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Crise devalores ou avanço civilizacional?

20-06-2014 - Henrique Pratas

Eu fui educado pelos meus pais e avós a cumprimentar e a respeitar os mais velhos, ou seniores como agora se diz na nova terminologia. Apesar de não gostar da expressão mais velhos, não encontra a não ser as que nasceram antes de mim.

Mas caminhando no assunto que me leva a escrever este texto eu sempre me dei com as pessoas da idade dos meus pais e avós e foi com ele que aprendi bastante, porque eles me aceitaram nas suas conversas.

Apesar de ter nascido em Lisboa, os meus pais são naturais de uma aldeia do Ribatejo com o nome de Arripiado e eu em pequeno e idade escolar passei alguns tempos lá e foi lá que recebi os ensinamentos básicos e que eram prática à época.

Assim, conforme já mencionei os “anciãos” aceitavam-me nas suas conversas, sem intervir obviamente, numa primeira fase pois havia que saber e observar a maneira como orientavam as suas conversas e intervir só a propósito.

Foi com eles que aprendi a saudar todas as pessoas por quem passava ou que passavam por mim, aprendi a partilhar o pouco ou o que havia.

As hortas ficavam um pouco distantes da aldeia, caminho que fazia de bicicleta acompanhado pela minha avó sentada num burro, o caminho apesar de curto passava por muitas outras hortas até chegarmos à dos meus avós, que em certas alturas do ano já tinham produtos agrícolas ou frutícolas e o ensinamento dos meus avós foi o de não se tocar naquilo que era dos outros, só existia uma excepção era quando me era oferecido pelos donos.

O que é facto é que isto funcionava não havia ninguém que tocasse no que não fosse dele e as propriedades não estavam vedadas, existiam as querelas resultantes da partilha dos dias da distribuição das águas para regar e pouco mais cada um cuidando da sua terra entreajudando-se, quando era necessário, mas pouco mais.

À hora do almoço e já por volta dos maus 16 anos, saboreei o que era a sopa de couve com feijão de que sou fã e a comer um bocado de pão com sardinhas, queijo, ou com carne de porco, galinha, ou outro tipo de animal criado pelos agricultores, nunca mais esqueci estes sabores.

Também nesta altura um amigo do meu pai convidou-me um dia a aparecer a seguir ao jantar em casa dele e para ver como é que eu me comportava mostrou-me e pôs à minha disposição literatura, considerada subversiva pelo Governo. Os olhares sobre mim eram de expectativa mas como eu já tinha lido obras do Marx, Engels e do Lenine, achei e comportei-me o mais natural possível apreciei o que estava escrito e emiti as minhas opiniões.

A partir daí passei a ser um deles e apercebi-me o que tinha visto há algum tempo o que tinha visto, que tinha sido os agricultores a colocarem uma coisa envolta em pano ou papel, nas oliveiras, às escondidas, não sabia o que era, nessa altura apercebi-me do que era e as dificuldades que se passavam para divulgar um jornal que era considerado subversivo, proibido pelo antigo regime. Aí vi as dificuldades que havia num pequeno meio e numa cidade em fazer passar mensagens.

Não fugindo à questão que me leva a escrever este texto e que pretende estabelecer as diferenças existentes entre o respeito, a educação a maneira de estar na altura e a de agora, onde os comportamentos são perfeitamente incomparáveis.

Hoje passamos uns pelos outros e nem se saúda as pessoas, respeito não existe a má-criação é mais que muita, segurar na porta quando se abandona um local onde esta existe e se vem alguém atrás seja homem ou mulher, ninguém segura a porta, outro dos aspectos que ressalta é a falta de palavra. Raro é aquele que assume o que disse, o conteúdo é sempre diferente do que se afirmou, quando não se nega, aquilo que se disse.

Compromissos ninguém cumpre ou honra conforme queiram, sejam eles escritos ou falados.

Não sendo saudosista, nem pouco mais ou menos, questiono porque é que se perderam os valores que vos falo anteriormente, é isto que chama se evolução dos tempos e da sociedade, porque é que não guardamos as coisas boas, para onde caminhamos?

Questiono o que se passa nesta sociedade onde vivemos e ao nível mundial tem muito a ver com uma crise de valores que escrevi anteriormente, onde pára a solidariedade, o honrar da palavra, o do respeito recíproco das pessoas e a coerência de comportamentos e de ideais?

Outro assunto que não tem muito directamente a ver com este é o que se passa ao nível da transmissão em directo pela RTP 1, dos jogos de Mundial de Futebol. Então a RTP que é uma empresa que apresenta prejuízos, de acordo com a informação do Governo, estando na “calha” como candidata a ser privatizada, é um instrumento do Governo para “distrair” o povo enquanto eles tomam as medidas que tomam e ninguém dá por isso. Há que estar muito atento a RTP, não é uma prestadora de serviço público, ou é um instrumento que serve para distrair o “povinho” das coisas essenciais e serve para o alinear delas.

Henrique Pratas

NB – também gosto de futebol, mas não modifico a minha vida para ver os jogos que cirurgicamente fazem parte do programa da RTP 1.

 

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