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Guterres em Moscovo e Kiev à procura da paz. ONU “pronta para mobilizar recursos”

29-04-2022 - Lusa

Português foi criticado nas últimas semanas pela sua aparente inação na mediação da paz na Ucrânia, com alguns a apontarem que a ONU arriscava não só a irrelevância, mas a sua existência continuada.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou esta terça-feira Moscovo onde se encontrou com o Presidente russo, Vladimir Putin, e com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, no contexto da ofensiva russa em curso na Ucrânia. Numa conferência de imprensa que se seguiu à reunião, Guterres explicou que a sua visita a Moscovo consistiu numa “mensagem de paz” e que os seus objetivos estão “intrinsecamente ligados ao salvamento de vidas e à redução do sofrimento”.

O português afirmou ter tido uma discussão “muito franca” com Serguei Lavrov, tendo ficado patente a existência “clara” de “duas posições diferentes sobre o que está a acontecer na Ucrânia”. “De acordo com a Federação Russa, o que está a acontecer é uma operação militar especial com os objetivos que foram anunciados. De acordo com a ONU, em linha com a resolução aprovada pela Assembleia Geral, a invasão russa à Ucrânia é uma violação da sua integridade territorial e contraria a Carta das Nações Unidas.

O secretário-geral das Nações Unidas também afirmou que era sua “profunda convicção” que a guerra deveria terminar o mais rápido possível. Referindo-se a situações concretas no terreno, Guterres caracterizou como uma “batalha violenta” os confrontos que estão a decorrer na região do Donbass, os quais estão também a causar “tremenda morte e destruição“. Como tal, avançou que a ONU estaria disposta a mobilizar recursos e a cooperar com outras entidades no processo de evacuação de civis de Mariupol e da fábrica de Azovstal.

Já Sergei Lavrov destacou que é demasiado cedo para falar sobre mediações no conflito Ucrânia- Rússia. Ressalvou, ainda assim, que Moscovo está comprometida com uma solução diplomática por via de conversações com Kiev. Afirmando que o conflito na Ucrânia é uma “perigosa chamada de atenção para as Nações Unidas”, o alto-diplomata russo acrescentou que a Rússia precisa de lembrar o mundo da “igual soberania” de diferentes estados-membros da ONU, disse, citado pelo The Guardian.

Numa publicação na rede social Twitter a propósito destas deslocações, no sábado passado, António Guterres escreveu: “Precisamos de passos urgentes para salvar vidas, pôr fim ao sofrimento humano e trazer paz à Ucrânia”. A viagem de Guterres à Rússia acontece num momento em que o secretário-geral da ONU tem sido alvo de críticas pela sua alegada passividade em tomar medidas concretas para travar a guerra na Ucrânia.

Na semana passada, mais de 200 antigos dirigentes da ONU dirigiram uma carta a António Guterres, com um apelo para que seja mais proativo em relação a esse conflito. Os signatários alertaram que, a menos que Guterres atue de forma mais pessoal para assumir a liderança na tentativa de mediar a paz na Ucrânia, as Nações Unidas arriscam não apenas a irrelevância, mas a sua existência continuada.

A confirmação da visita a Moscovo surgiu na sexta-feira e após um pedido feito na terça-feira passada pelo próprio secretário-geral, que, através de uma carta entregue à Missão Permanente da Federação Russa junto da Organização das Nações Unidas (ONU), pediu para ser recebido por Putin.

“O secretário-geral disse que, neste momento de grande perigo e consequências, gostaria de discutir medidas urgentes para trazer a paz à Ucrânia, e o futuro do multilateralismo com base na Carta das Nações Unidas e no direito internacional”, disse, após o pedido a Moscovo e a Kiev, o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric.

O porta-voz de António Guterres observou ainda que tanto a Ucrânia, quanto a Rússia, são membros fundadores das Nações Unidas e “sempre foram fortes apoiantes desta Organização”. A ordem das visitas foi no sábado criticada por Zelensky, que considerou “ilógica” a decisão de Guterres de se deslocar a Moscovo dois dias antes de ir a Kiev. “É errado ir primeiro à Rússia e vir depois à Ucrânia. Não há justiça nem lógica nessa ordem”, afirmou.

No que respeita às operações no terreno, o presidente ucraniano também anunciou hoje, por via do seu conselheiro, Oleskiy Arestovich, que os os incêndios registados em depósitos de combustível na Rússia poderão ser o início de ataques de guerrilha, em resposta à invasão russa. Em Ussuriysk, a base militar incendiou-se, os escritórios de alistamento militar incendiaram-se, as universidades militares incendiaram-se, alguns armazéns, as casas de governadores”, disse Arestovich.

No entanto, o conselheiro de Zelensky sublinhou, numa entrevista citada pela agência de notícias ucraniana Unian, que Kiev “desconhece o que está a acontecer na Rússia”. Pelo menos 17 pessoas morreram num incêndio que ocorreu em 21 de abril num instituto de investigação das Forças Aeroespaciais russas em Tver, cidade a cerca de 200 quilómetros de Moscovo.

Um outro incêndio deflagrou na segunda-feira num grande depósito de combustível na cidade de Bryansk, perto da fronteira ucraniana, anunciaram as autoridades russas, sem especificar as razões do fogo. Segundo as agências de notícias russas citadas pela agência France Presse, “o incêndio deflagrou no depósito de combustível Transneft Bryansk-Druzhba, em Bryansk”, uma cidade localizada a 150 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, que serve como base logística à ofensiva militar de Moscovo naquele país.

Moscovo tem acusado repetidamente as forças ucranianas de realizarem ataques em solo russo, incluindo numa aldeia na região de Bryansk, em meados de abril. No início de abril, o governador da região de Belgorod, também na fronteira, alegou que helicópteros ucranianos tinham disparado num depósito de combustível.

 

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