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Helena de Tróia

17-06-2016 - Eduardo Milheiro

Por causa de Helena os gregos cercaram e destruíram as muralhas de Tróia não deixando pedra sobre pedra. Aqui bem mais próximo também existe uma Tróia, onde uma população cada vez mais envelhecida tenta resistir como pode aos calhaus, também uma espécie de muralha, que a cercam.

As miseráveis ruas de pedra, históricas no dizer de alguns, nem um cento de anos têm, o conceito de histórico é aqui esticado para justificar uma coisa sem nexo, nada mais que isso, e a falta de nexo é manter no século XXI aquele bairro como se estivéssemos no século XIX, mas apenas naquilo que poderia ser mudado sem causar grande mossa e ajudar à qualidade geral do bairro.

Histórica e típica era a volumetria e arquitectura dominante no bairro, que vinha dos anos 20 do século passado mas herdeira das tradições do final do século XIX, que fazia com que aquele fosse um bairro castiço, certo é que os inteligentíssimos senhores do poder deixaram, construir tantos e tão disformes mamarrachos que a tal tipicidade e sentido histórico se perdeu por completo, hoje a Tróia mais se parece com um subúrbio, que podemos ver em qualquer centro urbano, do que com o bairro castiço que outrora foi.

Por isso fazer recair a historicidade em calhaus é quando muito ser um deles, aquilo de histórico não tem nada, o alcatrão que se gasta a esmo em cus de Judas do fim do mundo, por este Concelho fora, onde de certeza não existe população a gerar impostos para sustentar aquele disparate, daria aos idosos da Tróia, fartos de pagar impostos, muito jeito, assim parece não interessar ou então outros valores falam mais alto e calam as necessidades de uma população idosa, com dificuldades de locomoção que se vê condicionada na sua parca mobilidade por passeios miseravelmente exíguos e por ruas de calhaus.

Atrevam-se a andar de cadeira de rodas, de carrinho de bebé, de muletas ou tendo um qualquer impedimento físico pelas ruas da Tróia e depois logo me dirão, da justiça do que aqui vai escrito, convido toda a gente a fazer esse exercício simples de caminhar naquelas ruas miseráveis. Promovam um «Calhau Color Run» por exemplo, teria a sua piada.

Esta pretensão que não é de hoje, de eliminar os calhaus, tem sempre colhido junto dos responsáveis as orelhas moucas costumeiras, no entanto, provando que tudo aquilo é uma patranha, existem troços alcatroados, que se justificarão, por milhentas razões, todas bafientas e mentirosas, sendo certo que a única explicação são as corruptas vontades dos poderosos, porque a pedido, nesta terra tudo se faz, os «donos da rua», pessoas influentes e importantes que agem como se fossem donos da rua, podem solicitar a pintura e ou pasme-se o calcetamento de zebras em cor amarela frente aos portões, não pensem que é para todos, apenas a elite tem acesso a essas mordomias, essa elite pode pedir que uma rua de 30 metros fique metade com dois sentidos e a outra metade com sentido único, um verdadeiro fenómeno, alcatroada claro está, porque o «dono da rua» é pessoa importante.

Há até uma rua que tem alcatrão em metade da superfície e calhaus na outra, precisamente e muito bem para ajudar alguém com dificuldades de mobilidade, mas gente com essas dificuldades não falta na Tróia, não são é poderosos e influentes, a este nível a Tróia continua no século XIX, com os modelos de caciquismo corrupto dessa altura.

Algumas justificações recentemente ouvidas, só podem ser anedota e assim tem de ser entendidas, pois não são dignas de credibilidade, uma delas fala da ecologia do calhau por oposição ao alcatrão, partindo do princípio que será verdade, então pavimentem as ruas como deve de ser, arranquem o alcatrão das ruas onde foi indevidamente colocado para ser tudo ecológico, outra anedota é dizer que as pedras ajudam a moderar as velocidades dos automóveis, é preciso ser um pouco distraído para acreditar nessa patranha, os calhaus só diminuem a velocidade de quem anda a pé. Aos troianos Ulisses deixou um cavalo que foi a perdição da cidade, à Tróia deixam uma caralhota que afinal é um calhau.

Ganhem vergonha, não mintam nem ridicularizem as pessoas!

 

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