Charlie Hebdo põe um deus assassino na capa um ano depois do atentado
08-01-2016 - France Inter
O semanário satírico francês Charlie Hebdo lança esta quarta-feira um número especial para assinalar o primeiro aniversário do atentado jihadista que dizimou a sua equipa, com um Deus barbudo na capa, empunhando uma kalashnikov e com vestes ensanguentadas.
O desenho é acompanhado do título “Um ano depois, o assassino ainda está em fuga”.
Com uma tiragem prevista de cerca de um milhão de exemplares, dezenas de milhares dos quais serão expedidos para o estrangeiro, a edição do jornal satírico inclui um caderno com desenhos dos cartoonistas mortos há um ano – Cabu, Wolinski, Charb, Tignous, Honoré – e outras colaborações, entre os quais a ministra da Cultura francesa, Fleur Pellerin, actrizes como Isabelle Adjani, Charlotte Gainsbourg e Juliette Binoche, intelectuais como Élisabeth Badinter, Taslima Nasreen (Bangladesh), Russell Banks (Estados Unidos) e o músico Ibrahim Maalouf.
O director do jornal e cartoonista Riss, gravemente ferido a 7 de Janeiro do ano passado, assina um editorial irado em defesa da laicidade e condenando os “fanáticos embrutecidos pelo Corão” e os “beatos de outras religiões” que desejaram a morte do jornal por “ousar rir da religião”.
“As convicções dos ateus e dos leigos podem mover ainda mais montanhas que a fé dos crentes”, assevera.
Doze pessoas morreram no atentado dos jihadistas contra o semanário satírico cuja irreverência em relação a todas as religiões é uma marca assumida, depois de ter publicado caricaturas do profeta Maomé.
O jornal publicou um “número dos sobreviventes” uma semana depois do atentado, edição que vendeu 7,5 milhões de exemplares em França e em todo o mundo.
Para este número, um ano depois, o Charlie Hebdo recebeu encomendas grandes de alguns países, como a Alemanha, onde os distribuidores desejam receber 50 mil exemplares.
Antes do atentado, atravessava grandes dificuldades financeiras e vendia apenas 30 mil exemplares por semana. Actualmente, o jornal vende cerca de 100 mil exemplares em quiosques, dos quais 10 mil no estrangeiro, aos quais se juntam 183.000 assinaturas.
Dez meses após os atentados contra a redacção do Charlie Hebdo e um supermercado judaico, Paris foi alvo, a 13 de Novembro, de novos atentados jihadistas que fizeram 130 mortos, a maioria dos quais na sala de espectáculos Bataclan, onde decorria um concerto de rock.
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