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A extrema-direita em Inglaterra lidera estudo de intenções de Voto para as Europeias

01-05-2014 - Marcelo Justo

O anti-europeísta, homofóbico e racista UKIP tem hoje uma intenção de voto de 31%, 3 pontos acima dos trabalhistas e 12 pontos acima dos conservadores.

No Reino Unido, a banana que jogaram no lateral do Barcelona, Daniel Alves, na partida entre o Villarreal e o Barcelona no domingo, bem poderia ter sido lançada por um dos candidatos do partido que lidera o estudo para as eleições europeias de 22 de Maio. O anti-europeísta, homofóbico e racista UKIP (UK Independence Party) tem hoje uma intenção de voto de 31%, três pontos acima dos trabalhistas e doze pontos acima dos conservadores.

William Henwood, candidato do partido a conselheiro do norte de Londres, produziu a última jóia do UKIP ao dizer que se o humorista negro britânico Lenny Henry “quer encher este país de negros, seria melhor que fosse viver para um país de negros”, fazendo referência ao fato de que o actor se queixou da escassa representação que as minorias têm na indústria televisiva britânica.

O UKIP parece que se alimenta desse tipo de manifestação tanto a nível individual como na política partidária oficial. Na semana passada, o partido lançou uma campanha, no contexto da disputa eleitoral europeia, com uma mensagem apocalíptica: “26 milhões de europeus procuram trabalho. Que empregos acha que estão procurando?”. Para não ficar dúvida sobre a resposta um dedo gigantesco apontava para o destinatário da mensagem: o eleitorado britânico. Alguns dias antes, ganharam repercussão os posts no Twitter de um de seus membros, Andre Lampitt, que não fez rodeios quanto ao suposto inimigo responsável pelos males que atingem os britânicos. “Os muçulmanos são animais, a sua fé é asquerosa e o profeta é um pedófilo”, disse Lampitt.

Essas ofensas provocaram condenações dos políticos dos principais partidos e uma onda de hashtags no Twitter, mas não modificaram em nada a intenção de voto dos britânicos. Um estudo divulgada domingo pelo Sunday Times deu cómodos 31% para o UKIP, seguido pela oposição trabalhista com 28% e, em terceiro lugar, o principal partido da coligação governamental, os conservadores, com 19%, enquanto seus aliados no governo, os social-democratas, ficaram num triste quarto lugar com 9%.

Em entrevista ao The Guardian, o líder do UKIP, Nigek Farage, disse que, em quatro semanas, o seu partido “produziria a revolução máxima da história política britânica” e justificou a linha partidária com temas de imigração. No ano passado, o UKIP publicou um panfleto advertindo que no dia 1º de Janeiro, quando Bulgária e Roménia se converteram em membros plenos da União Europeia, “se abririam as portas para 29 milhões de búlgaros e romenos”. Dado que a população total de ambos os países é, na verdade, de 27 milhões, e que ainda há pessoas hoje caminhando pelas ruas de Sófia e Bucareste, o Guardian perguntou se ele se arrependia por essa previsão. “Nem um pouco. Por duas razões. Primeiro porque não sabemos ainda os números reais. Segundo porque houve 28 mil prisões de romenos nos últimos cinco anos. Não queremos que essa gente venha viver no Reino Unido”, disse Farage.

A mensagem ignora todo apelo à lógica e aos factos, supostas características dos britânicos, mas tem um êxito fenomenal. O UKIP obteve 2,3% nas eleições nacionais de 2005, 16,5% nas europeias de 2009 e 22% nas eleições municipais do ano passado. Se for confirmada a tendência actual, seria a primeira vez em mais de um século que o vencedor de uma eleição britânica não seria conservador nem trabalhista.

Um professor de política da Universidade de Nottingham, no norte da Inglaterra, Matthew Goddwin, sugere que a diferença pode ser ainda maior e terá profundas consequências na política britânica. “Nas pesquisas estamos vendo o mesmo fenómeno que vimos nas eleições de 2009, quando o UKIP teve um grande crescimento nas últimas semanas. Uma lição destes últimos anos é que condenar e ridicularizar o UKIP não serviu de nada. Se terminarem em segundo nestas eleições, o primeiro-ministro David Cameron estará com um sério problema. Se terminarem em primeiro será um golpe para toda a classe política, incluindo os trabalhistas”, resumiu Goodwin.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

 

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