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François Fillon é o candidato da direita francesa

02-12-2016 - Flavio Aguiar

Fillon é nacionalista xenófobo, patrioteiro, católico conservador e contrário ao direito das mulheres ao aborto e ao casamento de pessoas do mesmo sexo.

Ele é suficientemente de direita para disputar com Marine Le Pen no território desta: nacionalista xenófobo, patrioteiro, católico conservador e contrário ao direito das mulheres ao aborto e ao casamento de pessoas do mesmo sexo (embora tenha prometido não mexer nestas leis). No fim-de-semana definiu-se como o candidato conservador do partido Les Républicains, derrotando Alain Juppé, conservador mais moderado, nas prévias abertas, primeiras que são realizadas desta forma no partido da direita francesa.

As pesquisas de voto actuais dão a vitória a ele contra Le Pen numa possível segunda volta entre os dois no ano que vem, por uma margem de 65% a 35%. Entretanto muita água ainda vai correr debaixo desta ponte. Os socialistas ainda não definiram o que vão fazer, nem os sectores mais à esquerda. Dizem as pesquisas que estes e aqueles são cartas fora do baralho num eventual segunda volta. Mas podem ser intérpretes importantes. Por exemplo: Fillon pode vir a depender de seu voto útil para de facto derrotar Le Pen.

Ela vai tentar colar Fillon no grande capital financeiro, na globalização, no euro, na União Europeia. Vai se apresentar-se como o Trump da França, candidata dos trabalhadores franceses empobrecidos, que se sentem prejudicados pelo afluxo de imigrantes e refugiados, candidata do pequeno comércio, da “França profunda”, provinciana e retrógrada. Vai denunciar o programa de Fillon como devastador para estes sectores.

Fillon vem se apresentando - “perdão" pela comparação - como um Meirelles francês. Promete destruir 500 mil postos de trabalho no sector público, limpar o Estado, cortar programas para economizar nas despesas, favorecer o livre fluxo dos mercados como motores da economia e da criação de empregos. E critica o nacionalismo ferrenho de Le Pen, seu recorte "anti-elite” como sendo apenas “uma variação dos programas da esquerda”, que ele também promete derrotar.

Analistas da media francesa o comparam a David Cameron, e ela a Nigel Farage, o arauto do Brexit britânico, sublinhando que ele não é um “populista” como ela. Ele elogia Merkel - embora defenda a Europa como um território “de valores cristãos”, coisa que Merkel não faz. E declara que vai ganhar porque a Franca quer ir “para a direita”. Curiosamente, são partidários de Le Pen que a apresentam como superando a dicotomia entre “direita e esquerda”, e apostam que ela terá um programa mais “moderno”, também favorecendo a liberdade dos mercados, ao contrário das esquerdas.

Uma eventual vitória de Le Pen isolaria mais ainda Merkel, que está se apresentando como candidata a um quarto mandato na Alemanha - que provavelmente terá. Se aproximaria a França dos Estados Unidos de Trump no futuro é outra história, dado o protecionismo que se espera dele.

Mas numa coisa, de qualquer modo, Fillon tem razão: em conjunto a França, assim como boa parte do mundo, está indo para a direita. Com ele ou com ela, na Europa Ocidental, mais à esquerda só restariam Portugal e o Vaticano. A ver o que se passa com Matteo Renzi na Itália, que pode ter de renunciar logo no começo de dezembro, se mantiver a promessa de faze-lo caso perca o plebiscito pela reforma constitucional. A pequena Malta tem um governo trabalhista, social-democrata, numa linha próxima do Partido Socialista grego. A Suécia tem um governo social-democrata minoritário no Parlamento e que, para se manter, vem fazendo cada vez mais concessões conservadoras no que se refere à política para os imigrantes e refugiados. A Islândia aguarda as negociações depois da última eleição para saber se terá um governo de centro-direita ou de centro-esquerda. Há governos com um poucos centímetros mais å esquerda na Bulgária e na Moldávia, mas nada que provoque muito entusiasmo. A Suíça tem um governo de composição multipartidária, mas também de hegemonia mais para o lado conservador. E na Grécia o governo inicialmente de esquerda de Alexis Tsipras está prostrado diante da hegemonia conservadora que domina a União Europeia.

 

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