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Um futuro brilhante para as meninas de África

01-03-2019 - Nkandu Luo

A educação fornece aos jovens as ferramentas que precisam - desde as capacidades cognitivas e sociais até à autoconfiança - para terem sucesso ao longo de suas vidas. Para muitos países africanos, incluindo o meu país natal, a Zâmbia, as populações jovens crescentes tornam particularmente urgente a oferta de educação de alta qualidade para todos. Porém, o sucesso só será possível com um forte foco nas meninas e nas mulheres.

A educação desempenha um papel central na determinação da capacidade das meninas e das mulheres de reivindicar direitos económicos, sociais e políticos e estatuto na sociedade. É por isso que é tão importante que os países coloquem a educação e o empoderamento das meninas e das mulheres no topo das suas agendas políticas.

Para a Zâmbia, essa decisão já está a dar frutos. As mulheres ocupam, actualmente, posições poderosas anteriormente dominadas por homens, incluindo a de Juíza do Supremo Tribunal de Justiça, de Chefe da Comissão da Aplicação da Legislação Contra as Drogas, de Presidente do Tribunal Constitucional, de Vice-Presidente e de Ministra das Finanças. O Presidente zambiano, Edgar Lungu, está a enfrentar o seu próprio momento de "meninas do Blair" (o Primeiro-Ministro britânico Tony Blair foi fotografado uma vez rodeado por 96 das suas 101 deputadas do Partido Trabalhista eleitas para a Câmara dos Comuns em 1997) sem o slogan paternalista.

Naturalmente, a promoção da igualdade de género não tem somente a ver com a colocação de mulheres nos níveis superiores do poder. Nem todas as pessoas querem ou podem ser um presidente executivo ou um líder político. A igualdade de género é fundamentalmente sobre a escolha: dar às mulheres a mesma amplitude de oportunidades que os homens gozam. A educação dá às meninas e às mulheres o conhecimento necessário para fazerem escolhas informadas sobre o tipo de vida que querem - para se tornarem donas de casa ou investigadoras científicas, por exemplo, ou proprietárias de uma pequena empresa ou presidente de uma empresa multinacional - e as competências de que necessitam para o atingir.

Para apoiar esse esforço, o governo da Zâmbia tem aumentado o seu investimento na construção de escolas secundárias técnicas para as meninas. Além disso, para impulsionar a qualidade da educação, tem recrutado professores, com foco nas mulheres. Até agora, 1265 professoras foram contratadas em comparação com os 744 professores.

O governo da Zâmbia também fortaleceu a sua "política de reentrada", focada em ajudar as jovens mães a regressarem à escola após o parto. Além disso, está a reforçar os seus esforços com a legislação, incluindo o Acto para a Equidade e para a Igualdade de Género e uma alteração à Constituição da Zâmbia. Um projecto de lei para reduzir a violência sexual e a violência de género estão também em fase de preparação.

O progresso da Zâmbia desafia os pressupostos exteriores sobre o que significa ser uma mulher em África. Deve servir como um modelo para os países vizinhos que visam incrementar o desenvolvimento melhorando a igualdade de género e como fonte de esperança para as meninas e as mulheres em toda a parte, dando-lhes confiança para terem grandes sonhos.

Contudo, o nosso trabalho está longe de estar terminado. Não precisamos somente de mais mulheres a desempenhar papéis decisivos em todos os níveis da sociedade; devemos também acabar com as lacunas do sucesso escolar entre, por exemplo, as meninas urbanas e as rurais.

Não obstante, o futuro parece brilhante. Por um lado, com a adopção do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável nº 4, os Estados-Membros das Nações Unidas assumiram o compromisso de "assegurar uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos" até 2030, com foco na eliminação das disparidades de género.

Por outro lado, várias personalidades importantes apoiaram iniciativas que promovem a educação - e, em particular, a educação das meninas. Nomeadamente, Meghan, a duquesa de Sussex, é actualmente uma patrona da Associação das Universidades da Commonwealth (AUC), a única organização acreditada que representa o ensino superior (mais de 500 universidades) ao longo de mais de 50 países da Commonwealth. Entre as áreas-chave do trabalho da ACU encontra-se a equidade de género.

Esta é um enquadramento óbvio para a duquesa, uma feminista com voz, que tem utilizado a sua plataforma para promover o empoderamento das mulheres jovens, inclusive através da educação. Por exemplo, num discurso que fez para um grupo de estudantes da Universidade do Pacífico Sul em Fiji, em Outubro passado, declarou, "Deve ser dada a todos a oportunidade de receber a educação que querem, contudo, mais importante, a educação que têm direito a receber". Seguidamente, destacou a importância deste objectivo para "as mulheres e as meninas nos países em desenvolvimento."

A duquesa trabalhou anteriormente com organizações como a One World Vision e tem sido uma embaixadora da ONU Mulheres. Talvez o mais importante, ela tem a qualidade de estrela que capta a atenção dos jovens. Com a sua história pessoal convincente - em que encontrou o seu próprio sucesso, viveu os seus valores e desafiou as expectativas - ela é a personificação da mulher moderna e uma fonte de inspiração para as meninas e as mulheres em toda a África.

A defesa de personalidades como a duquesa de Sussex, juntamente com um forte compromisso dos governos e das ONG, sugere que o futuro das nossas meninas é brilhante. Actualmente, mais do que nunca, as mulheres africanas podem ambicionar vidas que escolheram para elas próprias.


NKANDU LUO

Nkandu Luo é Ministro do Ensino Superior do Governo da Zâmbia.

 

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