Abril foi um toque de alvorada para soltar os hinos e as flores,
dessa forma a Nação foi acordada para tempos que se queriam promissores.
O Povo assumiu essa chamada, e juntas, as ferramentas e as fardas,
foi, então, uma alegre caminhada com flores a silenciar as espingardas.
Explodiu a alegria nas cidades
num cântico tão belo, forte e puro…
que veio p’ra tolher ódios e maldades
e abrir as janelas do futuro.
Quebraram-se silêncios e grilhetas…
acorrentou-se o medo das prisões, foi um tempo de sonhos e poetas,
prodígios de poemas e canções…
A rua se fez rio e, depois, mar
agitado, entre abraços e poemas…
em ondas impossíveis de parar
se quebraram os grilhões e as algemas.
Sofia, Ary e outros o cantaram…
unidos o trabalho e a cultura…
em profusão de versos o levaram
até aos altos céus da literatura!...
Porque Abril foi sonho e foi poesia,
foi amor, foi justiça e liberdade…
foi canto… como um pranto de alegria…
corcel… como em tropel de felicidade.
Mas… não houve só cravos e abraços…
também houve cansaços, frustrações…
muitas desilusões e embaraços
escondidos nos compassos das canções.
Alguns dos que fugiram p’ró Brasil
por não gostarem da letra das canções,
voltaram p’ra calar a voz de Abril
e, de novo, nos impor velhos refrões.
E, unidos aos velhos generais
que, também, não gostavam dos poemas…
trouxeram-nos os velhos recitais
que podem ser pronuncio das algemas.
Mas… Abril bate forte em nosso peito,
porque, além de ser sonho, foi janela…
Não deixemos perder o que foi feito,
sejamos, cada um, uma sentinela !.....
Matos Serra
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