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Ex-gestor não se lembra do porquê de transferência de 1,5 milhões para Salgado

09-07-2021 - Daniel Costa

O ex-gestor da fortuna de Helder Bataglia na Suíça diz não se lembrar do porquê do empresário ter mandado transferir 1,5 milhões de euros para uma sociedade de Ricardo Salgado.

O julgamento do ex-banqueiro  Ricardo Salgado  arrancou esta terça-feira, em Lisboa, sem a presença do mesmo. A primeira sessão ficou marcada pela reticência de  Francisco Machado da Cruz  em responder, por receio de ser incriminado, e por  Michel Canals  ter alegado que não se lembrava de mandar transferir 1,5 milhões de euros para Ricardo Salgado.

Machado da Cruz, antigo contabilista da Espírito Santo International, mostrou-se  reticente a testemunhar , levando a um atraso de meia hora no início da sessão. O arguido referiu que tinha  receio de poder vir a ser incriminado , uma vez que já foi acusado no processo do universo do Grupo Espírito Santo (GES).

No entanto, acabou por responder às perguntas, após ser avisado de que a justificação para a recusa poderia ser, mais tarde, avaliada judicialmente.

“Fui acusado no processo do universo GES,  para surpresa minha , em 36 crimes. Tudo o que disse no inquérito do universo GES foi a verdade e só a verdade. Sempre colaborei com a justiça, a comissão parlamentar de inquérito, a CMVM… Só o facto de conhecer Ricardo Salgado ou qualquer atividade do GES pode ser utilizado pelo MP para me incriminar de novo.  Já me chegam 36 crimes, não preciso de nenhum novo” , disse Machado da Cruz.

Sobre a sua ligação a Hélder Bataglia, o ex-contabilista diz que o conheceu entre 1993 e 1994. Terá sido sido convidado para trabalhar na empresa AMDL, em Angola, entre 2000 e 2001, chegando ambos a viver juntos em Luanda durante “poucos meses”.

Depois disto, Machado da Cruz terá ido trabalhar para a Suíça, para outra empresa do universo GES, e  não voltou a ter “contactos próximos” com Bataglia.

Por sua vez, segundo o Jornal de Notícias , o ex-gestor da fortuna de Helder Bataglia na Suíça,  Michel Canals , diz  não se lembrar do porquê  do empresário luso-angolano ter, há uma década, mandado transferir 1,5 milhões de euros para uma sociedade, sediada no Panamá, controlada pelo ex-banqueiro.

Confrontado com um documento, enviado para a gestora de património Akoya, a solicitar a transferência de 1,5 milhões de euros a favor da Savoices, assinado por Helder Bataglia, o ex-gestor disse  só ter visto esse documento antes da audição  e que não havia nenhuma assinatura ou carimbo em seu nome — sendo incapaz de recordar a razão para a transferência.

“Não consigo ver a justificação no documento.  Com certeza falou-se verbalmente desta justificação, mas não me lembro especificamente qual foi”, afirmou.

Ricardo Salgado ausente

O advogado de Ricardo Salgado manteve o silêncio sobre a eventual presença do ex-banqueiro no julgamento que começou esta terça-feira.

“Não vamos transmitir aqui, a vocês, as nossas questões processuais.  É por respeito pelo tribunal. O Dr. Ricardo Salgado tem muito respeito pela justiça e pelo tribunal. Já explicámos ao tribunal as razões, tem suporte legal, foi autorizado pelo tribunal e mais não poderei dizer sobre o assunto”, afirmou o advogado Francisco Proença de Carvalho quando questionado por jornalistas sobre a ausência do seu cliente.

Os advogados de defesa já tinham avançado que Ricardo Salgado não deveria estar presente na primeira sessão devido à sua idade, 77 anos, e ao risco que corria perante a pandemia de covid-19.

No entanto, o advogado  Adriano Squilacce  disse posteriormente que a ausência de Salgado durante a audição das testemunhas poderia conduzir a nulidades e irregularidades, mas admitindo que tal opção estava justificada pela lei em tempo de pandemia.

“Tudo o que dissemos na sessão anterior e no processo fica no processo, o tribunal tomará as decisões e, como sempre disse, cada vez que não concordemos com alguma coisa agiremos nos termos legais”, acrescentou Francisco Proença de Carvalho.

Sobre Ricardo Salgado ter de estar presente na última sessão, Francisco Proença de Carvalho voltou a preferir o silêncio:  “Não vou dizer mais nada sobre isso”.

“É a lei que dá esse direito a Ricardo Salgado e a todas as pessoas que estejam nas condições dele. Não fomos nós que inventámos a lei. Todos nós sabemos a situação em que o país está. O Tribunal considerou válidos os nossos argumentos e não faremos mais do que respeitar a lei”, acrescentou.

Fonte: ZAP / Lusa

 

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