legislativas pela AD em Aveiro, o empresário José Barros de Sousa e o ex-PSD e agora Chega/Ovar Mário Monteiro, que terá marcado o encontro.
Neste encontro, "foi combinado que Salvador Malheiro receberia 120 mil euros pela adjudicação da obra, valor que seria entregue em envelopes com notas, coisa que aconteceu entre 2016 e 2017, através do tal contacto comum, Mário Monteiro", lê-se na denúncia citada.
Contactado pela TSF, Salvador Malheiro garante que não foi contactado pelo MP e que não vai prestar declarações públicas sobre o caso, reiterando que está de consciência "absolutamente tranquila".
A Esmoriztur é uma sala de espetáculos na qual a autarquia de Ovar já investiu 1.225.165 euros, mas cujos custos podem atingir os 4.235.265 euros. A oposição na câmara defende a criação de uma comissão eventual para investigar o negócio.
O contrato inicialmente assinado com a Binómio Elevado Lda em março de 2018 tinha o valor de 1,4 milhões de euros, mas o valor da empreitada tem derrapado e foram assinados cinco adicionais ao contrato no valor global de 300 mil euros. A denúncia adianta que este valor terá sido combinado em "duas reuniões" com protagonistas diferentes: numa estiveram Mário Monteiro, Barros de Sousa e o chefe de divisão de Obras Públicas da Câmara, José Pinto, e noutra este mesmo chefe de divisão, o então vice-presidente da câmara - agora à frente da autarquia - Domingos Silva e Mário Monteiro.
Em declarações ao DN, comentou que começa a "estar habituado" a ser alvo de denúncias. O social-democrata recusa também conhecer Barros de Sousa e defende o processo da obra como "cristalino".
Presidente da câmara de Ovar desde 2013, Malheiro suspendeu o mandato no final de janeiro por ser candidato pela AD às legislativas: é o número quatro por Aveiro.
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