Isabel dos Santos “fintou” Justiça. Contas em Portugal só têm alguns milhares de euros
14-02-2020 - Zap
A pedido das autoridades angolanas, o juiz Carlos Alexandre ordenou o arresto das contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, bem como das empresas que estão sediadas em offshore, mas cujas contas estavam em Portugal.
O arresto foi esta terça-feira confirmado pela Procuradoria-Geral da República, estando em causa três dezenas de contas em várias instituições bancárias (Eurobic, CGD, BPI e BCP).
A ordem judicial terá partido do Supremo Tribunal de Justiça de Angola e refere-se a participações e bens no valor de dois mil milhões de euros .
Os montante totais não são ainda conhecidos, mas o Correio da Manhã avança esta quarta-feira que as contas da empresária angolana em Portugal terão apenas alguns milhares de euros e não milhões, longe do valor a que se refere o Supremo de Angola.
Foram também congeladas as contas do marido de Isabel dos Santos, Sindika Dokolo, e de Paula Oliveira, amiga da empresária que também foi constituída arguida em Angola.
A SIC Notícias apurou que o arresto afeta não apenas a empresária, mas também portugueses próximos da filha do ex-chefe de Estado de Angola, como é o caso de Mário Leite da Silva , braço direito de Isabel dos Santos em vários negócios, Jorge Brito Pereira, advogado da empresária há vários anos e a amiga e sócia Paula Oliveira.
Todos estes, frisa a estação, foram referidos na investigação do “Luanda Leaks”.
O jornal Eco recorda que este bloqueio que engloba a execução de ordens de pagamento de salários, rendas, impostos, fornecedores e honorários de advogados, poderá pôr em causa o pagamento dos empréstimos da empresária nos bancos visados.
A Efacec esclareceu esta terça-feira que não tem as contas congeladas “nem em Portugal nem qualquer outro país” e que “está a operar a todos os níveis”, sublinhando que a sociedade e os seus acionistas “são entidades distintas”.
O arresto é passível de recurso.
“Luanda Leaks”
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou em 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e de Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Isabel dos Santos, que foi constituída arguida pelo Ministério Público de Angola, por suspeita de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol, disse estar a ser vítima de um ataque político.
A empresária já refutou o que descreveu como “alegações infundadas e falsas afirmações” e anunciou que vai avançar com ações em tribunal contra o consórcio de jornalistas que divulgou a investigação Luanda Leaks, reafirmando que os investimentos que fez em Portugal tiveram uma origem lícita.
De acordo com a investigação do consórcio, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai.
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