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Casos a subir na Europa. Morre-se mais onde a vacinação é mais baixa

19-11-2021 - Susana Salvador

É no leste, onde a taxa de vacinação é menor, que há mais infeções e mortes, mas o resto do continente não escapa à nova vaga.

No início de novembro a Organização Mundial da Saúde (OMS) avisou que a Europa está de novo no "epicentro" da pandemia de covid-19. No final da semana passada, soube-se que tinha havido um recorde de quase dois milhões de casos registados nos últimos sete dias, além de quase 27 mil mortes (mais de metade do valor registado em todo o mundo).

Mas o continente não é todo igual e a culpa é das vacinas, com o número de casos, mas principalmente hospitalizações e mortes, a ser mais elevado nos países onde a vacinação é menor. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, lembrou que "as vacinas reduzem o risco de hospitalização, doença grave e morte, mas não previnem totalmente a transmissão". E mesmo nos países onde a vacinação é elevada, os casos estão a subir.

"Preocupação muito alta"

Segundo o boletim de sexta-feira do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (que além dos 27 membros da União Europeia fornece dados de Islândia, Liechtenstein e Noruega), no final da semana 44 da pandemia (que terminou a 7 de novembro), havia dez países considerados de "preocupação muito alta" na região. Era o caso da Bélgica, Bulgária, Croácia, Eslovénia, Estónia, Grécia, Hungria, Países Baixos, Polónia e República Checa.

A Bulgária, por exemplo, tem a taxa de vacinação mais baixa da Europa, com apenas 23,3% da população totalmente vacinada. O problema não tem sido a falta de doses disponível, mas a desconfiança da população, não tendo ajudado o facto de o país ter realizado as terceiras eleições legislativas do ano neste domingo, tendo tido até agora um governo interino. O pico diário de novos casos parece ter sido atingido no dia 1 de novembro (6007), mantendo-se com uma média de 474 casos por cada milhão de habitantes nos últimos sete dias. A média de mortes é de 24,75 por milhão de habitantes, com um pico de 334 óbitos por covid-19 registados a 8 de novembro. Nos hospitais, há mais de oito mil pacientes com covid-19, com 700 nos cuidados intensivos, tendo Sófia ativado na semana passada o mecanismo europeu de proteção civil, pedindo medicamentos e dispositivos médicos como ventiladores, camas de cuidados intensivos e máscaras de oxigénio.

Há três semanas, quando o número de casos começou a aumentar, a Bélgica reintroduziu restrições, exigindo o passaporte de vacinação para entrar em bares, restaurantes ou ginásios. Mas com 85% dos adultos belgas vacinados, a diferença em relação à Bulgária encontra-se ao nível das mortes (apesar de nos hospitais já se ter cruzado o patamar dos 500 doentes nos cuidados intensivos): 2,65 mortes por um milhão de habitantes nos últimos sete dias.

Os Países Baixos, onde 84% dos adultos estão totalmente vacinados, continuam a bater recordes diários de novos casos (19 5274 no dia de ontem), esperando em breve ultrapassar o valor de 2800 pessoas internadas nos hospitais, que tinha sido registado no inverno passado. A maioria dos que estão no hospital não foram vacinados. A média de mortes por um milhão de habitantes é de 1,45. O país começou no sábado um confinamento de três semanas, durante o qual os restaurantes e lojas não essenciais têm de fechar mais cedo.

"Preocupação alta"

Outros 13 países estavam na lista de "preocupação alta" do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças: Alemanha, Áustria, Dinamarca, Eslováquia, Finlândia, Irlanda, Islândia, Letónia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Noruega e Roménia.

Na Alemanha, foram registados pela primeira vez mais de 300 novos casos por 100 mil habitantes numa semana, com os partidos que estão a negociar a futura coligação de governo a estudar a obrigatoriedade das vacinas para determinados trabalhadores. A ainda chanceler Angela Merkel continua a apelar aos alemães para serem vacinados, falando de "semanas difíceis" - só 67,5% da população alemã tem a vacinação completa, havendo muitos negacionistas. O número de pessoas nos cuidados intensivos está a subir, assim como as mortes, especialmente em regiões onde a taxa de vacinação é menor. Alguns estados já reintroduziram restrições, numa espécie de "confinamento para os não vacinados".

Na Áustria, onde um terço da população não está inoculada, o chanceler Alexander Schallenberg diz que os não vacinados podem esperar um Natal "desconfortável" - só podem sair de casa para trabalhar ou comprar comida - deixando claro que não é justo que "dois terços da população tenham de perder as suas liberdades por causa da hesitação do outro terço".

Também a Dinamarca, que tinha sido dos primeiros países europeus a levantar todas as restrições, voltou a reintroduzir a obrigatoriedade do passaporte covid para entrar em muitos espaços fechados e eventos, e as máscaras devem também voltar. No país, 75,9% da população está vacinada (86% acima dos 12 anos), mas os números de casos estão a subir, assim como das hospitalizações.

"Preocupação moderada"

Portugal é um dos três países que, junto com Chipre e França, surge no nível de "preocupação moderada". Na semana passada, as autoridades francesas reconheceram estar na "quinta vaga" da pandemia, com os casos a aumentar todas as semanas desde meados de outubro - a taxa de infeção está perto dos 100 por 100 mil habitantes. Entre as medidas aprovadas no país que tem 75% da população vacinada está o regresso das máscaras para os alunos, com o presidente Emmanuel Macron a anunciar a terceira dose da vacina aos maiores de 65 anos.

No Chipre, onde 80% dos adultos estão totalmente vacinados, a terceira dose já foi alargada aos maiores de 18 anos, tentando assim evitar que os novos casos números continuem a subir.

"Preocupação baixa"

Espanha, Itália, Malta e Suécia são países no nível de "preocupação baixa". Mas neste último país, o número de testes feitos tem vindo a cair, com as pessoas vacinadas que têm sintomas a não precisar já de ser testadas - o que tem gerado críticas em plena nova vaga no resto da Europa, tal como no passado a decisão de não confinar mas confiar nas medidas voluntárias de distanciamento. O número de internamentos tem vindo a subir, mas ainda é dos mais baixos per capita na União Europeia.

Em Espanha, os novos casos também começam a subir, mas a incidência acumulada é de 82 casos por 100 mil habitantes, com alguns governos autónomos a começar a olhar para o que se passa na Europa e a estudar isolar aqueles que não estão vacinados - apenas 11% da população elegível -, exigindo o passaporte covid para aceder a determinados espaços. Na Catalunha, onde os números de novos casos estão aos níveis de julho e agosto, 70% das pessoas internadas não estão vacinadas.

No geral, o prognóstico do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças não é animador, prevendo-se que a situação ainda vá piorar. "Comparado com a atual semana [isto é, a 44], tendência crescente nos casos, tendência crescente nas admissões hospitalares, tendência crescente nas admissões nos cuidados intensivos e tendência crescente nas mortes estão previstas até ao final da semana 46", que na prática é a atual, lia-se no relatório.

Fonte: DN.pt

 

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