Hungria decreta estado de emergência e polícia ataca refugiados
18-09-2015 - esquerda.net
O governo de extrema-direita da Hungria declarou estado de emergência em duas províncias na fronteira com a Sérvia e anunciou a construção de novo muro na fronteira com a Roménia. A polícia húngara atacou refugiados com canhões de água e gás lacrimogéneo também junto à fronteira.
Segundo as agências noticiosas, a polícia húngara usou canhões de água e disparou gás lacrimogéneo contra dezenas de refugiados na fronteira com a Sérvia. Os refugiados terão alegadamente rompido a vedação que a Hungria construiu nessa fronteira.
"A polícia está a tomar as medidas legais e proporcionais para proteger a fronteira húngara e a fronteira externa da União Europeia", disseram as autoridades húngaras.
O governo da Hungria, de extrema-direita, encerrou a fronteira com a Sérvia, introduziu um controlo apertado e uma zona de registo para os refugiados que pretendam pedir asilo. Além disso, passou a criminalizar refugiados e imigrantes.
O governo húngaro decretou também o estado de emergência em duas províncias de fronteira com a Sérvia e a polícia já prendeu, pelo menos, 174 pessoas por terem tentado ultrapassar a dupla vedação que separa os dois países.
Sérvia: “Não pararemos ninguém à força”
A nova lei de imigração húngara considera crime a entrada de pessoas sem autorização no país, com pena de prisão de até três anos e/ou até expulsão. Segundo um dos porta-vozes do governo Gyorgy Bakondi já foi aberto um processo penal contra os refugiados que não estão a respeitar essa nova legislação restritiva.
Entretanto, o governo húngaro já tinha anunciado anteriormente que os refugiados cujos pedidos de asilo fossem rejeitados seriam devolvidos à Sérvia. O governo sérvio anunciou nesta terça-feira que não aceitará o retorno dos refugiados de asilo de Budapeste. A maioria dos mais de 200 mil refugiados que as autoridades húngaras intercetaram desde o início de 2015 entrou no país a partir da Sérvia.
"Não pararemos ninguém à força no nosso território e por isso também não permitiremos que nenhum país devolva ninguém à força para o nosso território", declarou o ministro do Trabalho, Aleksandar Vulin.
Governo húngaro de extrema-direita quer novo muro na fronteira com a Roménia
Após a construção da dupla divisória na fronteira com a Sérvia, o governo húngaro de extrema direita anunciou querer construir outro muro na fronteira com a Roménia. A novidade aqui é que este novo muro é para separar a Hungria de um país da União Europeia (UE) e não uma fronteira da UE.
Zoltan Kovacs, porta-voz do governo húngaro, declarou nesta terça-feira, que a construção dos muros constituem o início de uma “nova era” para o país e afirmou. “Nós vamos parar com o fluxo de imigrantes ilegais na nossa fronteira”.
Governo de extrema-direita, filiado no PPE
As medidas contra imigrantes e refugiados que o governo húngaro está a tomar violam o direito internacional e vão contra a Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo a qual todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal e toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo noutros países.
A Hungria é um país da União Europeia. O seu primeiro-ministro, Viktor Orbán, é o líder da Fidesz (União Cívica Húngara), um partido que segue uma política de extrema-direita e fomenta o ódio contra os imigrantes.
A Fidesz, apesar de ser um partido declaradamente de extrema-direita, pertence ao Partido Popular Europeu (PPE), tal como o PSD de Passos Coelho ou a CDU de Angela Merkel.
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