Edição online quinzenal
 
Quinta-feira 25 de Abril de 2024  
Notícias e Opnião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

A CEGUEIRA DO PS

05-02-2021 - José Pereira da Costa

Quando nós, os da geração do 25 de Abril, (nasci em Março de 1945), que viveu 30 anos sob o Fascismo e a maior parte passou pela Guerra Colonial, começámos a ver o PS, com um programa quase idêntico ao do PCP, a pôr entraves à aplicação do projecto político do libertador Movimento das Forças Armadas, pensámos que algo de estranho se estava a passar. Acresce que eu tinha frequentado durante 4 anos o Colégio Moderno e sabia das perseguições a que tinham estado sujeitos Mário Soares e Maria Barroso.

O primeiro choque foi no 28 de Setembro de 1974, aquando da segunda tentativa de tomada do poder pelo general Spínola, em que não se viu a militância do PS activa, com os outros partidos de esquerda, no desmantelamento do golpe.

E depois, tudo o que se lhe seguiu, a partir de Janeiro de 1975, com a luta pela unicidade sindical e contra as interferências estrangeiras na divisão dos sindicatos, como tinha acontecido em França e na Itália, logo após a libertação do nazi/fascismo em 1945.

E aquando do golpe do 11 de Março de 1975, a que se seguiu toda a actividade do PS contra a implementação de um socialismo democrático e pluripartidário, anunciado ipsis verbis por Vasco Gonçalves, que, com a ajuda dos militares progressistas e dos partidos de esquerda, se propunha levar adiante.

A pouco mais de um ano da desgraça que se tinha passado no Chile, com o golpe de Pinochet e a interferência americana, nós (eu militava no MDP/CDE desde 1973, depois de ter vindo da guerra colonial em Moçambique) estávamos simplesmente na defensiva contra as perigosas e variadas tentativas a desenvolverem-se, (ELP, MDLP, atentados à bomba, assaltos às sedes dos partidos de esquerda), para o regresso ao fascismo, com a ajuda de partidos como o MRPP e a AOC, e a cumplicidade passiva do PS.

Depois da inventona por esses partidos de que a esquerda pretendia criar em Portugal uma nova ditadura, os vencedores do 25 de Novembro de 1975 puderam implementar ao longo de várias décadas o seu sistema político, económico e social, com especial incidência nos governos e presidências de Cavaco Silva, durante 20 anos, com a aceitação do PS. De que se teria evitado os 10 anos de Cavaco como presidente, se o Partido Socialista tivesse cumprido a sua missão de empenhamento na democracia e contribuísse para a eleição de Manuel Alegre como presidente, que esteve à beira de se efectivar por duas vezes.

Que tem isto a ver com a segunda eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como presidente?

Para além do facto escabroso e indecoroso de 20 ou 30 personalidades que se dizem do Partido Socialista, todas elas bem instaladas na vida e participando ou tendo participado, a maior parte, em órgãos sociais das principais empresas e monopólios do regime, terem-se demarcado de um possível apoio à única candidata socialista à eleição presidencial, os próprios elementos do partido que disseram apoiar Ana Gomes não puderam abertamente manifestar o seu apoio, por razões que têm a ver com o funcionamento do mesmo, que eu nunca quis frequentar e por isso desconheço.

O certo é que Ana Gomes, com o seu meio milhão de votos, dirigidos contra a ameaça do candidato da extrema-direita, (e por isso a mais atacada por ele), não obstante a concorrência do PCP e do BE, merecia melhor sorte e uma outra atitude da direcção do Partido Socialista.

Há alguns anos, em artigo noutro jornal, e uma semana antes das eleições de Outubro de 2015, apelei a um Governo de Salvação Nacional, com toda a esquerda, liderado por António Costa, para pôr termo ao descalabro a que o país tinha chegado depois do exercício governamental de Passos Coelho e Paulo Portas. Costa, agora, está talvez a jogar pelo incerto, a contar com a ausência de uma interferência negativa do reeleito Presidente da Republica. Mas talvez se engane. A vida e a política dão muitas voltas. Oxalá não seja surpreendido por uma presidência à Cavaco Silva, ou pior, que conheceu durante alguns meses

Investigador em Relações Internacionais, antigo funcionário da Comissão Europeia

Fonte: DN.pt

 

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome