HISTÓRIAS – XLV
28-02-2020 - Henrique Pratas
Esta história que vos vou contar aconteceu quando eu tinha 10 anos e teve lugar nas hortas onde os meus avós plantavam e semeavam as árvores e produtos agrícolas.
Como sabem naquele tempo era hábito já existirem uns tanques para aprisionarem a água para quando no dia seguinte se começasse a regar, não tivesse que se esperar que a água começasse a jorrar de uma poço artesiano criado para o efeito e que através da força dos muares ou já de motores a combustível puxasse a água, mas isto dependia do nível que a água se encontrava e também da capacidade dos meios que se utilizavam para tirar água, daí a razão de se terem construído os tanques que não eram mais que uma construção para guardar a água para o dia seguinte.
O rapaz com a agilidade que tinha e para se mostrar engraçado começou a andar à roda do tanque na parte mais estreita, estilo equilibrista, os mais velhos riram-se, acharam graça. Eu mais tarde depois de me ter acontecido o que aconteceu não achei assim tanta graça.
Nós nesse dia tínhamo-nos deslocado no novo carro do meu tio, porque a distância do Arripiado e as zonas de cultura ainda era grande e fomos no novo carro, coisa que hoje já não se dá valor.
Tantas voltas dei à volta do tanque que em certa altura desequilibrei-me e caí para dentro dele ficando completamente molhado e bebi ainda uns pirolitos para não me armar em “artista”. O pior estava para vir, eu estava completamente molhado, muda de roupa não tinha e o meu tio disse-me assim não te levo no carro se quiseres vai a pé. Isto passou-se no Outono num dia em que já fazia frio não era aquele calor tórrido que se faz sentir no Verão.
As coisas ficaram negras par o meu lado mas como vi que não existia alternativa coloquei pernas ao caminho e lá fui andando tentando encurtar caminho e locais que as pessoas não me vissem passar.
Passadas umas horas lá cheguei a cada dos meus avós onde se encontrava a minha mãe e a minha avó que logo me perguntaram, o que é que me tinha acontecido? Eu para não dar parte de fraco respondi-lhes, molhei-me. Elas calaram-se mas reparei que não acreditaram no que tinha dito.
Tomei banho e vesti roupa lavada e seca, que bem que me senti, parecia outro, obviamente que ao jantar o episódio foi partilhado entre todos, tendo os meus avós ficado apreensivos e dizendo-me para ter cuidado porque já tinha ocorrido situações iguais à minha e que as pessoas não tinham conseguido sair dos poços.
Com aquela idade fiz ouvidos de mercador.
Henrique Pratas
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