Edição online quinzenal
 
Sábado 11 de Outubro de 2025  
Notícias e Opnião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

“Se a pressão popular mudou o discurso de von der Leyen, tem de continuar até mudar a prática da UE”

12-09-2025 - Esquerda.net

A presidente da Comissão Europeia diz ser favorável à suspensão parcial do acordo de associação com Israel e sanções a alguns ministros. Catarina Martins responde que não bastam palavras mais duras e são precisas ações concretas que terminem a cumplicidade com o genocídio.

No discurso do Estado da União, Ursula von der Leyen afirmou que “o que se passa em Gaza é inaceitável” e prometeu propor a suspensão parcial do acordo de associação UE-Israel, nomeadamente na parte comercial, assumindo que “será difícil encontrar maiorias” que apoiem essa suspensão entre os governos dos 27. Também por isso, defendeu que “é hora de nos libertarmos das amarras da unanimidade e acredito que precisamos passar para a maioria qualificada em algumas áreas, por exemplo, na política externa”. Apelou ao fim da “fome provocada por ação humana” e prometeu criar um fundo para a reconstrução, além de sanções aos ministros mais extremistas de Netanyahu.

Na reação a este discurso, a eurodeputada bloquista Catarina Martins, que na véspera tinha feito uma intervenção em plenário a apelar à imposição de sanções a Israel e à proteção da flotilha humanitária, registou a mudança de discurso da presidente da Comissão Europeia, ao reconhecer agora “que alguma coisa a Europa vai ter de fazer e que os cidadãos europeus não se reconhecem nas instituições europeias”. O grupo parlamentar da Esquerda quis assinalar a "linha vermelha" da solidariedade com Gaza com os parlamentares a usarem roupa vermelha na sessão com von der Leyen

“Isto é produto da enorme pressão popular que tem existido, da ação cívica de tanta gente que não aceita o genocídio nem a cumplicidade europeia. Mas se Ursula teve palavras um pouco mais duras, ainda não fez nada de concreto”, lembrou Catarina, lamentando que o anuncio de sanções aos ministros não tivesse sido antecedido da sua execução, pois “assim está só a avisá-los para colocarem os seus bens longe” da União Europeia.

“Se a pressão popular obrigou a presidente da Comissão Europeia a mudar de discurso, ela deve continuar para obrigar as instituições europeias a mudarem a prática para que haja embargo de armas e não seja com armas e dinheiro europeu que se mantém o genocídio da Palestina”, prosseguiu a eurodeputada do Bloco.

Quanto à posição que Portugal deve assumir, Catarina defende que o país “deve estar do lado da suspensão integral e não parcial do acordo de associação com Israel, deve estar do lado da ajuda humanitária”.

O governo israelita também reagiu  de imediato ao discurso de von der Leyen, com o ministro dos Negócios Estrangeiros Gideon Sa’ar a considerá-lo “lamentável” e de repetir “a propaganda falsa do Hamas e seus parceiros”.  Na mesma linha, a presidente da delegação UE/Israel e companheira de partido de von der Leyen, Hildegard Bentele, afirmou  estar “chocada” com o discurso que considera ser uma “notícia devastadora para as reações entre a UE e Israel”.

“Precisamos que a UE tenha um plano de paz para a Ucrânia”

No discurso de von der Leyen todos notaram a ausência de referências à política de coesão europeia, a começar pela socialista húngara que preside ao Comité das Regiões. Kata Tüttó lembrou  que ainda há poucos dias a presidente da Comissão tinha afirmado que “ela pertence ao coração da UE”, mas “a proposta orçamental arranca esse coração, corta-o em 27 pedaços e entrega-os num saco às capitais” dos países.

Para Catarina Martins, von der Leyen “diz-nos que a vida dos europeus está muito má, mas não diz o que vai fazer de diferente do que fez até agora”, por exemplo quanto à crise da habitação ou o aumento dos preços da alimentação.

Mas a mensagem principal do discurso de von der Leyen foi a de que a Europa se deve preparar para a guerra, por entre anúncios de seis mil milhões de euros de apoio militar à Ucrânia pago com bens russos congelados, promessas de novas sanções a aplicar a “países terceiros” e planos para uma “parede de drones” na fronteira da UE com a Rússia e Bielorrússia. Num discurso em que os jornalistas contaram trinta referências a “luta” e “potência” e viram no fato verde-azeitona escolhido para a ocasião um sinal militarista, von der Leyen falou da necessidade de “uma nova Europa emergir” num mundo de “ambições imperiais e guerras imperiais” para “lutar pelo seu lugar num mundo em que as grandes potências são ambivalentes ou abertamente hostis à Europa”.

Catarina Martins lamentou que mais uma vez que von der Leyen não tenha trazido ”nenhum plano de paz” e apenas retórica militarista. ”Precisamos que a UE tenha um plano de paz para a Ucrania porque continuarmos a dizer que a Ucrânia está condenada a uma guerra permanente não é caminho. A Europa pode fazer muito mais também no campo da diplomacia”, defendeu a eurodeputada do Bloco.

 

Voltar 


Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome