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Hutis envolvem EUA e Irão na guerra no Médio Oriente

05-01-2024 - Leonor Riso

EUA e Reino Unido ponderam atacar bases militares no Iémen, enquanto o Irão já enviou um destroyer para o Mar Vermelho. Conflito agudiza-se no Médio Oriente.

Podem os ataques hutis aos navios no Mar Vermelho levar a uma escalada do conflito no Médio Oriente? No domingo, dia 31 de dezembro, essa possibilidade ficou mais próxima. O exército norte-americano matou dez militantes hutis ao afundar três embarcações na sequência de um ataque a um porta-contentores da Maersk. Foi a primeira vez que os EUA se envolveram tanto no conflito, perante os ataques marítimos originados pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

No fim de dezembro, os EUA avançaram com a operação Guardião da Prosperidade para evitar constrangimentos no tráfego marítimo do Mar Vermelho. Vários países se juntaram mas entretanto, outros distanciaram-se de uma operação liderada pelos EUA, favorecendo as missões já em curso: um exemplo é a Atalanta, conduzida pela União Europeia contra a pirataria. 

Já este mês, o Irão rejeitou os apelos dos EUA e do Reino Unido para não apoiar os ataques hutis no Mar Vermelho. No dia 1 de janeiro, o  destroyer  Alborz entrou no Mar Vermelho depois de o secretário do conselho supremo de segurança do Irão, Ali Akbar Ahmadian, se ter encontrado com o porta-voz dos hutis Mohammed Abdulsalam e elogiado as suas ações contra a "agressão sionista".

Enquanto isto, os EUA e o Reino Unido ponderam avançar com ataques a instalações militares dos hutis no Iémen, avançou o jornal  The Times. E segundo a Al-Jazeera, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos foram avisados pelos hutis que caso se juntem à coligação liderada pelos EUA, as suas instalações petrolíferas serão atingidas por ataques.

Os hutis fazem parte do "eixo da resistência", uma aliança militar anti-Israel composta pelo Irão, Síria, o grupo libanês Hezbollah, o Hamas, Iraque e Síria. Desde o ataque de 7 de outubro do Hamas a Israel o líder dos Hutis, Abdulmalik Al-Houthi, declarou o seu apoio ao Hamas, tendo afirmado que suas forças estavam "prontas a deslocar-se às centenas de milhares para se juntarem ao povo palestiniano e enfrentarem o inimigo".

Inicialmente, o grupo limitou-se a ataques com mísseis e drones que foram alegadamente intercetados pelos Estados Unidos e por Israel. No entanto, a 19 de novembro, os militantes utilizaram um helicóptero para se apoderar de um navio de carga no Mar Vermelho, propriedade de um empresário israelita, e raptaram a tripulação, afirmando que todos os navios ligados a Israel se tornariam "um alvo legítimo para as forças armadas".

O apoio do grupo aos palestinianos pode também estar a angariar apoio interno e regional para a sua própria posição no Iémen, tendo assim uma oportunidade para fortalecer a autoridade no país e reforçar a legitimidade do grupo como autoridade governamental do Iémen em relação à comunidade internacional, aponta o jornal The Guardian.

Desde 9 de dezembro, aconteceram pelo menos 17 ataques e tentativas de ataque a embarcações que os hutis acreditam que estejam ligados a Israel e aos seus aliados.

Qual a importância do Mar Vermelho?

O Mar Vermelho é importante para a economia mundial, uma vez que se trata de uma importante rota comercial que liga a Ásia à Europa e aos Estados Unidos. 30% do tráfego mundial de contentores passa pela região e qualquer ameaça significativa à sua segurança poderá ter consequências para os preços do petróleo e para a disponibilidade no Ocidente de produtos produzidos na Ásia. Israel também está dependente do tráfego do Mar Vermelho, sendo a grande maioria das importações e exportações efetuadas por via marítima.

Como afeta a economia?

Os ataques dos hutis a navios comerciais, que tem vindo a ocorrer diariamente desde o dia 9 de dezembro, têm vindo a criar um receio sobre o choque que pode causar na economia mundial. Sete das maiores empresas de transporte marítimo do mundo, incluindo a BP e a empresa norueguesa Maersk, já anunciaram que iriam suspender o transporte marítimo através do Mar Vermelho.

Estes ataques obrigam assim os navios a fazer uma rota mais longa à volta de África, o que faz disparar os custos. Dados divulgados na semana passada pela Flexport, uma empresa de logística global, revelam que metade dos navios porta-contentores evitam a região, algo que representa cerca de 18% da capacidade global de contentores.

Esta situação pode fazer com que os preços aumentem para o consumidor, numa época em que os governos no mundo procuram controlar a inflação. Os hutis afirmaram que só vão suspender os ataques se Israel permitir a entrada de alimentos e medicamentos na Faixa de Gaza.

Somália e Etiópia: outro conflito no Mar Vermelho?

A Somália afirmou esta terça-feira que um pacto assinado pela região da Somalilândia com a Etiópia, que lhe permite utilizar o porto de Berbera, no Mar Vermelho, não tem força legal e ameaça a estabilidade regional.

O acordo permitiria à Etiópia, que depende de Djibuti para a maior parte do seu comércio marítimo, estabelecer operações comerciais numa base militar arrendada em Berbera. Também incluiria o reconhecimento da Somalilândia como uma nação independente.

A Somália convocou o embaixador na Etiópia para deliberar sobre o acordo portuário assinado pelo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e pelo presidente da Somalilândia, Muse Bihi Abdi, na segunda-feira. A ambição declarada por Ahmed Abiy, de garantir o acesso ao Mar Vermelho é uma fonte de tensão entre a Etiópia e os seus vizinhos e suscitou preocupações quanto a um novo conflito nesta região de África.

"É uma violação e uma interferência aberta na soberania, liberdade e unidade da Somália", refere o comunicado do conselho de ministros da Somália. "O chamado memorando de entendimento e acordo de cooperação é nulo e sem efeito", acrescenta.

A Somalilândia nunca obteve um reconhecimento internacional, apesar de ter declarado a sua autonomia em relação à Somália em 1991. No entanto, a Somália ainda afirma que a Somalilândia continua a fazer parte do seu território.

Fonte: Sábado. pt

 

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