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Vacinas anticovid. Agência Europeia do Medicamento tem estudos a indicar prazos mais curtos para a dose de reforço

19-11-2021 - Publico.pt

Instituição confirmou ao PÚBLICO ter estudos preliminares que apontam para que quando se administra uma vacina de outro tipo a quem foi imunizado com vacinas do tipo vector viral os anticorpos aumentam mais rapidamente. EMA vai fazer recomendação pública em breve.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) dispõe de estudos sobre a administração da dose de reforço com uma vacina diferente da usada nas doses iniciais, nomeadamente quando a vacina usada anteriormente foi do tipo de vector viral (a AstraZeneca e a vacina da Janssen), que indicam que pode ser encurtado o intervalo agora exigido de seis meses entre a segunda dose e a dose de reforço. Talvez assim possam ser vacinados mais rapidamente os 800 mil portugueses com mais de 65 anos que, de acordo com as regras actuais, só podem receber a dose de reforço a partir de 2022, pois receberam a segunda dose a partir de Julho.

“Dados preliminares de estudos sobre  reforços heterólogos [em que a dose da vacina de reforço foi diferente da usada antes)  indicam que o reforço pode ser dado mais cedo, para obter um aumento rápido dos anticorpos”, afirmou por escrito ao PÚBLICO a porta-voz da EMA, Laure Herold, acrescentando que esta entidade “vai rever estes dados juntamente com dados específicos das vacinas de vector viral [como as da AstraZeneca ou da Janssen] para as quais a dose de reforço ainda não esteja aprovada e tornar pública essa recomendação logo que a avaliação esteja terminada”.

“A administração da dose de reforço cerca de seis meses após estar completa a série da vacinação primária [as duas doses iniciais] gera uma resposta imunitária eficaz e seis meses é o intervalo usado nos estudos com doses de reforço de vacinas de ARNm [ARN mensageiro] homólogas [em que é usada sempre a mesma vacina]”, explicou a mesma porta-voz da EMA.

O anúncio de que 800 mil portugueses com mais de 65 anos só poderiam receber a dose de reforço em 2022 (quando  passassem os seis meses desde que tomaram a segunda dose) foi feito na semana passada, pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, e o responsável do Núcleo de Coordenação do Plano de Vacinação contra a covid-19, coronel Carlos Penha Gonçalves, numa conferência de imprensa em que foi feito o balanço da campanha de vacinação contra a gripe e contra a covid-19. 

Há uma meta, no entanto, de inocular toda a população elegível – 1,5 milhões de pessoas das mais de 2,3 milhões que têm idade igual ou superior a 65 anos em Portugal – com a dose de reforço até 19 de Dezembro, segundo fez questão de frisar a directora-geral de Saúde, Graça Freitas. Segundo disse ontem o primeiro-ministro, apenas 32% das pessoas têm actualmente a dose de reforço.

Especialistas destacam também a importância de acelerar a toma de reforço da vacina anticovid em Portugal, enquanto os casos de doença crescem nos países europeus que têm uma menor taxa de vacinação.

O Governo vai ouvir novamente os peritos sobre a situação epidemiológica em Portugal na sexta-feira. A reunião no Infarmed foi convocada numa altura em que Portugal regista um crescimento da incidência e da transmissão da covid-19 . Em causa está se deve ou não existir um regresso às restrições que já tiveram lugar em Portugal no contexto pandémico, num momento em que o país tem já uma taxa de vacinação contra a covid-19 superior a 86% .

O Presidente da República, por exemplo, defendeu claramente que deve ser reposto o uso obrigatório de máscara na rua (“Isso, claro, isso é evidente”), mas remeteu a decisão sobre as medidas a adoptar para conter a propagação covid-19 para depois da reunião no Infarmed. A aceleração na vacinação com doses de reforço da vacina contra a covid-19 das populações mais vulneráveis, como é o caso dos maiores de 65 anos, é “um passo fundamental”.

“A vacinação destes grupos tem de ser rápida e as pessoas devem aderir fortemente a esta vacinação para ficarem protegidas das formas graves da doença. Em simultâneo, é preciso reduzir a transmissão”, frisou, por seu turno, Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde do Norte, na SIC Notícias.

“Na última reunião no Infarmed, já se estabelecia a receita para o que fazer em caso de agravamento. Há uma série de medidas, como o uso da máscara em espaços fechados, a promoção do teletrabalho e não necessariamente a obrigatoriedade, a ventilação dos espaços e eventualmente voltar a definir lotações para os espaços são alguns exemplos”, explicou ao PÚBLICO um outro especialista.

“Não ignorar os sinais”

Ainda esta terça-feira, o primeiro-ministro, António Costa, disse que “não é previsível que se tenham de tomar outra vez medidas com a dimensão” que já tiveram “no passado”, graças à vacinação contra a covid-19, mas que não se podem “ignorar os sinais”. “Quanto mais tarde actuarmos, maiores serão os riscos”, concluiu, acrescentando que é preciso avaliar quais são “as medidas adequadas e estritamente necessárias”.

Tiago Correia, professor de Saúde Internacional e investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT), vê como certa a imposição de medidas restritivas. “Se deve acontecer? Tenho dúvidas”, questiona. O especialista defende, por isso, que actualmente não se deve olhar tanto para a incidência que tem vindo a aumentar, mas antes para o reflexo desse aumento na gravidade da doença e a subsequente pressão nos cuidados de saúde.

Para Manuel Carmo Gomes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), é necessária uma “avaliação multissectorial da sociedade portuguesa” para determinar a necessidade de recuar nas medidas de contenção dos contágios. O epidemiologista começa por lembrar que a linha vermelha de 255 camas ocupadas em unidades de cuidados intensivos não pode ser atingida.

O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, por seu lado, defende que “a situação do ponto de vista epidemiológico está a agravar-se”, mas não tem tido um “impacto ainda muito significativo” na procura de cuidados de saúde e na mortalidade. “Penso que é prematuro estar a pensar já em medidas restritivas quando ainda temos muito que podemos fazer”, afirma Ricardo Mexia. com Filipa Almeida Mendes e Daniela Carmo

Fonte: Publico.pt

 

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