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O BES

06-06-2014 - Eduardo Milheiro

Há quem tenha trabalhado por mais de uma década num conceituado e conhecido Banco da nossa Praça; que protelou, enquanto mulher, filha, irmã, esposa e mãe, várias vezes, alguns aspectos da sua vida em detrimento do Banco, em detrimento de uma Instituição que passa uma imagem de solidez, seriedade, digna de valores nobres, como solidariedade, justiça, transparência, etc., etc.

Como acontece em quase todas as grandes instituições, em quase todas as grandes empresas, existe uma organização e alguns “códigos internos” que só quem lá dentro trabalha domina.

Neste Banco onde apontam a porta de saída de uma maneira cobarde e indescritivelmente desprovida de justiça, existem comportamentos, práticas e maneiras de trabalhar que vão contra todos os mais básicos valores que o próprio Banco tanto apregoa, que vão contra os mais básicos princípios de transparência, justiça e conduta sincera que publicitam.

Sendo precisamente um dos Bancos mais “nacionais”, digamos assim, que tem uma gestão e uma concentração de capital maioritariamente familiar, outro valor moral tão apregoado no Banco, exaltam-se as mulheres “profissionais” que deixam dia após dia os seus maridos e filhos em casa, que chegam a casa depois das dez da noite, e que, apesar de tantas horas estarem a “trabalhar” não apresentam resultados, pelo menos extraordinários, como dizia; exaltam-se este tipo de mulheres em detrimento de outras que, apesar de cumprirem e superarem os seus objectivos, que, pela sua capacidade de trabalho, organização e planeamento, não precisam de ficar no Banco até às dez da noite para provarem que são excelentes profissionais e que, além de serem eficazes enquanto profissionais, também o são enquanto mulheres, esposas e mães. Estas últimas serão sempre apontadas como aquelas que “gostam de sair cedo”. Jamais são apontadas como profissionais competentes e mulheres valorizadas.

Falando-se de mulheres é impossível não se falar da maneira como as mesmas são promovidas ou “escolhidas” para desempenhar cargos superiores. Aqui, quem escolhe prefere aquelas que são “divertidas”, que acham “imensa” piada a reuniões depois das seis da tarde, que não se importam com olhares “gulosos” de um chefe a quem os maus resultados obtidos enquanto profissional, podem ser de alguma forma desculpáveis pela profundeza do decote ou pelo tamanho da saia.

E por falar em reconhecimento ou promoções, ambas, neste Banco, processam-se de forma que podemos dizer que é, no mínimo, muito engraçada;

Um(a) excelente profissional, com carreira consolidada, que apresenta resultados, que é reconhecido(a) pelos seus pares pelo seu desempenho mas que (infelizmente!) não é “amigo(a)” de nenhum Sr. Director, que não tem nenhum “padrinho” influente, que (e isto sim, uma desgraça) não tenha um apelido pomposo, digno de figurar em qualquer revista do social, não tem hipótese nenhuma de ser promovido ou reconhecido.

Imediatamente quem tenha um nome mais bonito, que seja amigo do primo de alguém verdadeiramente importante dentro do Banco ou, mais importante ainda, que pertença a uma qualquer irmandade, seja ela de que tipo for, e que aparente ser um/a profissional dedicado/a (dos tais que ficam até depois das dez da noite), esse sim é o homem ou a mulher indicada para subir na carreira.

Não quem realmente merece e tem capacidade para tal, mas antes quem aparenta merecer e ter capacidade. Banco de vaidades e de aparências.

Mais grave ainda é o facto de, e também é do conhecimento geral de quem lá dentro trabalha, a “análise imparcial e financeira de concessão de crédito”. Colocam-se os Recursos do Banco, concede-se crédito não ao Empresário que precisa, não à Empresa que tem de investir, não ao Particular que quer comprar casa e/ou carro e que até tem poder económico para isso. Estes, eventualmente, poderão (muito, muito dificilmente) ter crédito, mas têm de subscrever uma série de outros produtos, quer precisem ou não, para os Balcões apresentarem “números, terem vendas, e portanto resultados”.

