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O regresso dos socialistas espanhóis pela porta grande

08-06-2018 - Página/12

Líder do Partido Socialista Operário da Espanha (PSOE), Pedro Sánchez ressurgiu das cinzas da vida política para liderar o pedido de moção de censura que levou à destituição do já ex-presidente Mariano Rajoy, e que levou ele mesmo a ser o novo mandatário do país ibérico.

Líder do Partido Socialista Operário da Espanha (PSOE), Pedro Sánchez ressurgiu das cinzas da vida política para liderar o pedido de moção de censura que levou à destituição do já ex-presidente Mariano Rajoy, e que levou ele mesmo a ser o novo mandatário do país ibérico.

“Sua solidão, senhor Rajoy, constitui o epitáfio de um tempo político, o seu tempo político, que já se terminou”, sentenciou Sánchez, em seu discurso na Câmara dos Deputados, na quinta-feira (31/5). “Rajoy já é parte do passado, e este país está a ponto de virar essa página. A Espanha quer olhar para o futuro sem medo”, agregou.

Derrotado nas últimas duas eleições e inclusive expulso da liderança do seu próprio partido, o socialista agora retorna pela porta grande, depois de uma aposta arriscada, mas que permitiu a ele alcançar finalmente o poder.

Ao encabeçar uma onda de indignação pela condenação judicial ao Partido Popular (PP, a direita conservadora franquista) de Rajoy num caso de corrupção, este ex-professor de economia de 46 anos viu recompensada sua obstinação por conseguir todos os apoios necessários para aprovar uma moção de censura contra o líder conservador.

“A sorte lhe deu a chance de ter um papel central e ele a aproveitou”, analisou Fernando Vallespín, cientista político da Universidade Autônoma de Madrid, que considera Sánchez a aposta de Sánchez em liderar a moção “não só arriscada como também um pouco desesperada, mas que finalmente deu certo”.

Ademais, uma jogada decidida em momentos em que o PSOE se encontrava um pouco distanciado da primeira linha da discussão política, ocupada pelo PP, pelos liberais do partido Cidadãos (a chamada “nova direita moderna”) e pelo Podemos (a nova esquerda nascida do Movimento dos Indignados). “É um político audaz e não excessivamente reflexivo, que pensa mais em medidas a curto prazo”, agregou Vallespín.

Com somente 84 cadeiras das 350 da Câmara baixa, o PSOL de Sánchez – que não é deputado – foi obrigado a compactuar com o Podemos, com os independentistas catalães e os nacionalistas bascos para aprovar a moção de censura que derrubou Rajoy do poder. Entretanto, essa aliança circunstancial, que os meios locais e o PP chamaram de “coalizão Frankenstein”, poderia se mostrar muito instável, o que tornaria curta a passagem de Sánchez pelo Palácio da Moncloa.

“O líder socialista pretende adotar medidas sociais rapidamente, para impulsar a popularidade do PSOE, para chegar fortalecido às eleições antecipadas, que indicam o favoritismo do partido Cidadãos”, indicou Antonio Barroso, analista da consultora Teneo Intelligence.

Em sua intervenção, no debate da moção de censura, Sánchez se comprometeu a presidir um governo que seria socialista, paritário, europeísta, defensor da estabilidade orçamentária e econômica. O socialista assegurou também trabalhará para garantir a estabilidade institucional, econômica, social e territorial, e que impulsará o consenso necessário para convocar eleições, embora ainda não tenha apontado uma data.

Nascido no dia 29 de fevereiro de 1972, em Madrid, Pedro Sánchez cresceu em uma família acomodada, de pai empresário e mãe funcionária pública. Estudou economia ao mesmo tempo em que dedicava horas ao basquete. Desenvolveu seus estudos econômicos em Madrid e depois em Bruxelas. Segundo seus companheiros de universidade, era amante da política desde jovem. Foi conselheiro municipal (cargo similar ao de vereador) em Madrid de 2004 até 2009, quando se tornou deputado e sua carreira decolou. Em 2014, assumiu a liderança de um PSOE debilitado após as marchas dos Indignados, que fez muitos votos da esquerda migrarem para o novo partido Podemos.

Em dezembro 2015, Sánchez perdeu as eleições para Mariano Rajoy, mas tentou formar governo com o apoio dos partidos emergentes, Podemos e Cidadãos, mas a iniciativa não prosperou. Na repetição daquelas eleições, em junho de 2016, o PSOE registrou sua pior votação desde o retornou da democracia à Espanha (em 1977, após o fim do regime ditatorial franquista). O resultado levou Sánchez a ser defenestrado da liderança do partido, após uma rebelião interna que o culpou pelo fracasso eleitoral. Em maio de 2017, contudo, deu a volta por cima e voltou a encabeçar a legenda, com o apoio de outros setores do partido que se uniram em seu favor.

Apesar de ter apoiado Rajoy no enfrentamento da iniciativa independentista da Catalunha, Pedro Sánchez será recordado por liderar a derrubada de um chefe de governo do PP, e não um qualquer, senão aquele que conseguiu sobreviver a numerosas crises, mas não a esta última.

 

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