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TAP. Sindicatos esperam manutenção de maior parte dos postos de trabalho

10-07-2020 - Andreia Martins – RTP

Na reação às últimas declarações do ministro Pedro Nuno Santos na RTP, vários sindicatos da TAP expressaram preocupação com a possível redução de postos de trabalho. Na Grande Entrevista, o ministro das Infraestruturas admitiu que será impossível garantir a continuidade de todos os empregos na companhia aérea.

Na Grande Entrevista de quarta-feira, na RTP3, o ministro Pedro Nuno Santos admitiu que não é possível “garantir todos os postos de trabalho a todos os trabalhadores” da TAP. “Estaríamos a mentir a todos nós e a enganar-nos a todos nós”, acrescentou.

“Não temos operação, nem se perspetiva que [a empresa] venha a ter nos próximos anos uma operação que justifique a dimensão que a TAP tem. Nós temos de fazer este trabalho com cuidado e respeito pelos trabalhadores", assumiu o governante.

Conscientes dos desafios que a companhia aérea enfrenta nos próximos tempos, os sindicatos esperam que qualquer mexida no número de trabalhadores aconteça de forma equilibrada. Paulo Manso, do Sindicato de Técnicos de Manutenção de Aeronaves, disse esta quinta-feira na RTP que espera “uma redução com cabeça, tronco e membros” que não afete áreas fulcrais para a TAP.

No caso concreto dos técnicos de manutenção, Paulo Manso destaca que os trabalhadores já operavam em número reduzido face à quantidade de trabalho. Por isso, estima que não haverá “grandes mexidas ao nível quantitativo” no número de técnicos.

Na sequência da entrevista em que o ministro apelou à colaboração dos sindicatos numa solução para a TAP, Paulo Manso enfatizou, em declarações ao Bom Dia Portugal, que o sindicato estará “disponível para a resolução dos problemas”.

Considera ainda que a solução encontrada para a companhia aérea foi “a melhor” tendo em conta os cenários que estavam em cima da mesa. Paulo Manso reconhece, no entanto, que será um processo difícil sobretudo para os colaboradores, que, como no passado, vão acabar por “sofrer na pele com as restruturações”.

“Vários trabalhadores têm abandonado a empresa”

No mesmo sentido, José Sousa, do Sindicato Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, assume preocupação com a situação atual dos trabalhadores, assinalando que nos últimos meses “vários trabalhadores” já abandonaram a empresa e que, desde abril, deixou de haver renovação dos contratos a termo.

Os trabalhadores que já abandonaram a empresa eram sobretudo tripulantes de cabine mas também responsáveis por funções de apoio ao cliente. Em entrevista à RTP, José Sousa destaca que, apesar das dificuldades, a força de trabalho da TAP “tem de continuar a manter-se num determinado nível”.

Assumindo que a situação atual é muito preocupante, o sindicalista acredita que a recuperação será feita em breve. “Teremos novamente mercado capaz de manter a atual estrutura da empresa”, sublinhou.

Ainda assim, admite a possibilidade de um redimensionamento ou ajustamento, nomeadamente com o “controlo da contratação a termo e das empresas de trabalho temporário”, o que irá resolver “algum excesso de mão-de-obra”.

Apesar das inquietações, José Sousa considera que a solução encontrada para a TAP veio trazer “alguma estabilidade acionista na empresa” e poderá ser o “princípio de um novo crescimento e novo desenvolvimento”.

O sindicalista considera ainda que foi uma boa opção por parte do Governo procurar uma empresa internacional para liderar o processo, elogiando o Governo por “resistir às nomeações políticas” e trazer para a companhia aérea “pessoas conhecedoras do mercado e da atividade”.

Com apoios da UE “fatura seria muito menor”

André Teives, porta-voz da plataforma de sindicatos da TAP, assume uma postura mais crítica. Em declarações à RTP, o responsável considera que o ministro não disse “a verdade toda” e que a TAP obteve um resultado operacional positivo no final de 2019, ao contrário do que foi dito em Bruxelas.

Dada a situação frágil da companhia aérea ainda antes da pandemia, a empresa não foi considerada elegível para receber ajuda estatal ao abrigo de um plano europeu que prevê regras mais flexíveis para empresas consideradas viáveis.

O responsável da plataforma de sindicatos salienta que a TAP está “na condição infeliz de ser a única companhia aérea da Europa que não vai buscar um único cêntimo criado pela União Europeia para os programas para esse mesmo efeito”.

André Teives considera que há alternativas à intervenção na TAP e que o Governo deveria recorrer ao fundo criado para ajudar as companhias aéreas de forma a reconfigurar o formato da intervenção do Estado.

O porta-voz considera que o executivo deveria procurar obter 600 milhões euros de financiamento europeu criado no âmbito da Covid-19, mais 300 milhões de ajuda pelo encerramento das fronteiras e, finalmente, 300 milhões de euros no formato atual para resgate e restruturação.

Dessa forma, a “fatura para a empresa, para os trabalhadores e até para o país seria muito menor do que aquela que irá ser”, estima.

Sobre os despedimentos, André Teives diz que a empresa tem de “encarar a realidade” e que não haverá setores mais ou menos prejudicados, e que será necessário proteger todos os trabalhadores, mesmo contratados a termo.

 

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