Quem de certeza tem crédito, onde de certeza se colocam os Recursos do Banco, onde os Accionistas, domésticos ou internacionais, públicos ou privados, podem ver os Recursos (cada vez mais escassos) do Banco transformados em crédito, é nas contas dos amigos e conhecidos da “Família” ou de algum Director verdadeiramente importante, muitas vezes sem Garantias ou contrapartidas adequadas, até porque, basta no parecer dizer que “se trata de pessoa influente junto da Administração” para qualquer operação financeira “voar” num mar de facilidades. E então, se além de ser influente, for de Cascais, então, bem, então quase nem dá tempo de formalizar correctamente a operação antes do dinheiro sair. Diga-se, de passagem, que o termo “sair” aplica-se literalmente à situação, pois grande parte deste tipo de operações acabam em Credito Vencido, irrecuperável.

Estamos a falar de um Banco onde se creditam contas de Clientes com o montante necessário a não existir “Erosão”, ou seja, uma conta que um Cliente já não movimenta deixa de ter saldo médio e vai “prejudicar” os números e resultados das Carteiras, dos Balcões, das Direcções. Deixa de contar. Não convém. Por isso, contabilisticamente debitam-se Rubricas Contabilísticas, levam-se a Custos montantes que são, acto simultâneo, creditados nas contas dos Clientes que, apesar de não o saberem, continuam a ter conta (e até com saldo positivo!!). E deixa-se, acto mágico, de ter Erosão ou Clientes Perdidos. Mantém-se a quota de mercado e tudo corre bem…

Num Banco em que um dos grandes problemas é o Crédito Vencido não se atendem aos pedidos de Reestruturação de Dívida dos Clientes. Então se esses Clientes tiverem um Crédito em que a Garantia é um Imóvel que algum Director ou alguém “influente” no Banco deseje, a Reestruturação e/ou ajuda (que por acaso até é obrigatório por lei) deixa de fazer sentido. Igualmente mau se existir algum desejo de vingança, inimizade ou simples “embirração” de algum Director ou “influente” no Banco. Neste Banco, os primeiros interesses não são os do Banco, e portanto não é o retorno financeiro do capital investido pelo Banco que interessa; Primeiro estão as amizades, e, mais importante ainda, as inimizades. Só depois a justiça e os interesses do Cliente e do próprio Banco.

Um Banco onde se “disfarça” Crédito Vencido de pequena monta (estamos a falar de valores inferiores a 2.000€). Pede-se aos Gerentes/Directores de Balcão para contabilizarem quilómetros de visitas a Clientes (que não foram feitas) para creditarem esses valores nas contas onde há saldo devedores e/ou cartões de crédito vencidos. Tudo em nome dos tão apregoados “Resultados”. Por isso, se soube de alguém que tinha uma dívida neste Banco relativa a um saldo devedor da conta à ordem ou que utilizou um cartão de crédito que não pagou, mas cuja dívida “desapareceu” não estranhe: não é mentira nem milagre, foi este Banco que “ofereceu”.

Muitas outras situações, bem mais graves do que estas, acontecem neste Banco. A própria ditadura e regime de terror que se vive dentro do Banco são enormes. Mas estamos a falar de uma Organização ao estilo das melhores máfias, tipo russa ou italiana, em que os delatores são decapitados.

Falamos de um Grupo Financeiro quase sempre mencionado quando existem escândalos financeiros, sejam de Empresas Públicas, de Empresas Privadas, de Partidos Políticos e mesmo do Governo, mas que rapidamente volta ao anonimato. Porque ninguém tenha dúvida de que quem consegue calar tantas vozes é dono de um poder inigualável, marginal e verdadeiramente terrível.

Só quem por lá já passou é que sabe…

Quando um dia destes a Eurodeputada Ana Gomes no Programa “O Eixo do Mal” na SIC falou no Gang do BES, parece que tinha razão no que estava a dizer.

Eduardo Milheiro

 

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