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Guantanamo, persistência e derrota política

13-11-2013 - Editorial - La Jornada

Apesar do desprestígio que afecta Washington não há na classe política deste país a vontade nem o interesse em reverter a degradação moral.

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou ontem uma proposta que prevê um gasto adicional de mais de 600 bilhões de dólares na defesa nacional, e que, quando colocada em prática, limitará a transferência de prisioneiros da prisão de Guantanamo para o território norte-americano e para outros países. A lei cria um obstáculo para o fechamento definitivo do campo de concentração mantido por Washington em território cubano.

Ao abordar o tema, o presidente dessa instância legislativa, o republicano Paul Ryan, disse que os presos de Guantanamo deveriam permanecer onde estão. Tal afirmação significa uma nova negativa do Capitólio contra a Casa Branca a respeito de suas tentativas de desactivar a prisão. Tal cenário acabou levando o governo de Barack Obama a declarar que “não exclui nenhuma opção” para resolver essa luta, e que poderia inclusive actuar sem o aval do Congresso – possivelmente, mediante uma ordem executiva – para assegurar o encerramento do centro de detenção estabelecido por George W. Bush.

Independentemente do previsível choque entre a administração de Obama e a maioria republicana que controla a Câmara de Representantes, o relevante do caso é que o mandatário está por iniciar o último dos seus oito anos de governo sem poder concretizar uma das suas principais promessas de campanha, que despertou entusiasmo e respaldo de um sector importante da opinião pública nacional e internacional – o encerramento definitivo de Guantanamo –, e que isso significará, inevitavelmente, uma vergonha histórica e uma frustração para os sectores sociais e progressistas dos Estados Unidos.

Certamente, a impotência de Obama sobre esse assunto se agravou desde que a oposição republicana tomou o controle de ambas as casas legislativas, nas eleições do ano passado, mas começou a se manifestar desde os primeiros meses do seu governo, quando o mandatário contava com o apoio maioritário dos seus correligionários no Capitólio; desde então ficou evidente que o poder fáctico do complexo industrial militar era capaz de resistir às directrizes presidenciais, incluindo as de óbvia necessidade, como o fechamento do campo de concentração de Guantanamo.

Agora, quando praticamente todas as decisões presidenciais relevantes têm que passar pelo aval das maiorias republicanas, Obama enfrenta a perspectiva de colocar mais tensão no clima político com o poder Legislativo, ou assumir uma grave derrota política.

Além da circunstância paradoxal de que o presidente do país mais poderoso do mundo seja incapaz de avançar com um dos elementos centrais de sua agenda, a continuação de Guantanamo ratifica a imagem dos Estados Unidos como a de um país convencido em violar os direitos humanos e a legalidade em escala mundial.

Apesar do desprestígio que afecta Washington, como consequência dessas condutas bárbaras, anómalas e delituosas, empenhadas na guerra contra o terrorismo, não há na classe política deste país a vontade nem o interesse em reverter a degradação moral. Pelo contrário, ao tolerar e continuar as práticas abomináveis e os tratamentos desumanos cometidos em Guantanamo, o establishment norte-americano e contribui para aprofundar esse desastre.

Tradução: Victor Farinelli

 

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