Embaixadora da Índia: "Temos muito a aprender com Portugal"
13-01-2017 - Hugo Neutel
Embaixadora indiana em Lisboa considera que Portugal tem "competências de nicho" das quais a Índia precisa muito numa altura de "viragem na transformação económica do país".
Quando no verão de 2016 foi nomeada para o cargo de embaixadora em Portugal, Nandini Singla disse a um jornal indiano que uma das suas principais tarefas seria a de "levar à Índia o primeiro-ministro português, que tem origens indianas". Parece que a missão foi cumprida. Em entrevista ao DN e TSF, a diplomata diz estar muito satisfeita com o resultado da visita de António Costa e antevê um futuro brilhante para as relações luso-indianas.
Está satisfeita com os resultados da visita?
Mais do que satisfeita, estou encantada. A visita foi muito abrangente, tocou nos pontos certos, a química e entendimento entre os dois líderes foi fantástica e eles tiveram uma ronda de discussões muito produtivas em Deli. E o foco foi: como podemos desenvolver uma das relações mais antigas do mundo, que remonta a mais de 500 anos, para criar uma parceria moderna, do século XXI, que melhore as vidas dos nossos povos? E a visita fez isso.
Temos um excelente guião para a cooperação bilateral que olha para o futuro, que se foca em setores prioritários de interesse mútuo, como a construção de infraestruturas, estradas, portos, recursos marinhos, energias renováveis, tecnologias de informação e startups, inovação, ciência e investigação, turismo, hospitalidade, agricultura, e filmes - a produção de filmes indianos em Portugal, por exemplo. Por isso, foi uma visita abrangente.
O primeiro-ministro Costa foi o convidado principal na nossa conferência da diáspora e o povo indiano mostrou que tem orgulho nele e no que fez em Portugal. Ele também participou no nosso maior evento económico, a conferência Vibrant Gujarat, e teve oportunidade de ver a magnitude das oportunidades económicas na Índia, que é enorme. Portanto, para um país como Portugal, que tem competências de nicho das quais a Índia precisa, este é um momento ótimo das nossas relações.
A Índia é um país e uma economia de enorme dimensão, é gigante na comparação com Portugal em vários indicadores, como a população. O que é que a Índia tem a ganhar com uma parceria com Portugal?
Tem a ganhar muito. Na verdade, penso que é a escala enorme da Índia e a magnitude em tamanho e oportunidade que tornam Portugal especialmente relevante. A Índia está num ponto de viragem da sua transformação económica. As nossas necessidades são enormes. Precisamos de competências de vários parceiros, vários países, e Portugal tem competências exatamente nos setores que consideramos prioritários, que são aqueles que já mencionei, por exemplo, as energias renováveis, especialmente a energia solar e eólica.
No setor das infraestruturas, temos muito a aprender com Portugal, que tem algumas das melhores empresas de construção do mundo, e a construção de estradas é uma enorme prioridade para o nosso país. O turismo e a hospitalidade são outro exemplo, a Índia tem um enorme potencial, e Portugal fez um trabalho extraordinário, duplicou o número de turistas. Por isso a Índia tem muito a aprender - e tem muito a dar.
Sente-se bem-vinda em Lisboa? Está a gostar da cidade?
Sinto-me mais do que bem-vinda, sinto-me em casa. Vocês têm de se preocupar comigo, porque se calhar não quero sair de lá! [Risos] Não é apenas um país bonito, é um país com um povo bonito. Quando fui colocada em Portugal, as pessoas disseram-me que o país era quente e solarengo, mas o que descobri depois de lá estar foi que as pessoas são ainda mais quentes e luminosas, e valorizo muito isso.
Fonte: TSF
Voltar |