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O BES

13-06-2014 - Henrique Pratas

Dando continuação ao texto do Eduardo Milheiro, agora no BES Angola, não se encontram 5,7mil milhões de euros, coisa pouca escrevo eu, onde andará este dinheiro como é referido no texto da semana passada, a família que é detentora de tudo o que está associado à marca BES, são só negócios pouco claros e se repararem eles estão metidos em tudo.

Recordo-me que o actual Presidente do BES logo a seguir ao 25 de abril de 1974, esteve metido numa gaiola em Caxias que tinha alcatifa, frigorifico e todas as mordomias de que era “merecedor”, até a porta da cela estava aberta.

Mais tarde quando nos finais dos anos 80 teve a brilhante ideia de dispensar os funcionários que tinham mais de 55 anos. Asneira porque o conhecimento daqueles funcionários com muitos anos de bancos fidelizavam os clientes ao banco, pela sua simpatia, competência e empatia.

A moda criou os gestores de conta, que quando se pretende falar com eles estão sempre em reunião e que depois devolvem a chamada. Descobri eu que as famigeradas reuniões resumem-se ao facto de estarem em amena cavaqueira uns com os outros, obviamente que há honrosas excepções, mas a generalidade enquadra-se no que escrevi ou noutra resposta que é estão em formação e depositante ou utilizador do banco não tem interlocutor.

Mais uma vez ficamos a falar sozinhos, não é que seja conservador, é claro que as organizações têm que evoluir, mas para melhor. O BES chegou a ter o melhor atendimento em termos bancários, trabalhei com eles enquanto Director Financeiro da Rodoviária Nacional e trabalhava com na altura no Borges & Irmão que viria a ser BPI, com a Caixa Geral de Depósitos, com o embrião do Millennium BCP, com o Sottomayor e mais um ou outro que a memória já não me ajuda a recordar e recordo-me que os melhores prestadores de serviços eram os do BES, mas quando começaram a aparecer novos Bancos como o Barclays, o BCP começou a crescer, o SantanderTotta, a maior parte da fonte de recrutamento destes últimos foram os gerentes das diferentes dependências do BES.

A decisão do actual Presidente em tratar as pessoas como velhas, pois tinham 50 anos ou mais, esquecer o conhecimento e experiência adquirida e dispensá-los de forma pouco elegante deu naquilo que deu e dará mais.

Durante alguns anos foi a Tranquilidade que “aguentou” o Banco, mas como aplicaram as mesmas medidas na seguradora, que já tinham aplicado no Banco, foi mais um abanão, agora foi esta em Angola e vão surgir muitas mais se não mudarem a política de gestão das pessoas.

As entidades não se convencem que as pessoas são o sucesso de uma organização e que devidamente motivadas produzem muito mais e vestem a camisola e fazem tudo pela organização.

Não tivéssemos nós nesta escassez do mercado de trabalho, com um desemprego altíssimo e se existissem organizações a tratar as pessoas com a dignidade que merecem, responsabilizando-as, dando-lhes autonomia, objectivos claros, precisos e atingíveis, acompanhados de um pacote salarial compatível com o seu desempenho era ver as pessoas a mudar de organização para organização, mas tal não acontece porque os detentores do capital não são os trabalhadores, nem a generalidade das empresas interiorizaram o conceito que mencionei anteriormente.

De que vale a pena ter um trabalhador contrariado a fazer 8 horas de trabalho diárias, quando o trabalho poderá ser feito com mais eficiência e eficácia em menos tempo.

A produtividade não se aumenta, aumentando o horário de trabalho, os trabalhadores vêm-se pela sua capacidade de trabalho e não pelo n.º de horas que alugam o traseiro à entidade empregadora.

Aliás sintoma disso são as empresas que todos os anos são eleitas como as melhores empresas para trabalhar, não é por acaso que isso acontece, bastam às vezes pequenas mudanças, saber gerir pessoas não é para qualquer um é necessário ter predicados que muitos não possuem, não é ser o " gajo porreiro" é ser possuidor de uma série de atributos que vão rareando, como por exemplo, integro, ter tempo para ouvir e deslocar-se aos locais de trabalho de todos os colaboradores, participar com eles na resolução de problemas que surjam e confiarem. Enfim sentirem que tem a seu lado uma pessoa que é integra não cai para um lado nem para o outro, dá razão a quem a tem e chama à atenção quem tem que chamar, avalia o esforço que o trabalhador faz no seu posto de trabalho seja ele qual for é preciso fazer sentir ao trabalhador que está lá e que à preocupação em fazer melhorias.

Gerir pessoas não é o que está a acontecer a em Portugal, o que estamos a fazer é gerir interesses cunhas e a promover os incapazes.

Isto assim não irá dar bom resultado, mas funciona, porque os trabalhadores precisam dos salários miseráveis que lhes dão para sustentar a casa, a família e não se podem dar ao luxo de estrebuchar.

Não foi com isto que sonhei para o meu País, mas é o que temos por culpa própria.

Henrique Pratas - Economista

(Nas Economias em que as pessoas fazem parte do processo Produtivo, sem pessoas não há Economia, existem habilidosos financeiras que tiram do bolso esquerdo e põem no direito, não geram riqueza, são meros especuladores.)

 

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