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Ataques ao Estado Islâmico podem destruir infra-estrutura petrolífera da Síria

21-11-2014 - Maram Susli

Os Estados Unidos estão considerando bombardear os oleodutos da Síria, e dizem que isso seria uma tentativa de cortar os lucros do Estado Islâmico.

Os Estados Unidos da América estão considerando bombardear os oleodutos da Síria, e clamam que seria uma tentativa de cortar os lucros enormes que o Estado Islâmico tem feito com os campos petrolíferos.

O Independent cita Julieta Valls Noyes, a representante assistente das Relações Europeias e Euro-asiáticas que durante uma visita a Londres reportou que o EI estava facturando 2 milhões por dia com a venda de petróleo e que os EUA considerariam ataques aéreos assim como “ataques cinético contra alguns dutos” e “acção física real para bloquear o fluxo.”

O problema com essa justificação para destruir os dutos petrolíferas da Síria, é que o EI não tem a capacidade de usar esses dutos para transferir petróleo. O EI transporta o petróleo roubado na caçamba de caminhões, e vende no mercado negro para a Turquia.

Isso é admitido no mesmo artigo do Independent que cita a Sra. Noyes.

O The Independent clama:

O EI vendeu parte do combustível das facilidades apreendidas no regime de Damasco por meio de acordos locais, enquanto cargas eram enviadas pela Turquia para o mercado negro, com o governo Erdogan sendo acusado de negligenciar a existência de transacções ilícitas.

Se os EUA realmente pretendem parar os lucros petrolíferos do EI, eles bombardeariam os comboios, os quais são facilmente rastreados com voos padrões de vigilância que já estão ocorrendo como parte das operações ocidentais.

A agenda americana por trás da destruição dos dutos sírios tem pouco a ver com os lucros do EI, tem muito mais a ver com a destruição da infra-estrutura petrolífera da Síria. De fato, as estatísticas de que o EI está fazendo 2 milhões de dólares por dia com a venda do óleo bruto é uma estimativa de somente uma companhia consultora (IHS) baseada no Colorado, EUA.

A administração americana está escolhendo abordar isso como se fosse sem sombra de dúvidas. Faz muito mais sentido que a escala de lucro esteja sendo exagerada para distrair do fato de que o EI esta recebendo fundos de países activos como Turquia, Qatar e outros países do Golfo Pérsico, enquanto ao mesmo tempo fornece uma desculpa para mirar na infra-estrutura da Síria.

Mês passado os EUA geriram os ataques aéreos na Síria e no Iraque supostamente destruindo pequenas refinarias de petróleo em Raqqa.

Nenhum esforço foi feito para provar se de fato o EI foi capaz de usar as refinarias de petróleo da Síria. De fato, a mesma companhia consultora na qual os EUA citam como fonte para justificar os lucros do EI, declara que o EI está vendendo petróleo bruto não refinado.

A IHS acrescenta a ressalva de que essa estimativa foi feita antes dos ataques aéreos americanos elucidando a noção de que estes ataques tiveram efeito nos lucros do EI.

No entanto, o pro-insurgente Observatório Sírio dos Direitos Humanos baseado na Grâ-Bretanha disse que as refinarias de petróleo não eram alvos reais e não estavam sendo usadas pelo EI.

A Reuters reportou:

Essas chamadas refinarias não são um alvo real e elas não enfraquecem o EI porque não possuem nenhum valor financeiro para eles,” Rami Abdel Rahman do Observatório disse à Reuters. “Elas são compostas de caminhões com equipamentos para separar o diesel do petróleo usado pelos civis.”

Sabe-se que as duas principais refinarias da Síria estão em Homs e Banyas, longe de Raqqa. A declaração americana de que estão destruindo as refinarias do EI é vaga e provavelmente será usada de novo como justificação para destruir mais a infra-estrutura da Síria no futuro.

A destruição da infra-estrutura petrolífera da Síria também abriria a porta para empresas americanas e britânicas ganharem as licitações para reconstruí-las, pagadas em débito, pelo Estado Sírio.

Uma empresa estrangeira chefiando a produção de óleo e gás na Síria preveniria que a Síria nacionalizasse seus recursos e se tornasse um país próspero independente.

Isso resultaria na básica escravização do país enquanto mitiga a ameaça que impõem aos clientes americanos como Israel, Arábia Saudita e Turquia.

Sonhos com os Dutos

Os objectivos Americanos vão além do arrecadar lucros com o petróleo sírio. Os EUA também pretende controlar o fluxo de petróleo e sua venda para outras nações, o que é algo muito importante para se conseguir a hegemonia global. Seu objectivo também pode ter mais a ver com as reservas de gás do Irão e da Rússia do que com o petróleo sírio.

O Guardian clama:

Em 2009 … Assad se recusou a assinar um acordo proposto com o Qatar que iria construir um duto do norte do Qatar, contíguo com o terreno sul do Irão, pela Arábia Saudita, Jordania, Síria e depois pela Turquia, com o propósito de abastecer os mercados europeus – embora crucialmente sem passar pela Rússia. A análise racional de Assad foi “proteger os interesses da Rússia,” sua aliada, e que é a maior fornecedora de gás natural da Europa.

Ao invés, o ano seguinte, Assad buscou negociações para um plano alternativo de dutos de $10 bilhões com o Irão, através do Iraque para Síria, e que iria também potencialmente permitir que o Irã fornecesse gás para a Europa desde seu terreno sul compartilhado com o Catar. O memorando do Entendimento (MoU) para o projecto foi assinado em Julho de 2012 – no momento que a guerra civil na Síria estava se espalhando para Damascus e Aleppo – e mais cedo neste ano o Iraque assinou um acordo para a construção dos dutos de gás. O plano dos dutos do Irão-Iraque-Síria foi um “tapa na cara” aos planos do Catar.

O duto planejado para percorrer Irão-Iraque-Síria pela costa da Síria para dentro do Mediterrâneo com o qual Rússia tem presença, permitiria o controle Russo do fluxo de gás do Irão, mitigando a rivalidade entre os países.

O interesse do Catar em financiar a insurreição era para derrubar a Síria e instalar uma oposição maleável que iria assinar o acordo dos dutos do Catar. Turquia, Arábia Saudita e Jordânia também tiveram interesse neste plano. Isso foi útil ao objectivo americano de enfraquecer a influência Russa na Europa.

No entanto, eles também têm um plano alternativo para fazê-lo. O planejado Duto Nabbaco, percorrendo do Irã à Turquia à Europa, iria opor directamente o gás Iraniano contra o Russo. Além do mais, na ausência de uma derrubada de sucesso do governo Sírio, os EUA já determinam que destroem o que não podem controlar. Guerra perpetuada e a destruição de dutos preveniriam ou ao menos atrasariam quando acordo sobre os dutos no futuro.

Com as manchetes da media tradicional dizendo “EUA bombardeando dutos do EI” é fácil de se esquecer que os dutos e as refinarias que os EUA planejam bombardear não pertencem ao EI, mas sim ao povo Sírio.

Fonte: New Eastern Outlook

 

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