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Por que Bush encobriu factos sobre o 11 de Setembro?

26-09-2014 - James Ridgeway

Um Comité parlamentar americano teve o acesso negado a 28 páginas de um documento que mostraria relações dos terroristas com o governo da Arábia Saudita.

No seu artigo no New Yorker, publicado no site da revista na semana passada, Lawrence Wright conta sobre como a administração Bush destruiu 28 páginas do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os ataques de 11 de Setembro, provavelmente pelo facto de que descreviam em detalhe as ligações dos sauditas com o ataque da Al Qaeda e com o financiamento das suas operações nos EUA a partir de pessoas que conheciam os sequestradores dos aviões e podem ter servido como ligação para o dinheiro saudita. Uma parte do dinheiro pode ter sido transferido pela família real através de acções de caridade.

Ao remover as 28 páginas, Bush declarou que a publicação de tal conteúdo prejudicaria operações dos serviços secretos americanos. Os sauditas negam tudo.

Na verdade, ninguém estaria falando sobre isto hoje se as famílias das vítimas e as seguradoras não estivessem processando os sauditas.

Wright relata:

“Não há nada a ver com segurança nacional,” é o que diz Walter Jones, deputado da Carolina do Norte que leu as 28 páginas. “Elas são sobre o governo Bush e sua relação com os sauditas.” Stephen Lynch, um democrata de Massachusetts, contou-me que os documentos são “chocantes pela sua clareza,” e que oferecem evidência directa da cumplicidade por parte de alguns indivíduos e entidade sauditas quanto ao ataque da Al Qaeda nos EUA. “Estas 28 páginas contam a história que foi completamente removida dos relatórios sobre o 11 de Setembro,” sustenta Lynch. Outro deputado que leu o documento declarou que as evidências do apoio do governo saudita ao ataque são “assustadoras,” e que “a verdadeira questão é se tudo isso foi sancionado pela família real ou a um nível mais baixo, e se as orientações foram ou não seguidas.” Agora, num raro exemplo de aliança bipartidária, Jones e Lynch co-patrocinam uma resolução exigindo que a administração Obama desclassifique estas páginas.

Mas há outras questões aqui, e elas envolvem a história de como a administração Bush suprimiu as provas que revelariam o quanto ela sabia dos planos de ataque — e não fez coisa alguma para impedi-los.

Um breve resumo da história:

Dois dos sequestradores do voo 77 — Khalid al-Midhhar, um saudita que lutou com a Al Qaeda na Bósnia e na Chechénia, e Nawaf al Hazmi, outro saudita com experiências militares na Bósnia, Chechénia e Afeganistão, encontraram-se numa reunião estratégica da Al-Qaeda em Kuala Lumpur em Janeiro de 2000. A CIA pediu aos serviços secretos malaios que monitorassem a reunião, sem sucesso. Os dois deixaram a reunião em dilecção ao aeroporto e tomaram um voo para Bankok dia 8 de Janeiro, e depois tomaram um voo da United Airlines de Bankok para Los Angeles, aterrando sem problemas e passando pelo serviço de imigração americano.

Nesta época, de acordo com a Comissão de Inquérito, “a CIA e a NSA tinham informações suficientes disponíveis sobre os futuros sequestradores al-Midhar e al-Hamzi para ligá-los a Osama Bin Laden, ao ataque à embaixada na África e ao ataque do destroyer USS Cole… e eles deveriam ter sido colocados dentro da lista de suspeitos do Departamento de Estado e da INS.”

Em Julho de 2001, analistas que trabalhavam por conta própria confirmaram que os dois haviam aterrado nos EUA e avisaram o FBI. O FBI alertou os seus oficiais em Nova York, mas não em Los Angeles e em San Diego. E não pensaram em avisar a FAA, a INS ou outros serviços de vigilância e controle para proibirem estes homens de entrar em aviões.

Uma vez nos EUA, os dois sequestradores passaram desapercebidos sob os narizes da CIA e do FBI, Eles foram de Los Angeles a San Diego, onde alugaram um apartamento, conseguiram um cartão da segurança social, licenças de motorista, cartões de crédito e um carro. E logo começaram com os treinos de pilotagem.

Os dois possuíam contactos com um iemenita radical, que o FBI estava vigiando e com o líder de uma comunidade saudita local, que era suspeito de ser um dos financiadores dos sequestradores.

Eles tiveram contacto com um informante do FBI que vivia na casa do iemenita. Este homem fora incumbido pelo FBI de vigiar a comunidade saudita local. “Ele estava na casa de uma de nossas fontes,” foi o que um oficial do FBI contou a James Bamford, autor do livro “Um Pretexto para a Guerra”. “Se tivéssemos tomado conhecimento disso teríamos seguido os dois e dito, ‘estes homens estão frequentando aulas de aviação'.”

A comissão de inquérito concluiu que os contactos dos informadores com os sequestradores, se tivessem sido investigados, teriam dado oportunidade ao FBI de San Diego para desvendar o plano. As tentativas da Comissão de Inquérito de entrevistar os informadores foram frustradas pelo FBI e pelo Departamento de Justiça. De acordo com o ex-senador Bob Graham, no seu livro “A inteligência Importa,” quando a Comissão pediu ao FBI todos os seus arquivos sobre os informadores, o acesso foi negado e quando foram intimados a fazê-lo, o FBI não se mexeu. Graham organizou uma reunião com o director da CIA, George Tenet, o director do FBI, Robert Mueller e o procurador geral John Ashcroft. Eles sugeriram que Graham interrogasse o informador por escrito e o informador havia conseguido um advogado bem relacionado, antigo funcionário do Departamento de Justiça. O advogado procurou conseguir imunidade para o informador antes que este testemunhasse. Graham escreveu no seu livro, “era estranho que um indivíduo que declarava não ter feito nada errado e que o FBI insistia que era uma fonte valiosa pedisse imunidade.”

O comité recusou o pedido.

Graham escreveu que o FBI “insistia que não se poderia de maneira alguma contar ao povo americano que um informador do FBI estivesse a ser relacionado com dois dos sequestradores.” O FBI opôs-se a qualquer a qualquer audiência pública, eliminou do relatório da Comissão de Inquérito todas as referências à situação. Apenas um ano depois o FBI permitiu que uma versão da história se tornasse pública.

No seu livro, Graham descreveu uma carta de um membro do FBI explicando que a entidade não tinha cooperado por causa de ordens vindas do governo. “Nós pretendíamos escrever sobre o que suspeitamos. A Casa Branca dirigiu o encobrimento da situação.

"Mais tarde, quando a comissão sobre 11 de Setembro conduziu sua própria investigação, tanto Bush quanto Cheney fizeram uma reunião com ela, privada, sem registos.”

Esta história e o novo artigo de Wright sugerem que o presidente, o vice-presidente e o comandante do FBI se envolveram em obstrução da justiça. Se isto aconteceu de facto, seria necessário um júri federal para julgar o caso. O Departamento de justiça, que gere o FBI, faria isso? Provavelmente não.

Restou que as famílias que estão processando os sauditas descubram e publiquem a verdade.

Fonte: CounterPunch

 

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