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HISTÓRIAS – XLIX

10-04-2020 - Henrique Pratas

Eu sempre gostei de dar aos meus filhos o que os meus fizeram comigo.

Eles eram pequenos a minha filha é mais velha 4 anos do que o meu filho e isto passa-se quando ele tinha um ano e ela 5 anos.

Decidi ir para o Gerês nas nossas férias, para que eles pudessem usufruir de bom ar e de tudo o que a natureza nos dá.

Um belo dia, vi uma estrada em terra batida e vá de me aventurar para ver onde ia dar, se bem o pensei melhor o fiz, subi, subi e fui dar ao cimo da serra do Gerês, tendo passado por várias aldeias onde conheci pessoas excelentes, os miúdos, assustaram-se um puco porque os bois circulavam na mesma estrada do que nós sem respeitarem os sinais de trânsito, se havia alguém que tinha ter cuidado era eu e não eles, mas como lhes contava os miúdos tiveram medo porque os bois eram enormes e tinham uns cornos dignos de um animal daquele calibre, a sua pele era beije cor de mel, bem tratados e mansos.

Calcorreados alguns quilómetros e depois de não ver vivalma encontrei uma aldeiazita onde existia um pelourinho e perto desse pelourinho havia um estilo de um café que também servia refeições.

Não era tarde, nem cedo, decidi sair do carro acompanhado da prol entrámos no café e perguntei servem almoços, a que uma gentil senhora servimos sim senhor, assentámo-nos e a senhora proprietária do espaço começou a preparar tudo com toda a delicadeza e aprimoramento, porque se apercebeu que não éramos daquelas zonas, mais tarde veio a saber que éramos de Lisboa.

Conversa puxa conversa porque eu gosto muito de falar com estas pessoas, simples e modestas, dizendo-lhe provavelmente vimos incomodar mas gostaríamos de almoçar e não encontrámos mais nada pelo caminho, a senhora responde-me pois por aqui por cima é muito difícil, mas eu tenho uns bifes de vitela que por acaso esta semana não são grande coisa e uma sopa e fruta da época.

Bem quando ela me disse que os bifes de vitela não era grande coisa temi o pior, mas nada esperar para ver como eram.

Vieram as sopas e ainda hoje tenho o paladar das mesmas na boca, porque eram confecionadas com tudo o que era de bom, estavam simplesmente deliciosas e eu que não gosto de sopas mas quando a qualidade é boa, não me nego e nesse dia comi dois pratos de sopa. Ah, não vos disse mas pedi um vinho da casa, a senhora também me disse, eu não sei se o senhor gosta, mas é o que bebemos por aqui. Ela deu-me a provar e eu disse-lhe em tom de brincadeira, oh, minha senhora está explicado porque é que os senhores têm boas cores se bebem este néctar isto dá vida a um morto, por favor traga mais se faz favor, obviamente que para os miúdos foram sumos.

Quando vêm os bifes de vitela, acompanhados de batatas fritas cortadas aos palitos, bem fritas e no ponto, pensei vamos a isto. Meus caros a carne desfazia-se na boca, voltei-me para a senhora e disse-lhe a carne é excelente, tomáramos nós que esta carne chegasse a Lisboa, ela toda lisonjeada voltou-me a dizer mas temos dias em que ainda é melhor e eu já não lhe disse mais nada e deliciámo-nos com o que nos tinha sido colocado à frente, acompanhado de um excelente tinto produzido apenas para consumo caseiro. Chegados há sobremesa tivemos direito a laranjas, maçãs, peras e um pudim feito pela dona do estabelecimento.

Estava tudo ótimo e a qualidade era excelente, tudo muito asseado, limpo, só que não era luxuoso.

Para rematar este excelente almoço e dado que a senhora me tinha informado que também faziam uma aguardente para consumo caseiro e me tivesse perguntado se que queria experimentar não me fiz rogado, e uma pessoa faz sacrifícios na vida que só visto.

A senhora colocou-me a garrafa há disposição servi-me uma primeira vez e aquilo era uma coisa de beber e chorar por mais, acabado de beber este primeiro cálice, meio envergonhado pedi-lhe autorização para beber outro, ao que ela me responde eu coloquei-lhe aí a garrafa ela está por sua conta, respondi-lhe imediatamente que era só mais aquele pois ainda teríamos que continuar a nossa viagem, a resposta não se fez esperar faça como entender.

Fiquei-me por aqui, porque estava um dia excelente, pleno de Sol e queria dar mais ares saudáveis aos miúdos e a nós pais.

Pedi a conta e a senhora aparece-me com a conta feita num papel de cartão onde constava a módica quantia de 21,00 escudos, rendi-me, mas não deixei de perguntar, não se esqueceu de alguma coisa? Resposta não senhor está aí tudo, não falta nada, paguei e vi-me embora perfeitamente satisfeito e feliz por ter encontrado aquela pessoa, que me ajudou a consolidar a minha ideia que ainda existe pessoas na verdadeira aceção da palavra, com pessoas assim o Mundo seria muito melhor.

Seguimos viagem num excelente dia de Sol por aqueles montes seguindo por estradas que eu não sabia onde iam dar, mas a qualquer sitio seria e chegámos a Bragança, através daqueles montes que víamos e não sabíamos onde iam dar, a dada altura já não sabíamos se estavam em Portugal se em Espanha, mas como gosto de aventura avancei sem medos, até que chegámos a Bragança como lhes escrevi, onde pernoitámos e jantámos e aqui dá-se uma outra ocorrência que gostaria de vos contar. Quando fomos jantar descobrimos uma tasca com muito bom aspeto entrámos e sentámo-nos, reparei que havia grão com bacalhau com todos, que é coisa que eu adoro. Decidi-me por esta opção, sem saber a quantidade, quando me é servido reparo que a quantidade dava para três pessoas sem exagero, ainda disse ao senhor que me serviu, isto é muito, responde-me ele, as nossas doses cá em cima são assim, eu não disse mais nada e avancei para a árdua tarefa que tinha pela frente, levou algum mas consegui levá-la a bom cabo, só que depois de uma refeição deste calibre não me pude ir logo deitar, fui dar um passeio pela cidade de Bragança a pé durante 2 horas, depois disso dirigi-me ao local onde estávamos a pernoitar, sossegadíssimo e sem sobressaltos, onde se ouviam os passarinhos a cantar e para ajudar a fazer a digestão sentei-me na esplanada do hotel e depois de ter metido conversa com o empregado, perguntei-lhe os senhores têm conhaques, responde-me ele temos sim senhor, mas temos uma aguardente aqui da região que ainda é melhor do que muitos conhaques que temos para servir, eu que me gosto de deixar conduzir pelas pessoas que sabem da poda e que são do local, disse-lhe faça o favor então de me trazer uma para poder provar. Ele não se fez esperar serve-me, fica a olhar para mim, para ver a minha reação, sim porque estas pessoas ficam atentas aos sinais que lhes damos, como lhe dei um sinal de aprovação serviu-me mais um bocadinho e assim eu fiz a digestão completa e com a qualidade devida, passado mais uma hora fui-me deitar que já eram horas.

Henrique Pratas

 

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