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Líder do PAN passou empresa de mirtilos à sogra (que 3 segundos depois a passou para o filho)

19-11-2021 - Zap

A polémica em torno dos negócios agrícolas de Inês de Sousa Real, líder do PAN, continua. Entre acusações do uso de agricultura intensiva, estufas e embalagens de plástico, surgem agora informações de que a deputada passou a sua quota numa empresa de mirtilos à sogra que, apenas 3 segundos depois, a passou ao seu filho e marido da primeira.

Inês de Sousa Real passou a sua quota de 50% da empresa Berry Dreams, que se dedica à produção de mirtilos e framboesas, à sogra, Maria Lisete Brás Soares, no dia 10 de Dezembro de 2019. Cerca de três segundos depois disso, a sogra passou a mesma quota ao filho, Pedro Brás Soares, o marido de Inês Sousa Real.

Estes dados constam da Certidão Permanente da Berry Dream que foi facultada ao Polígrafo pelo próprio PAN.

Assim, a líder do PAN alienou a sua quota na empresa cerca de um mês e meio depois de assumir o mandato de deputada.

Na prática, Inês de Sousa Real continua a ser dona da Berry Dreams, embora de forma indirecta, uma vez que casou com Pedro Brás Soares, que também está envolvido na vida política do PAN, em comunhão de adquiridos, conforme avança o Polígrafo.

O PAN explicou ao Polígrafo a peculiaridade de passagem das quotas pela sogra de Inês de Sousa Real com a “impossibilidade legal” de ela as “passar directamente” para o marido.

Deste modo, foi usado um “expediente para contornar a Lei”, como explica ao Polígrafo o especialista em direito administrativo, Paulo Graça, que refere, portanto, que a transmissão pode ser “considerada nula”.

Inês de Sousa Real revelou, entretanto, que está “em fase de finalização” a cessão das suas quotas da Red Fields, outra empresa de frutos vermelhos, onde detém 25% do capital social e “nunca exerceu funções de sócia-gerente”.

Note-se que a líder do PAN foi sócia-gerente da Berry Dream até Outubro de 2013.

Em Março de 2019, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, esteve também no meio de uma polémica por causa de uma empresa de mirtilos, mas, neste caso, por ter acumulado o cargo com a função de gerente nesta sociedade.

Estufas ou túneis?

As polémicas em torno das empresas a que Inês de Sousa Real está ou esteve ligada referem-se também ao alegado uso de agricultura intensiva e estufas, práticas condenadas pelo PAN. A líder do partido dos animais recusa ambas as acusações.

Contudo, vários anúncios de emprego para a Berry Dream, publicados entre 2019 e 2020, referem a procura de trabalhadores para trabalhos em “estufas”, como apontam vários jornais. Inês de Sousa Real justifica esta terminologia com o facto de o termo estufa “facilitar, para quem procura emprego, o reconhecimento do tipo de funções agrícolas que são procuradas”, conforme declarações divulgadas pelo jornal i.

A líder do PAN já tinha sublinhado que as produções da Berry Dream e da Red Fields usam “túneis abertos privilegiando a entrada do ar, circulação de animais, respiração do solo e circulação das águas da chuva”.

Embalagens de plástico porque “o comprador impõe”

Outra acusação contra as empresas prende-se com o facto de usarem embalagens de plástico, como se pode ver em fotos publicadas nas redes sociais da Berry Dream, por exemplo.

Esta publicação do Facebook já não está disponível. Pode ter sido eliminada ou as definições de privacidade da publicação podem ter sido alteradas.

Entretanto, as publicações do Facebook onde surgiam imagens de mirtilos e framboesas embalados em recipientes de plástico, e que aqui chegamos a reproduzir, foram apagadas.

Neste aspeto, a líder do PAN salienta que, em “regra geral, é o próprio comprador que impõe as regras de embalamento, exigindo determinada embalagem, chegando muitas vezes a fornecê-la directamente, não tendo o produtor qualquer participação nesta escolha”.

Nas suas redes sociais, Inês de Sousa Real destaca o “orgulho por ter sido agricultora” e assegura que nas duas empresas a que esteve ligada, “são adoptadas as melhores práticas agrícolas e sociais e são privilegiadas sempre as cadeias curtas, não entrando em qualquer contradição com os princípios defendidos” pelo PAN.

m declarações ao Observador, Inês Sousa Real fez também questão de sublinhar que as empresas têm o objetivo de “incentivar o escoamento de produtos a nível local” e que privilegiam “as cadeias curtas”.

Contudo, a Red Fields vende a maior parte da produção de frutos vermelhos para o estrangeiro, conforme apurou a revista Sábado.

“Em 2018, 80,45% (ou, 371.385 euros) dos produtos escoados foram para a União Europeia”, mas em 2020, a produção exportada já foi de “93,59% dos frutos vermelhos da Red Fields (530.607 euros)”, avança esta publicação.

Já no caso da Berry Dream, grande parte da produção é para o mercado nacional.

Líder do PAN nega salários precários

Para além destas questões mais do foro ambiental, também surgem acusações de que as empresas associadas a Inês de Sousa Real praticam uma política de salários precários.

A ex-candidata à Câmara Municipal de Lisboa, Sofia Afonso Ferreira, aponta que a Red Fields terá gasto cerca de 56 mil euros com 7 empregados, o que daria uma remuneração de cerca de 8 mil euros por cada trabalhador.

Inês de Sousa Real já garantiu que “não há precariedade”. “Temos contratos permanentes e também contratos de trabalho agrícolas sazonais”, vincou, admitindo que as empresas recorrem a trabalhadores estrangeiros, por exemplo, do Nepal e do Bangladesh, como a grande maioria das produções de frutos vermelhos do país.

 

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