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Minoria de mulheres autarcas. "As pessoas deixaram de acreditar em partidos, no politicamente correto"

01-10-2021 - Cristina Lai Men, Sónia Santos Silva e Catarina Maldonado Vasconcelos

Todos os anos Cristina Calisto percorre o concelho de Lagoa a pé. Palmilha quilómetros mas também mede o pulso à população, ficando familiar das suas preocupações e anseios, como da terra que lidera. "Comunico à população que estarei numa determinada zona do meu concelho, num determinado dia, a uma determinada hora, e quem quiser falar comigo, nestes dias, pode aguardar por mim porque estarei lá para ouvir o problema que a pessoa tem."

Cristina Calisto faz parte de uma minoria na política. Das 308 câmaras do país, apenas 28 vão ser presididas por mulheres. O número de mulheres presidentes baixou para 9% nestas autárquicas. A socialista foi a mulher eleita para presidente da Câmara açoriana com a maior percentagem de voto no último domingo. Conseguiu 62,6%, uma percentagem que atribui à "proximidade" com os eleitores.

A população "está habituada", diz. Das bandas filarmónicas às IPSS e ao setor cultural, "o concelho da Lagoa, ao nível das instituições, é há muitos anos liderado por mulheres". Isso não significa que as eleições sejam fáceis de vencer, garante a autarca. "O desafio deste ano era diferente do desafio de há quatro anos; mais difícil. Por isso, termos vencido estas eleições, da forma como vencemos, dá-me uma acrescida responsabilidade." O segredo parece ser simples para Cristina Calisto: "Saber comunicar é a regra número um."

A proximidade ao eleitorado é cada vez mais apreciada pelos votantes, apercebe-se a líder camarária. A tendência motiva uma reflexão, que, defende, deveria ser alargada a toda a política. "Cada vez mais, política organizada por partidos políticos parece-me ser um processo que tende a decair, porque as pessoas reveem-se em pessoas, em projetos, em lideranças. Nas autárquicas, a pessoa, quando vota, vota na pessoa."

"Está na altura de repensar a política", palavra de vencedora, que admite que a mudança nem sempre é bem vista. "Sei que é um tema fraturante e que não é fácil sequer ter conclusões muito concretas, mas estamos a perceber que movimentos de cidadãos hoje em dia são cada vez mais comuns, e a ganhar eleições. As pessoas deixaram de acreditar em partidos políticos, naquele sistema do discurso politicamente correto."

Cristina Calisto acredita que os eleitores votam em pessoas que possam falar mais diretamente à população, tendo em atenção as suas preocupações. Agora, a presidente da Câmara de Lagoa elege três prioridades para o novo mandato: a educação, a inovação e o apoio às famílias, além dos desafios desencadeados pelos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.

Teresa Belém Cardoso também confirmou o terceiro mandato na Anadia, liderando a candidatura do movimento independente Anadia Primeiro. No concelho, a liderança lê-se, com naturalidade, no feminino. "É nossa aposta que as mulheres estejam presentes, seja no associativismo desportivo, seja no social, seja no cultural. Sou presidente da Câmara, a presidente da Associação de Bombeiros Voluntários de Anadia é uma mulher, e também temos em várias instituições mulheres que são presidentes."

Na sociedade anadiense, as mulheres vão-se "afirmando", mas o que vinga, sustenta Teresa Belém Cardoso, é a qualidade do projeto apresentado. "O povo faz as suas escolhas em função do trabalho feito ou do conhecimento que tem das pessoas."

A autarca de Anadia deixa, por isso, um desafio para o futuro: "É preciso que haja mais mulheres a concorrer, porque, se houvesse mais mulheres a concorrer, eu acredito também que a votação seria mais expressiva."

Fonte: TSF

 

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