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Quem são os grandes devedores “misteriosos” do Novo Banco?

18-09-2020 - Alberto Teixeira

Em Novembro de 2019, o ECO revelou que o Fundo de Resolução travou o Novo Banco na venda de alguns créditos problemáticos “high profile” devido ao baixo valor da oferta em cima da mesa. Entre eles estavam os empréstimos à Ongoing (de Nuno Vasconcellos), à Prebuild (João Gama Leão) e aos grupos Tiner e Tricos, que foram retirados à última hora da carteira “Nata 2” que acabou por ser vendida ao fundo Davidson Kempner.

Estes são alguns dos grandes devedores que foram identificados na auditoria da Deloitte, numa lista “misteriosa” a que se juntam outros créditos de grupos empresariais também eles conhecidos, como a Sogema (Bernardo Moniz da Maia) e a Promovalor (Luís Filipe Vieira).

Este domingo, o comentador Marques Mendes indignou-se com o facto de não ser conhecida a lista de devedores que provocaram prejuízos avultados no banco liderado por António Ramalho. “Quem são os caloteiros que abriram buracos brutais no Novo Banco?“, questionou o comentador no telejornal da SIC, fazendo pressão para que sejam divulgados os nomes dos devedores que foram rasurados do relatório da auditoria.

Ainda que esta lista não seja pública, há informação disponível em relação a algumas das maiores exposições problemáticas do Novo Banco, todas elas herdadas da gestão de Ricardo Salgado.

Por outro lado, também se sabe quanto é que o banco perdeu em créditos ruinosos: de acordo com a auditora, das perdas de mais de 4.000 milhões de euros registadas pelo Novo Banco entre 2014 e 2018, mais de metade (mais de 2.000 milhões de euros) tiveram origem em empréstimos ruinosos que foram concedidos no tempo do BES.

Créditos de 1.000 milhões avaliados em 20 milhões

Por exemplo, quando o Fundo de Resolução impediu a venda de vários créditos problemáticos à Davidson Kempner, justificou-se com o baixo valor que o Novo Banco tinha recebido por estes empréstimos em incumprimento. O fundo americano apenas ofereceu 20 milhões de euros por um conjunto de créditos que tinha o valor original superior a 1.000 milhões de euros: Ongoing (350 milhões mais 240 milhões em papel comercial), Prebuild (252 milhões), Grupo Tiner (169 milhões), Grupo Tricos (82 milhões) e Fundo de Investimento Tavira (nove milhões).

Na altura, o Fundo de Resolução adiantou ao ECO que, por “entender que o preço oferecido não era aquele que oferecia as melhores perspectivas de maximização do valor”, pediu ao banco “a apresentação de uma estratégia de recuperação mais condizente com o objectivo de maximização do valor” destes activos.

A Ongoing acabou por entrar em insolvência, sendo que o banco chegou a contratar detectives para apurar o património de Nuno Vasconcellos, que foi viver para o Brasil. Mas sem grande sucesso.

A Goldenpar (ex-Prebuild) viu em Março deste ano o tribunal declarar a insolvência do grupo. Gama Leão, que também foi viver para o Brasil, chegou a contar ao Expresso, que não tinha rendimentos para o tribunal penhorar: “Como se diz no Brasil, vendo o almoço para pagar o jantar”. São dois exemplos de como dificilmente o banco recuperará o dinheiro — pelo menos a sua grande parte — que emprestou (e ajuda a explicar o elevado desconto pedido pela Davidson Kempner pelo conjunto destes seis créditos).

O Novo Banco também aparece como credor de vários fundos de promoção imobiliária que foram criados pelo GES na década 2000: as exposições à Invesfundo, Invesfundo II e a Invesfundo III superavam os 140 milhões. Estas dívidas (ou parte) também estariam na carteira “Nata 2”.

Vieira, Joe Berardo José Guilherme na lista

Entretanto, o Correio da Manhã e o Jornal Económico acrescentaram recentemente outros dois nomes à lista dos devedores do Novo Banco: a Promovalor e o construtor José Guilherme.

A Promovalor, o grupo económico de Luís Filipe Vieira, provocou perdas na ordem dos 225 milhões de euros, sendo um dos maiores devedores da instituição bancária, com uma dívida de 760,3 milhões, avançou o Correio da Manhã, tendo adiantado que, no final de 2018, o Fundo de Resolução pediu ao Novo Banco a realização de uma análise independente à reestruturação da dívida à Promovalor que passou pela criação, em 2018, do fundo FIAE, que comprou ao Novo Banco créditos da Promovalor.

Em relação a José Guilherme, que ficou conhecido pela “liberalidade” de 14 milhões a Salgado, o Jornal Económico avançou que o empresário tinha uma exposição de mais de 250 milhões no final de 2018, dos quais 82 milhões foram registados como perdas nas contas do Novo Banco.

Antes, o Expresso revelou em Junho do ano passado que a exposição de Berardo ao Novo Banco era de 327,7 milhões de euros, desconhecendo-se o valor das imparidades associadas a este crédito. O empresário madeirense é visado numa acção conjunta de três bancos por dívidas a rondarem os 1.000 milhões: além do Novo Banco, também a Caixa Geral de Depósitos e BCP avançaram judicialmente contra Berardo.

Fonte: ECO online

 

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