Saídas limpas

23-05-2014 - Francisco Pereira

Esta semana que passou o que foi para aí de pavões inchados resplandecentes e orgulhosos, a encher a bocarra e a pança com croquetes e pasteis de nata pagos por nós, com a pretensa saída dessa corja troikiana, foi algo para gáudio da rapaziada um pouco mais atenta ao estado miserável deste país.

Como não rir com as labreguices, dos partidos da governação, com os seus ensaios torpes e delirantes, próprios dos alienados, a comemorar a retoma da soberania, como se isso fosse verdade, desde 1800 que não somos economicamente soberanos, a comemorar a saída da tal Troika, que não sai verdadeiramente, sai, mas deixa cá uns tipos de olho nas tropelias dos indígenas.

Foi um não mais acabar de gargalhar em especial com a parola iniciativa do relógio de Portas, lá na sede do seu partidelho, não fosse a situação deste país tão miserável, isto tudo poderia bem passar por um delírio colectivo, infelizmente a realidade é bem mais atroz, como certamente todos iremos dar fé doravante.

A saída dessa súcia chamada Troika, foi anunciada como tendo sido uma saída limpa, mas não nos iludamos, foi limpa apenas para alguns, senão vejamos alguns dados, só para percebermos quem vai ter uma saída limpa e quem vai ter, e durante muito tempo, uma saída suja, mesmo muito suja.

Como branco mais branco não há, Sua Excelência o senhor Presidente da República, vai continuar com os seus 10 mil Euros mensais mais umas alcavalas, sim porque Sua Excelência como é muito patriota e solidário ao invés do salário de Presidente da Republica, uns míseros 6500 Euros, preferiu os ditos dez milhares da reforma, conseguida com trabalho muito árduo. Ora se isto não vai ser uma saída limpa, não sei o que será uma saída limpa.

A sua correligionária Assunção, a tal segunda figura deste tipo de Estado, também seguiu o exemplo democrático e solidário do “mestre” e ao invés do salário correspondente no montante de uns míseros 5200 Euros a senhora Assunção optou pelos 7 mil que embolsa por ter ando pelo Tribunal Constitucional durante 10 anos, junte-se aos 7 mil mais 2.133 para despesas de representação e a mui solidária, democrática e justiceira senhora embolsa uns 9 mil euros à conta dos papalvos, em mais uma saída limpa.

Estes dois exemplos bastam para ilustrar, os conceitos de justiça, igualdade, solidariedade e democracia que têm as duas figuras cimeiras de representação desta espécie de Estado, no seu proceder está tudo dito, claro que poderia ainda falar de Guterres e do seu lugar de Alto Comissário, de Constâncio, de Barroso e dos seus 25 mil por mês depois de literalmente abandonar Portugal ou de Sócrates e das suas deambulações por Paris ou ainda de Santana e do tachito de 5 mil euros provenientes de uma reforma e subsídio vitalício, por isso abdicou do salário de Provedor, que além de menor era uma chatice, ou ainda dos que depois das eleições europeias forem eleitos para o Parlamento Europeu e embolsarem os 7 mil quase 8 mil Euros mensais, para todos os anteriores e muitos outros da Corja, será uma saída limpinha.

Para todos os tansos que vão vivendo do seu trabalho, com ordenados miseráveis bombardeados constantemente pelas mentiras sujas dos governantes e das oposições a saída será mesmo muito suja, e augura-se ainda mais sujidade no horizonte.

Uma última nota para dizer que os economistas não percebem nada de economia, foi isso que esta crise nos ensinou, são uma espécie de “Professor Karambah”, e depois os mercados são tão voláteis que há uns anos bastou uma estagiária fazer um felácio a Clinton que a Bolsa caiu, ou já se esqueceram?

Francisco Pereira