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Patrões “não podem ter a pretensão de ter baixos salários como saída da crise”

20-11-2020 - NA

Manuel Carvalho da Silva defende que seja dada prioridade ao reforço da procura interna, com o aumento do salário mínimo para os 750 euros em 2023. E critica a ausência do Governo na proteção dos trabalhadores precários.

A dinamização da contratação coletiva e o aumento do salário mínimo nacional são dois elementos de promoção da procura interna que deverão ser uma prioridade, ao invés da “política dos baixos” promovida pelas associações patronais. Quem o defende é o ex-secretário geral da CGTP e professor universitário Manuel Carvalho da Silva, em declarações ao  ECO. E diz-se “muito chocado” com a “ladainha de certos setores de que, se se aumentar o salário mínimo umas dezenas de euros, as empresas vão à falência”.

“Ao trabalharmos para sairmos deste contexto de crise muito dura que vivemos no plano económico e no plano social, as empresas e os empresários não podem ter a pretensão de encontrarem como saída a política dos baixos salários, porque se formos por aí vamos empobrecer ainda mais o país e não há dinamização da economia”, afirma.

“Temos hoje muito portugueses, em particular jovens com qualificações, que estão desperdiçados, não lhes está a ser proposta a possibilidade de desenvolverem as aprendizagens que tiveram e contribuírem para uma melhoria da matriz de desenvolvimento”, reforça.

Num contexto de depressão do comércio internacional, “a preocupação com a procura interna deve estar no topo do leque das prioridades”, explica Carvalho da Silva. “O salário mínimo insere-se nisso, mas não só. É preciso tratar do salário mínimo e também da negociação colectiva”, prosseguiu, defendendo o aumento do salário mínimo para 750 euros até 2023.

“Isso é exequível, mesmo num cenário de luta para sairmos da crise e de necessidade de contribuir para que as empresas criem uma cultura de maior valorização do trabalho”, considera.

Carvalho da Silva critica a acção do governo relativamente aos trabalhadores precários: “Era possível ter-se impedido a situação que tivemos que foi os trabalhadores precários serem tratados como se o seu trabalho fosse de segunda ordem”.

“Em poucos dias, foram despachados dezenas e dezenas de milhares de trabalhadores para o desemprego. Isso, em parte, podia ser evitável, mas dava trabalho, obrigava a compromissos e a negociação entre as partes interessadas”, explica.

Sobre o teletrabalho, Manuel Carvalho da Silva rejeita que o cenário atual seja “definitivo”, definido por dinâmicas de atomização dos trabalhadores, que terão de ser compensadas através de contratação coletiva: “O cenário do futuro [do teletrabalho] terá de ser de mais equilíbrio e de menos unilateralidade na imposição das condições”.

 

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