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A Privacidade, o Facebook e a NSA

16-05-2014 - Francisco Pereira

Vamos começar pelo fim, já muito se falou da NSA, dos seus programas de vigilância, às comunicações não apenas de outros Estados “amigos” e ou “menos amigos”, bem como aos governantes desses Estados, casos bem conhecidos das escutas à chanceler alemã Angela Merkel e à Presidente do Brasil Dilma Roussef. A NSA efectuou e continua a faze-lo, continua a escuta a milhões de comunicações preferencialmente a sms e a correio electrónico de cidadãos comuns, acobertada por uma legislação um pouco dúbia, que se prende com a segurança nacional, tudo isto tem sido mais que escalpelizada em locais especializados, bem com denunciado por Assange e mais recentemente por Snowden.

Mas se o foco se virou para a NSA, essencialmente por causa de Edward Snowden, não é menos verdade que a pérfida Albion dispõe de algo semelhante que dá pelo nome de Government Communications Headquarters (GCHQ), cuja missão é essencialmente a mesma que a da NSA, os nossos loucos gauleses dispõem da Direction Générale de la Sécurité Extérieure, (DGSE) e para terminar porque extensa já vai a lista os boches servem-se de uma coisa chamada Nachrichtendienstliches Informationssystem (NADIS). Sendo que vários outros países dispõe de sistemas idênticos e que é certo que por vezes até trocam informação entre si.

Resenha feita, passemos pois, à Privacidade, ou antes à falta da mesma. Vivemos num Mundo Globalizado, este chavão, milhentas vezes repetido, parece que ainda não penetrou o suficiente nas cabeças dos milhões de utilizadores das tecnologias de informação, nem tão pouco nos Estados que detém, enormes bases de dados dos seus cidadãos, muitas das vezes quase que armazenadas em servidores localizados em vãos de escada onde um qualquer «newbie» não tem absolutamente nenhuma dificuldade de entrar. Recentemente em Portugal, foram pirateados vários sítios da Internet, e os dados foram sonegados. Isto deveria fazer as pessoas realmente preocuparem-se com a facilidade com que os seus dados estão a ser utilizados, por serviços públicos como sejam as Finanças, Saúde ou Justiça, para citar apenas três exemplos, cada um de nós enquanto cidadão deveria preocupar-se seriamente e questionar todos estes serviços sobre o modo e a protecção que é dispensada aos nossos dados.

Mas temos a Comissão Nacional de Protecção de Dados. Questionará o mais informado dos leitores. Pois é verdade, responderemos nós. Mas com a maior das sinceridades, retorquiremos que não vislumbramos qualquer justificação para a existência de tal instituição, que é na nossa humilde opinião apenas um lugar, mais um, para arranjar nomeações para amigos, bem pouco na CNPD estruturada e a funcionar como está tem algum préstimo, aprende-se muito mais em qualquer fórum de hackers que com a CNPD.

Infelizmente o comum do cidadão, utilizador da Internet, tem do conceito da Privacidade, parcas ou mesmo inexistentes ideias. Por isso mesmo não se habituou a zelar por essa privacidade, por isso, não tem noção dos riscos, por isso não se acautela devidamente e por isso um breve deambular pelo Facebook serve para chegarmos aos reveladores resultados que posteriormente discutiremos.

O nosso trabalho, de questionável veracidade científica, nem esse era o objectivo, nem nele foram aplicados os critérios científicos que devem ser aplicados a qualquer trabalho de investigação, foi apenas um mero exercício destinado a fundamentar as opiniões que seguidamente explanaremos. Sucintamente o exercício foi simples, analisámos 100 perfis de Facebook, partindo de um amigo e indo de amigo em amigo, analisamos metade de perfis masculinos e metade de perfis femininos, escolhemos as faixas etárias entre os 30 e os 60 anos, por representarem, as pessoas que supostamente deveriam ter mais siso.

Procuramos essencialmente saber se os perfis estavam abertos, ou seja acessíveis a amigos de amigos, se continham indicações de localização, locais de emprego e se tinham fotografias de crianças. Infelizmente o resultado demonstrou que aquilo que mais temíamos é verdade, os caros cidadãos «faceboquianos» prezam muito pouco a sua privacidade.

Colocado em números para mais fácil percebermos, 94 dos perfis eram acessíveis, destes apenas 6 não tinham fotografias dos filhos e de outras crianças, fotografias essas completamente acessíveis e das quais se pode fazer o download, ao nível das informações de localização, 90 dispunham de informação acessível, sobre local de emprego, escola onde estudou, localização nomeadamente a localidade de residência.

Francisco Pereira

 

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