Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 29 de Março de 2024  
Notícias e Opnião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

A Europa oscila à esquerda e à direita

09-12-2016 - Flavio Aguiar, de Berlim

Na Áustria, Van der Bellen bateu o candidato de extrema-direita, Norbert Hoffer. Na Itália, a reforma constitucional defendida por Renzi perdeu feio.

Na primeira, o candidato de centro-esquerda, Alexander Van der Bellen, ex-dirigente do Partido Verde, bateu o candidato de extrema-direita, Norbert Hoffer, do Partido da Liberdade, na eleição para presidente do país.

Já houvera uma eleição em maio passado, quando Van der Bellen batera Hoffer por uma diferença muito pequena, cerca de 30 mil votos. Entretanto a Suprema Corte do país anulou a eleição por irregularidades no processo de apuração.

Desta vez esperava-se uma diferença muito pequena de novo, mas Van der Bellen ampliou a vantagem, vencendo por 53,3% dos votos válidos contra 46,7%, um aumento de 3% na diferença em relação a maio. Vários institutos de pesquisa de opinião davam uma pequena diferença em favor de Hoffer. Van der Bellen venceu por uma grande diferença na capital, Viena, o que foi fundamental para sua vitória.

Analistas ressaltam que Hoffer era visto como um candidato anti-União Europeia, o que pode ter prejudicado sua campanha no final, porque vários distritos do país dependem de verbas da U. E. para acertar suas contas.

O resultado põe um freio nas vantagens que a extrema-direita e a direita tinham obtendo no continente desde a votação do Brexit no Reino Unido, agora impulsionadas também pela vitória de Trump nos Estados Unidos. Assim mesmo Marine Le Pen congratulou Hoffer por sua campanha e desejou-lhe melhor sorte nas eleições legislativas.

O cargo de presidente na Áustria não é poderoso como nos países presidencialistas, mas pode ter mais importância do que, por exemplo, o seu congênere na Alemanha.

Já na Itália a reforma constitucional defendida pelo primeiro-ministro Matteo Renzi perdeu feio no referendo chamado para aprova-la ou não, por aproximadamente 60 a 40% dos votos. Em consequência, Renzi, como prometera, renunciou ao cargo. A Lega Nord, de extrema-direita e Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas, que se apresenta como anti-establishment, saudaram a derrota do referendo como um voto anti-União Europeia, além de anti-Renzi, do Partido Democrático. Renzi era visto como um político capaz de renovar a cena política italiana, tendo sido antes prefeito de Florença. Entretanto nunca foi um político popular no sul do país e foi perdendo popularidade ao não conseguir mudar os rumos da combalida economia italiana.

A reforma proposta e aprovada nas duas casas do Congresso alterava substancialmente a composição e os poderes do Senado, concentrando estes na Câmara de Deputados e por extensão no Poder Executivo que, em geral, tem maioria nela. Havia também mudança na proporcionalidade da representação entre as regiões, além de outras alterações. A votação não era fatiada, mas em bloco, um “sim” ou um “não” para todo o conjunto, o que facilitou o trabalho da oposição.

Durante esta semana haverá negociações e pressões para decidir o que fazer. Uma hipótese, defendida pelos partidos de oposição, é a convocação imediata de eleições para o Parlamento. Outra seria a indicação pelo presidente Sergio Mattarella de uma figura supra-partidária (coisa complicada na Itália…) para compor um governo-tampão até a convocando de eleições para o próximo ano. Ainda outra, mais remota, seria o presidente re-indicar Renzi como primeiro-ministro.

Apesar da direita cantar vitória, a interpretação do resultado não é tão simples assim. Mesmo entre os eleitores que preferem Renzi como primeiro-ministro, houve muita resistência à reforma constitucional, vista como demasiadamente concentradora de poderes, num país cuja Constituição, adotada em 1948, logo após a Segunda Guerra, foi elaborada para evita-la. Além do passado fascista, a Itália teve, recentemente, Silvio Berlusconi como primeiro-ministro, estreloso, autoritário, que produziu cenas de vexame internacional para o país.

A queda de Renzi e o anúncio de que François Hollande não disputará a reeleição na França isolam mais ainda Angela Merkel (que vai disputar um quarto mandato no ano que vem) na cena europeia.

 

Voltar 


Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome