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“Bitaites” de Costa sobre Tancos irritam magistrados (e o super-juiz fala em “lodaçal”)

03-07-2020 - Zap

“Todo este lodaçal tem de ser julgado”. É deste modo que o juiz Carlos Alexandre justifica a ida a julgamento dos 23 arguidos do processo de investigação a Tancos, incluindo o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes. Um caso que António Costa comentou de forma jocosa no programa do humorista Ricardo Araújo Pereira na SIC, o que deixou magistrados e juízes do Ministério Público indignados.

Durante a participação no programa de televisão “Isto é gozar com quem trabalha”, o primeiro-ministro falou do caso Tancos como uma “narrativa” e um “crime original"brincando que “ o crime verdadeiramente grave foi recuperar as armas“.

Estas palavras “caíram mal junto de juízes e magistrados do Ministério Público”, conforme apurou o jornal i.

Fontes anónimas ouvidas pela publicação consideram que os termos que Costa usou “não são formas de se tratar as coisas”. “ Mandar bitaites em programas humorísticos? Um julgamento de um ex-ministro e isto é encarado com esta leviandade?”, questiona uma dessas fontes não identificadas.

Esta mesma fonte nota que Costa chegou a dizer que não se devia julgar o caso na praça pública, mas que acaba por fazer “apreciações sobre o processo na praça pública”.

A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) não quiseram comentar as declarações do primeiro-ministro.

“Todo este lodaçal tem de ser investigado”

O juiz Carlos Alexandre decidiu, na semana passada, que todos os arguidos do processo devem ir a julgamento, inclusive Azeredo Lopes. O super-juiz aponta o ex-ministro da Defesa como  “essencial a toda a engrenagem” .

Carlos Alexandre é “contundente e mordaz”  na sua decisão, utilizando palavras fortes e, muitas vezes, com “laivos de ironia”, conforme destaca o  Expresso que teve acesso ao acórdão.

“Todo este lodaçal tem de ser investigado” , considera o juiz, notando que a ideia de recuperar as armas prometendo aos autores do roubo que escapariam às rédeas da Lei é uma “ visão um pouco perversa e até mesmo doentia“, mas constituiu um plano “querido e assumido” pelo ex-ministro.

O processo dá ideia de que  “vale tudo num Estado de Direito Democrático”, aponta ainda Carlos Alexandre.

“Isto é um processo-crime. Transformou-se num lodaçal”, repete também quando fala de como Azeredo Lopes reagiu ao descontentamento da ex-Procuradora-Geral da República Joana Marques Vidal sobre a actuação da Polícia Judiciária Militar no dia em que as armas foram “encontradas”, uma vez que o facto não foi reportado ao Ministério Público.

 

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