FMI criticado nos países afectados pelo ébola
27-12-2014 - N.A.
As exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) em matéria de rigor financeiro enfraqueceram os sistemas de saúde dos países africanos afectados pelo ébola. “Impediram uma resposta coordenada para lutar contra a epidemia”, afirmam investigadores.
De acordo com especialistas do Departamento de Sociologia da Universidade de Cambridge, Universidade de Oxford, e da Escola de Higiene & Medicina Tropical de Londres, os programas de reformas exigidos pelo FMI atrasaram o desenvolvimento de serviços de saúde eficazes na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.
“Os programas defendidos pelo FMI contribuíram para os problemas de falta de meios financeiros e de pessoal, e falta de preparação dos sistemas de saúde nos países mais afectados pelo ébola”, declarou o sociólogo Alexander Kentikelenis, da Universidade de Cambridge.
Os investigadores passaram em revista as políticas implementadas pelo FMI antes da epidemia, utilizando os dados fornecidos pelos programas de empréstimos financeiros acordados pela instituição entre 1990 e 2014, e analisaram os seus efeitos na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.
Neste sentido, os sistemas de saúde naqueles países terão ficado debilitados pelas exigências de reformas económicas e redução das despesas públicas e dos salários na função púbica, além da descentralização dos sistemas de saúde. “Em 2013, pouco antes do surto de ébola, os três países foram confrontados com directivas económicas do FMI, e nenhum pôde aumentar as suas despesas sociais, apesar das necessidades prementes na área da saúde”, afirmou o sociólogo Lawrence King.
O porta-voz do FMI, por sua vez, que o mandatado da organização não incluía especificamente o domínio da saúde e que era “totalmente falso” afirmar que a propagação do ébola era uma consequência da política do FMI.
Fonte: O País
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