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Marta Temido garante que não há descontrolo em Lisboa (mas assume falhas)

03-07-2020 - Zap

Em entrevista à RTP, a ministra da Saúde garantiu que não há “descontrolo” na evolução da pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas sublinhou que se trata de uma “situação de sobressalto, que não nos deixa estar tranquilos”.

Esta quarta-feira, em entrevista à RTP, a ministra da Saúde garantiu que não existe “descontrolo” na evolução da pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas assumiu que “é uma situação de sobressalto, que não nos deixa estar tranquilos”.

Ao contrário do que tem acontecido no resto do território nacional, em Lisboa e Vale do Tejo o número de novos casos diários não tem diminuídos nos últimos dois meses, mantendo-se “ num planalto resistente“. Marta Temido assumiu “dificuldades em quebrar cadeias de transmissão” e que “há questões por responder sobre as circunstâncias que justificam esta situação” na região.

No fundo, ainda não existem explicações técnicas e consensuais capazes de explicar este desfasamento de números entre Lisboa e Vale do Tejo – nomeadamente em concelhos como Sintra, Amadora, Loures e Odivelas – e os dados significativamente mais residuais contabilizados noutros pontos do país.

“Há indícios que sugerem, até pela análise daquilo que é a evolução da pandemia em outros países, que zonas mais densamente povoadas e onde as pessoas têm elevado número de contactos têm maior risco de transmissão, geram situações mais difíceis de quebrar as cadeias de transmissão”, começou por explicar a governante.

“Estas zonas [que estão a ser mais afetadas neste momento] são tipicamente zonas desse tipo,  densamente povoadas, onde as pessoas circulam muito e onde é difícil intervir pela multiplicidade de contactos”, acrescentou.

Apesar desta situação,  Temido garantiu que não há “descontrolo”. “Para haver, teríamos de ter, e não estamos a ter, um crescimento exponencial [de casos] e reflexos em termos de sobreutilização do Serviço Nacional de Saúde. Não é isso, felizmente, que está a acontecer.”

Ainda assim, se o SNS não está sobrelotado é porque a resposta a pacientes com outras doenças foi reduzida nos concelhos mais afetados de Lisboa e Vale do Tejo. A ministra reconheceu que há “dois hospitais que têm tido maior pressão”, por funcionarem em rede e não receberem apenas doentes covid-19.

É o caso do  Amadora-Sintra e do  hospital Beatriz Ângelo. “Quando há picos de afluência, há deslocalização de doentes para outros hospitais”, disse, reconhecendo que já houve “doentes deslocados para Santarém e para o Médio Tejo, para preservar a capacidade de resposta”.

Questionada sobre o facto de Portugal ter, atualmente, um dos piores valores da Europa, a governante comparou com outros países sem, no entanto, lembrar o número de habitantes: “Se avaliarmos números, a 1 julho a Suécia tinha 784 casos novos, a Roménia 388, o Reino Unido 689, França 451, Alemanha 456”. Portugal teve menos, 313.

Acontece que a comparação do número absoluto de novos casos em cada país não permite tirar conclusões, uma vez que o número de habitantes é fator determinante para perceber a prevalência da pandemia em cada território.

Sobre uma eventual  segunda vaga no inverno, Temido reconhece: “Estamos preocupados”. “Estamos a trabalhar no reforço da capacidade laboratorial. Precisamos de ampliar significativamente a nossa capacidade de testagem, que tem sido um dos sustentáculos da nossa ação. Queremos ir mais além.”

Na entrevista, a governante adiantou que o Estado comprou mais 600 mil doses de vacinas para a gripe do que os dois milhões habituais. “A intenção é administrar mais cedo e evitar o mais possível que tenhamos convivência de infeções que nos irão dificultar o trabalho.”

A ministra da Saúde assumiu ainda que Portugal tem um problema:  faltam médicos de saúde pública. “Temos 363 médicos de saúde pública no país, no SNS. Não há mais. É claramente pouco. E a idade média são 59 anos. É uma força de trabalho envelhecida.”

Acresce ainda o facto de as equipas de saúde pública em Portugal serem “pouco multidisciplinares” e muito assentes em médicos e técnicos de saúde especializados. Para a governante, é preciso complementá-las com “matemáticos, epidemiologistas, antropólogos, sociólogos. Estamos a fazer isso com protocolos com as universidades”.

Já sobre a  aplicação de rastreamento de contactos infetados, Temido lembrou que a Comissão Nacional de Proteção de Dados “veio fazer um conjunto de recomendações que será preciso acautelar, em termos de processo legislativo e de enquadramento da aplicação”.

 

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