É preciso que chegue a nova primavera…
é preciso que as nossas palavras,
os nossos gestos e as nossas ações,
a nossa indignação…
e a nossa solidariedade,
com os valores da liberdade e da justiça,
despertem a nossa força e a nossa vontade
e possam trazer de volta
o sonho e a esperança…

E, quando a nova primavera chegar…
haveremos de ir de rua em rua,
de praça em praça, de cidade em cidade
e de coração em coração
agitar as flores e os poemas
e pôr uma harpa a tocar em cada peito…

Haveremos de disparar canções
e hinos novos… de fraternidade e de amor…
haveremos, também, de retomar de novo os caminhos,
fertilizar os campos,
vivificar os verdes prados,
ver ondular, de novo, searas ao vento,
animar os montados,
salvar as florestas
e mimar as flores…

Haveremos de retomar o labor das fábricas
e todo o movimento
das correias de transmissão do progresso
paradas no abismo e na voragem
da inércia e do desânimo…

Mas… primeiro, haveremos de interromper
a mentira e a fraude,
a especulação e a ganância,
o roubo e o nepotismo,
a exploração e a desumanidade…
sanear a vida,
retomar a alegria,
assumir a luta, pelos valores perdidos,
e implementar o Abril novo que tarda
inscrevendo na nossa ordem de batalha
a amizade, o respeito e a justiça entre os homens…
sublinhando, nela, a felicidade e o amor !....

Matos serra