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Guerras e recessão: as promessas da pax norte-americana

14-08-2015 - Emir Sader

Os países que resistem aos imperativos do capital é que estão no começo de um novo ciclo, de construção de um mundo baseado na solidariedade.

O mundo sofreu sua virada mais radical em muito tempo com a passagem da bipolaridade à hegemonia unipolar norte-americana. Poucas décadas foram suficientes para que saibamos que o fim da “guerra fria” não foi o fim das guerras mas, ao contrário, sua multiplicação, sob vorazes ofensivas imperiais norte-americanas. Civilizações inteiras foram destruídas – como as do Iraque, do Afeganistão, da Síria -, enquanto os EUA se reivindicam a responsabilidade de ser a polícia do mundo e guerras sem fim, focos de conflitos, se multiplicam
 
Mas a hegemonia imperial norte-americana e o fim do mundo bipolar tampouco levaram a que a globalização do sistema capitalista conduzisse o mundo à estabilidade e à expansão económica. Não bastasse o desempenho frágil da economia capitalista nas últimas décadas do século XX, desde 2008 o centro do sistema se encontra em profunda e prolongada crise recessiva, da que não se sabe quando poderá sair, levando à destruição do que ainda existia do sistema de bem estar social na Europa e a níveis recordes de desemprego.
 
Essa é a utopia que o sistema capitalista e imperial propõe ao mundo? Foi em nome desses cenários de guerra e de crise económica que se propõe a destruição de tudo o que se lhe opunha? Para isso foi imposto o reinado do mercado e da superioridade bélica dos EUA? É com esses objectivos que a Europa se propõe a destruir seu passado fundado nos direitos sociais? É a isso que os EUA convidam a que países participem de seus tratados de livre comércio?
 
Esse mundo miserável, fundado no poder do dinheiro e das armas, sim, que é um fim de ciclo. Os países que resistem é que estão no começo de um novo ciclo, de construção de um mundo baseado nos direitos para todos e na solidariedade.

Por tudo isso é que a lua-de-mel da hegemonia unipolar norte-americana durou pouco. Os Brics, a China, a Rússia, os governos progressistas da América Latina – são elos de um mundo economicamente multipolar e que começou a instalar uma geopolítica baseada de novo na bipolaridade mundial.
 
A recessão no centro do capitalismo pressiona a todos os países, mas o resto do mundo não entrou em recessão profunda e prolongada como acontecia no passado. Os EUA não puderam invadir a Síria e atacar militarmente o Irã. Os EUA continuam como a maior potência no mundo actual, mas já encontra limites que já não pensava ter quando triunfou na guerra fria.
 
O mundo marcado pela hegemonia imperial norte-americana é um mundo de guerras e de recessão. Faz falta que a Europa se dê conta disso e, como faz o novo candidato a líder do Partido Trabalhista britânico, de que deve deixar de seguir a política externa dos EUA para, assim, se sentir mais segura. Faz falta que outro modelo económico que não o da austeridade, seja assumido por países europeus. Os Brics apontam para outra geometria política, económica e militar no mundo. Com quem estará a Europa?
 
A América Latina já contribui a esse mundo multipolar, com o Mercosul, Unasul, Celac, com a participação directa do Brasil nos Brics e com os acordos assinados por países da região com os Brics, com a China e com a Rússia. Os EUA já não contam com seu antigo pátio traseiro. O México sangra por todos os seus poros ao pagar o preço da reiterada submissão ao vizinho do norte. A Europa retrocede, com a austeridade. O Iraque e o Afeganistão foram destruídos pela ocupação militar dos EUA.
 
O século XXI é o cenário de luta por uma nova hegemonia mundial, compartilhada, democrática, consensual, de negociações para as soluções dos conflitos, de uma economia baseada nas necessidades de todos e não nos imperativos do capital especulativo.

 

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