HISTÓRIAS – L
17-01-2020 - Henrique Pratas
Vou partilhar convosco uma situação que me “atormenta” há largos anos.
Estava eu a entrar na Faculdade de Economia de Lisboa teria os meus 17/18 anos e já na posse da turma, horário e sala de aulas dirigi-me no primeiro dia para onde me mandaram, o pior sitio para ter aulas, o que nós designávamos por “catacumbas” a minha sala de aula era a última no final de um grande corredor.
Estávamos dentro da sala de aulas e vejo ao longe no início do corredor o que me parecia ser um pai a acompanhar a filha em direção àquela sala de aulas, estranhei, porque a maior parte de nós, rapazes e raparigas fomos sozinhos, mas fiquei com a curiosidade aguçada.
Chegados que foram há nossa sala de aulas, confirmei a minha suspeita era um pai que acompanhava a filha há sala onde iria ter aulas, ao tempo nós funcionávamos em termos de grupo e éramos avaliados em função dos trabalhos que nos eram solicitados, enfim um método bastante trabalhoso que implicava muita pesquisa e como ao tempo não havia computadores, muito menos motores de busca, tínhamos que andar de biblioteca em biblioteca a consultar livros e transcrever manualmente as partes que nos interessava para podermos fundamentar as nossas ideias e depois o trabalho para poder ser entregue em condições de ser lido tinha que ser passado há mão, outros tempos.
Mas voltando ao motivo que me leva a escrever este texto, o pai e a filha entraram dentro da sala de aulas e já com a maior parte da turma lá dentro, ele dirige-se-me a mim e pergunta-me se a filha podia ficar no meu grupo. Para mim um grupo funcionava bem com 4 pessoas na altura em que fui questionado sobre a possibilidade de a filha entrar para o grupo apenas tínhamos 2 pessoas eu e um companheiro da Escola Comercial Veiga Beirão, como não tenho preconceitos ou qualquer outro tipo de ideia preconcebida, apesar de não esperar que me fosse colocada aquela questão respondi-lhe imediatamente que sim, com certeza, obtive como troca uma resposta “ pronto já me posso ir embora”.
Até aos dias de hoje me questiono porque é que o pai se dirigiu a mim e não a outros companheiros meus que se encontravam já na sala de aulas. A questão é porquê eu e não outro?
Como esta situação tenho muitas na minha vida e por mais voltas que dê há cabeça não consigo encontrar uma explicação racional para que tais situações me aconteçam, eu que gosto de entender tudo o que se passa na vida não consigo encontrar uma explicação para que estas situações aconteçam comigo e que são muitas.
Henrique Pratas
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