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Braço de ferro: Medina atira-se a Temido e ministra pede menos “má-língua”

03-07-2020 - Lusa

O braço de ferro entre Fernando Medina e o Ministério da Saúde ameaça fazer baixas. O autarca exige mudanças e a ministra pede menos “má-língua”.

Na luta contra o avanço da epidemia em 19 freguesias da Área Metropolitana de Lisboa (AML), o Ministério da Saúde não se pode deixar capturar pela “crítica fácil” e pela “má-língua”, disse Marta Temido, assumindo que o que a preocupa é quebrar as cadeias de transmissão da doença. As declarações foram feitas na cerimónia de apresentação de um manifesto com o título “Salvar o SNS – estamos do lado da solução”, que decorreu nas instalações do Infarmed.

A ministra da Saúde recusou comentar críticas do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, sobre a gestão da pandemia de covid-19 na região, mas disse  compreender a preocupação de todos no momento atual.

Em declarações à Lusa, Temido disse que não comentava a “apreciação” do autarca de que o aumento do número de infetados se deve a “más chefias”. “Compreendo a preocupação que todos temos neste momento com a necessidade de interromper cadeias de transmissão na Área Metropolitana de Lisboa, sobretudo nos concelhos que estão a ser mais afetados pela incidência da doença.”

Estamos a trabalhar nesse sentido  e temos um conjunto de medidas que foram determinadas há pouco tempo e às quais temos de dar espaço para produzirem os seus efeitos”, disse a governante.

Na segunda-feira, Medina disse, no espaço de comentário da TVI24, que o aumento do número de infetados por covid-19 na região se deve a “más chefias” e à falta de profissionais no terreno. “Ou há capacidade de conter isto rápido ou então têm de ser colocadas as pessoas certas nos sítios certos.”

Nas declarações à Lusa, a ministra lembrou que o gabinete de intervenção para a supressão da covid-19 na região de Lisboa e vale do Tejo iniciou funções em meados de junho, acrescentando que a resposta à pandemia, e designadamente a resposta epidemiológica, “ exige algum tempo ”.

“Portanto, estamos a trabalhar, estamos empenhados em ter melhores resultados, e faremos também as correções que se impuserem pela evolução da situação”, garantiu Marta Temido.

A falta de respostas dos especialistas e a falta de recursos e de coordenação  na região têm servido de pretexto para pressionar a ministra da Saúde a tomar uma decisão: ou afasta Mário Durval e restante equipa da DGS, repensa a estrutura da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), liderada por Luís Pisco, e pondera o papel de Graça Freitas; ou terá  ela própria de assumir as consequências .

De acordo com o Expresso, estas declarações surgiram depois das notícias sobre a irritação  de António Costa na última reunião do Infarmed e colocaram ainda mais pressão sobre a ministra. A rutura é evidente: Medina culpou as “más chefias” pelo descontrolo da situação, e Temido apelou a todos (incluindo o autarca) para que  contivessem a “má-língua” .

“Guerras” e “recados” dentro do PS

Rui Rio atribuiu a polémica suscitada com as declarações do autarca Fernando Medina sobre o combate à pandemia da covid-19 a “recados” e “guerras” entre a Câmara de Lisboa, o Governo e “dentro do PS”.

O líder social-democrata escusou-se a comentar o pedido de demissão feito pelo seu partido na Assembleia Municipal de Lisboa que visa o presidente da câmara da capital, Fernando Medina, referindo que  não comenta “recados” .

“Não me queria meter nisso por uma razão muito simples. O dr. Fernando Medina veio dizer, por palavras um pouco mais violentas do que as minhas, aquilo que eu já disse. Objetivamente, o combate à pandemia está a correr mal em Lisboa e Vale do Tejo. São guerras da Câmara de Lisboa com o Governo ou guerras com o PS e recados uns para os outros e isso não comento”, disse Rui Rio.

Rui Rio aproveitou para frisar que do seu ponto de vista o combate à pandemia do novo coronavírus “está a correr mal” na região de Lisboa e Vale do Tejo o que, salientou, “pode significar que pode correr mal em Portugal”. “Porque [Lisboa] é o pior sítio para correr mal. É o sítio onde vão mais pessoas e de onde saem mais pessoas. Para contaminar o país é o sítio pior de todos”, referiu.

O presidente do PSD foi ainda questionado sobre se o problema atual é de autoridade de saúde ou de responsabilidade política, tendo respondido que “no fim é sempre um  problema político ”.

“O responsável é sempre o primeiro-ministro, o anterior é a ministra, antes o secretário de Estado, a diretora-geral. No fim é sempre um problema político, mas também é preciso que haja capacidade técnica para aconselhar o poder político”, disse Rio.

Marcelo não se junta a dúvidas públicas

O Presidente da República defendeu, esta terça-feira, que a sua função é contribuir para que os esforços no combate à pandemia “sejam agregados e a atuação conjunta” para não criar “mais problemas” do que aqueles que o vírus provoca.

“Entendo que a função do Presidente da República é a de contribuir para que os esforços sejam agregados, para que a atuação seja conjunta – dentro do possível, dentro do possível – e que o que tem a dizer sobre esta matéria diz ao primeiro-ministro e ao Governo ou diz nas sessões epidemiológicas (…) É uma situação muito difícil, não pode o Presidente da República criar complicações adicionais às que o próprio vírus já suscita”, defendeu.

Questionado se as críticas à DGS de figuras políticas de destaque podem dificultar a sua atuação, respondeu: “Naturalmente que em democracia há outras personalidades, outros protagonistas, há partidos políticos, parceiros sociais, liberdade de expressão e de pensamento.  Isso tem de perguntar a cada qual “.

“O Presidente da República entende que o que os portugueses esperam dele é uma referência: dizer a verdade dos números, dizer aquilo que entende que pode ser um fator de união no combate ao vírus”, reforçou.

O chefe de Estado salientou que, por a pandemia de covid-19 constituir “uma realidade muito sensível que diz respeito à saúde e vida dos portugueses, que destrói economias e sociedades”, considera que deve ser “ muito precavido e muito cauteloso “, frisando que tal postura se aplica “a este tema”.

Questionado se teme que se esteja a perder alguma unidade política na resposta à covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa apontou as muitas incertezas à volta desta pandemia. “É imprevisível a sua duração, a sua evolução, até é imprevisível quando haverá quer medicamento quer vacinas para o vírus”, referiu.

 

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