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HISTÓRIAS – L

17-04-2020 - Henrique Pratas

Esta história que vos escrevo não pode deixar de tocar na época pela qual estamos a passar.

Quando existia a Guerra Colonial e para os que se recordam dela, provavelmente têm na memória como eu tenho as despedidas que se realizavam no cais da Rocha de Conde Óbidos ali no rio Tejo.

Como se recordam vinham pais, mães, familiares, namoradas, mulheres despedirem-se dos que partiam no navio para as Províncias Ultramarinas.

Para quem esteve presente nestas despedidas, elas eram muito marcantes porque, primeiro as despedidas custam a todos, depois existia um sentimento de dúvida quanto ao facto de se voltarem a reencontrar e como lhes escrevi anteriormente as pessoas vinham de todos os cantos do País, para mim das vexes que tive que ir foi um pavor e marcou-me seriamente, pensando eu como é que quando chegasse a minha vez iria encarar esta situação.

Felizmente devido aos movimentos da “peste grisalha” como agora alguns designam, quanto a mim mal, porque se hoje alguns deles não cumpriram o serviço militar obrigatório a eles lho devem, assim como o exercício de cargos políticos, públicos e privados, que nunca pensariam exercer, bem como ter o que resta da liberdade conquistada em 25 de abril de 1974, que me livrou a mim de cumprir o serviço militar obrigatório assim como de uma viagem só com “ida” até há Guerra Colonial. É bom que as pessoas não se esqueçam que foi devido há ação, movimentação destas pessoas que isto foi possível.

Depois disto passado e já em plena democracia mal esperava eu e muitos de vós que agora estivéssemos confrontados com esta pandemia da qual não se vê fim há vista.

Pensava eu que já me tinha livrado do que não queria, eis que sou apanhado numa situação em que não posso fazer nada, a não ser ficar em casa, ter mil e um cuidados e esperar que nada me aconteça porque não sei de onde o “inimigo” possa vir e a avaliar pelos números com que os jornais informativos nos matraqueiam todos os dias a situação está longe de ser controlada e ninguém sabe quando estará.

Prova-se também que as sociedades não estão preparadas para nada e que contra os fenómenos da natureza nada podemos fazer a não ser tomar alguns cuidados que não sabemos se são os melhores ou não.

Dou por mim a pensar o que é que mais nos irá acontecer, tenho medo, não tenho vergonha de o escrever assim como constatei que o País não estava preparado para nada. A capacidade de resposta de todos os profissionais de saúde tem sido inexcedível, mas em muitas situações faltaram equipamentos e contrariamente ao que a República Checa fez, que decretou o estado de emergência duas semanas antes de nós o fazermos, com a indicação de utilização de máscaras, nós andámos a ver se eramos bafejados pela sorte.

Levámos algum tempo a reagir é certo, mas reagimos bem, a minha preocupação recai não só sobre o desfecho desta situação como o que virá depois, não vai ser bom de certeza absoluta a avaliar pela quantidade de empresas que estão a fechar portas. A mesma problemática aplica-se aos que conseguirem sobreviver a esta pandemia, como é que as mesmas se vão comportar, que sociedade sairá, mais individualista, mais coletiva.

Temo que seja mais individualista, por diferentes razões que agora estão a ocorrer como por exemplo o ar desconfiado de como cada uma das pessoas olha para a outra, sinto que estamos a viver uma fase do salve-se quem puder, nem que seja há custa do que não gostamos, isto é muito mau em meu entender, porque acho que deveríamos respeitar o que nos dizem para fazer e ser simultaneamente solidários uns com os outros, observando sempre as regras de segurança, mas como devem reparado, não é isso que está a acontecer.

Por mim estou preocupado com o que vai acontecer com esta sociedade, porque assisto a cidadãos que respeitam o que lhes dizem para fazer e outros não, mais uma vez estamos perante uma situação em que uns acham que podem fazer tudo e os outros se limitam o que lhes mandam fazer, assim não vamos lá, se uns remam para um lado e outros para o contrário, não saímos do mesmo e não é isso que queremos.

Ora se não é isso que queremos, vamos ter que fazer um esforço que não é pequeno, porque isto de estar em casa confinado a um espaço é muito agradável quando não se é obrigado, mas quando se é obrigado as coisas são mais difíceis, porque sentimos que a nossa liberdade de movimentação está cerceada, estamos “presos” e isto ninguém gosta, mas o que tem que ser tem muita força, por isso vos sugiro é difícil mas não é impossível, vamos contribuir para que a “tormenta” passe o mais rapidamente.

Henrique Pratas

 

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