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Passos não fica a "rondar". Montenegro pensa. Santana pondera

06-10-2017 - Paula Sá e Susete Francisco com Paulo Baldaia

Conselho Nacional reúne na segunda para marcar data das eleições. Rui Rio deve apresentar já na próxima semana a candidatura.

A liderança do PSD poderá vir a ser disputada entre Rui Rio, que deverá anunciar a sua candidatura na próxima semana, Luís Montenegro e, talvez, Santana Lopes. O DN sabe que o ex-líder parlamentar do PSD está a ser fortemente pressionado para avançar, mas só partir do momento em ouviu Passos Coelho dizer que sai de cena e não fica a "rondar" é que começou a considerar mesmo entrar na corrida. Já o ex-primeiro-ministro admitiu ontem na SiC: "Estou a ponderar, obviamente".

Ao Conselho Nacional do partido, onde foi recebido ontem com uma ovação, Passos garantiu que não fará sombra ao futuro líder. O presidente do PSD diz que a sua saída não significa que se "vá calar para sempre", mas garantiu que não vai "andar a rondar nem a assombrar coisa nenhuma". Assegurou "lealdade" à futura liderança, qualquer que seja, e admitiu que as eleições no partido venham a ser antecipadas já para dezembro (pelo calendário previsto até agora seriam em janeiro ou fevereiro). Da reunião de ontem saiu já a marcação de um novo Conselho Nacional, na próxima segunda-feira, para agendar a data das eleições diretas e do congresso do partido.

Num discurso de cerca de 25 minutos, Passos justificou a decisão de não se recandidatar à liderança do PSD com a necessidade de "libertar o partido para uma escolha diferente". "Os resultados autárquicos indicam que temos de encontrar um caminho diferente para o futuro. A nossa ação política precisa de ser ambiciosa, o país precisa dela e creio que não estou em condições de oferecer essa perspetiva ao PSD", afirmou, acrescentando que, se ficasse, passaria a maior parte do tempo a combater a acusação de estar agarrado ao cargo.

"Ficar seria oferecer, com facilidade, a caricatura de que estamos agarrados ao poder interno. Estaríamos simplesmente a resistir às coisas, em vez de estar a construir um horizonte" que pudesse dar ao partido melhores resultados no futuro, sublinhou Passos. Um cenário que deixaria o PSD "ainda mais à mercê da injustíssima acusação" de estar agarrado ao passado.

"Sinto esta decisão como lúcida, não como resultado de uma conveniência ou um desejo", disse o líder social-democrata. Passos argumentou que, se tomasse a decisão contrária, de se recandidatar, os argumentos que teria não resolveriam o problema principal."Se permanecesse vitorioso à frente do PSD, em vez de estar construir uma alternativa de governo, estaria em permanência a combater o preconceito e a ideia feita de que estava agarrado ao poder no partido, de que estava a resistir a ceder o lugar a quem tem melhores ideias e melhor estratégia para levar o partido a melhor porto", disse e sublinhou já ter dado "bastas provas" de que a sua "obstinação não é com os lugares". Passos fez referência direta a dois nomes do partido. A Hugo Soares, o líder parlamentar eleito em julho que hoje tem a primeira prova de fogo no parlamento, assumindo a intervenção dos sociais-democratas no debate quinzenal com o primeiro-ministro. E ao líder dos eurodeputados do PSD, Paulo Rangel, um "rosto importante da afirmação externa do partido" - e um nome na lista de possíveis candidatos à liderança.

Já sobre as autárquicas que acabaram por ditar a sua saída, Passos voltou a falar num resultado "pesado", que "não faculta muita margem de manobra para quem gosta de assumir responsabilidades". Mas o PSD não foi o único nem o pior, fez questão de sublinhar, já que outros foram "praticamente varridos" nas eleições - "o BE não perdeu muito porque não tinha muito para perder, o PCP perdeu muito, mas acha que há outras coisas que compensam". Já o CDS " não terá tido um resultado tão ambicioso quanto se procurou pintar" - mas "ninguém de bom senso ignoraria o resultado que o CDS teve, em particular o resultado que a líder teve em Lisboa, que está muito além daquilo que seria o resultado do CDS, pelo menos a avaliar pelo resto do país". Ou seja, Passos atribui boa parte do sucesso do CDS em Lisboa (que ficou à frente do PSD) a um "fator Cristas" e não a um crescimento dos centristas.

Montenegro fora de tempo

Um dos fervorosos da candidatura de Montenegro é Miguel Relvas, mas não era este o timing que previam para o deputado social-democrata avançar, já que todos esperavam que Pedro Passos Coelho fosse ainda a jogo nas próximas diretas do partido, mesmo que Rui Rio entrasse na corrida à liderança.

Luís Montenegro deverá comentar publicamente, e pela primeira vez, os resultados das autárquicas e o seu futuro no PSD no programa que estreia hoje na TSF "À hora do almoço", pelas 13:15, e em que participa também o socialista Carlos César. O ex-líder parlamentar falará já após o Conselho Nacional do PSD e a intervenção de Pedro Passos Coelho.

Fontes do PSD ouvidas pelo DN entendem que Montenegro não tem muitas alternativas senão avançar mesmo fora do timing que tinha previsto. "Tem de o fazer ou perde a máquina que estava com Passos", afirma uma dessas fontes. Em julho, Montenegro já tinha marcado terreno em entrevista ao Expresso, posicionando-se para a liderança pós Passos. Dizia então que sentia ter ganho "o direito de poder estar no futuro do PSD", mas recusava-se a enfrentar o líder do partido, que dizia ser o melhor candidato a primeiro-ministro às legislativas de 2019. Agora Passos deixou-lhe o caminho aberto para uma candidatura à presidência do PSD.

Rio reúne com estruturas

Quem não parou desde a noite das eleições foi Rui Rio. Além do jantar com alguns barões do partido, numa quinta em Azeitão, na segunda-feira, tem mantido contacto com outras estruturas do partido. E nos próximos dias manterá o ritmo de encontros, apurou o DN.

Isto para chegar ao anúncio da sua candidatura já com as espingardas contadas. Até porque só a partir do momento em que Passos anunciou que não se recandidata é que as distritais e as concelhias começam a definir os apoios. "Notícia era se eu não falhasse com ninguém nesta altura", disse ao DN na segunda-feira.

Morais Sarmento, que esteve com Rui Rio em Azeitão, defendeu ontem, na Rádio Renascença, que no PSD há três figuras incontornáveis quando se pensa em eleições internas: Rio, Marques Mendes, Santana Lopes. Sendo que o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa também andou em contactos partidários durante o dia. Sarmento não excluiu a hipótese da candidatura de Montenegro, mas colocou-a numa plano diferente dos outros "putativos" candidatos à liderança do partido.

Santana, num claro recado para Rui Rio, deixou uma mensagem aos que pretendem "consensos fabricados" em torno de potenciais lideres ou que se pretendem apresentar somente com apoio dos barões do partido. "Esses consensos fabricados antes de tempo, nunca gostei, nem gosto. Mesmo que alguém corra a apresentar-se com nomes de barões e baronetes, quem vota são os militantes".

Fonte: DN

 

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