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Estamos com a Grécia e com a Europa

13-02-2015 - Mediapart

300 Economistas e académicos de todos os continentes apelam aos governos europeus e às instituições internacionais a que respeitem a decisão do povo grego.

Apelamos aos governos da Europa, à comissão europeia, ao Banco central europeu e ao FMI a que respeitem a decisão do povo grego de escolher uma nova via e iniciem negociações de boa-fé com o novo governo grego para resolver a questão da dívida.
 
O governo grego está certo ao afirmar que é necessária uma profunda reorientação, porque as políticas aplicadas até agora são um fiasco completo. Elas não levaram à retoma económica, nem à estabilidade financeira, nem à criação de emprego, nem sequer aos investimentos directos estrangeiros. Elas prejudicaram a sociedade grega e enfraqueceram as suas instituições. A política seguida foi pura e simplesmente nefasta, não permitiu qualquer progresso que deva ser preservado. Pedimos aos parceiros europeus que tenham em conta esta realidade, que está na origem da eleição do novo governo grego.
 
O governo grego tem razão para exigir uma anulação da sua dívida aos parceiros europeus. Esta dívida é insustentável e nunca será reembolsada, aconteça o que acontecer. Por conseguinte, não há perda económica para os outros países e para os seus contribuintes. Ao contrário, um novo começo para a Grécia permitirá relançar a actividade, aumentar os rendimentos e criar empregos e beneficiará assim os países vizinhos. Instamos os credores da Grécia a que aproveitem esta oportunidade e exponham clara e honestamente estes factos às populações. A Grécia tem necessidade de medidas humanitárias imediatas, de um salário mínimo mais elevado, da criação de empregos, de investimentos e medidas que permitam restaurar e melhorar serviços básicos como a saúde e a educação. Precisa de se dotar de um sistema fiscal mais robusto e progressivo, que assente menos no IVA e seja mais capaz de taxar os rendimentos e os patrimónios. O novo governo deve também combater, punir e erradicar a corrupção. Para levar a cabo estas políticas e dar-lhes tempo a que demonstrem eficácia, são necessárias margens orçamentais. Entretanto, o país tem necessidade de refinanciamento do Banco central europeu para estabilizar o seu sistema bancário. Pedimos às autoridades europeias e aos governos europeus a que dêem à Grécia margens orçamentais e garantam refinanciamento.
 
Por outro lado, o sucesso da Grécia pode indicar um caminho para a prosperidade e a estabilidade na Europa. Permitirá a renovação da democracia e abrirá a disputa eleitoral a outras mudanças construtivas. Estamos com a Grécia e com a Europa, pela democracia e pela mudança. Os dirigentes europeus devem reconhecer a escolha democrática fundamental feita pelo povo grego em circunstâncias extremamente difíceis, proceder à avaliação realista da situação e empenhar-se sem demora na via de uma negociação razoável. O que está em causa não é só futuro da Grécia, mas o futuro da Europa no seu conjunto. Uma política de ameaças, de ultimatos, de obstinação e de chantagens significaria aos olhos de todos o falhanço moral, político e económico do projecto europeu. Instamos os líderes europeus a que rejeitem e condenem todas as tentativas intimidação e coerção sobre o governo e o povo da Grécia.
 
Primeiros signatários:
 
Elmar Altvater (FU, Alemanha)
Philippe Askenazy (CNRS, França),
Clair Brown (University of California, Berkeley, EUA)
Dorothee Bohle (Central European University, Hungria)
Giovanni Dosi, (Pisa Institute of Economics, Itália)
Cédric Durand (Université Paris 13, França)
Gerald Epstein (UMASS, EUA)
Trevor Evans (Berlin School of Economics and Law, Alemanha)
James Galbraith (University of Texas at Austin, EUA)
Gaël Giraud (CNRS, França)
Stephany Griffith-Jones (Columbia University, EUA)
Laura Horn (Roskilde University, Dinamarca)
Robert Jessop (University of Lancaster, Reino-Unido)
Steve Keen (Kingston University, Reino-Unido)
Marc Lavoie (Ottawa University, Canadá)
Tony Lawson (Cambridge, Reino-Unido)
Dimitris Milonakis (University of Crete, Grécia)
Andreas Nölke (Goethe University Frankfurt/Main, Alemanha)
Dominique Meda (Paris Dauphine, França),
El Mouhoub Mouhoud (Paris Dauphine, França)
André Orléan (EHESS, França),
Henk Overbeek (VU University Amsterdam, Holanda)
Mario Pianta (University of Urbino, Itália)
Alfonso Palacio Vera (Computense University of Madrid, Espanha)
Anwar Shaikh (New School for Social Research, EUA)
Jacques Sapir (EHESS, França)
Robert Wade (LSE, Reino Unido)
 
O texto subscrito pelos 300 académicos foi publicado pelo  Mediapart e publicamo-lo na íntegra, traduzido para português. (no mediapart você pode conferir a lista completa dos signatários)

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