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HISTÓRIAS – XXXVIX

03-01-2020 - Henrique Pratas

Tudo o que vos tenho escrito e possa vir a escrever nestes textos é real, tem feito parte da minha vida que tenho até há presente data vivido com acho que a devo fazer com a intensidade que acho que deve ser vivida e com o facto de só termos apenas uma vida para o fazermos e as duas, uma ou o fazemos ou não existem outras alternativas.

Desta vez quero partilhar convosco a minha primeira ida há Alemanha sem saber falar ou entender nada de alemão.

Eu ao tempo trabalhava para uma multinacional alemã, de onde nunca deveria ter saído escrevo-lhes eu, nesta altura, mas aquando da decisão para enveredar pela carreira internacional outros “valores” se colocaram há minha frente que devido aos acontecimentos que vieram a ocorrer posteriormente jamais o teria feito.

As viagens para serem mais baratas para a empresa eram marcadas com saída de Portugal – Lisboa ao final do dia de sábado com chegada por volta da meia-noite em Leverkussen, depois de uma paragem em Dusseldorf, para podermos mudar de avião.

De cá saí com chapéu-de-chuva e abafos quentes, não que a temperatura por cá fosse baixa, não até estava uma temperatura bem agradável, tudo de manga curta e eu com os apetrechos de Inverno, era olhado por todas as pessoas com estranheza, mas não sabiam ao que ia e eu não lhes liguei nenhum como é meu costume,

Quando cheguei a Leverkussen, nevava intensamente e a temperatura era inferior a zero graus.

Gostaria aqui de vos escrever que eu já em Portugal estava a aprender alemão, mas não dominava a língua sabia umas coisas mas não o suficiente para manter uma conversa e muito menos para dizer ao taxista para me levar ao Hotel, onde iria pernoitar até ao dia do meu regresso. Mas como cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém perguntei ao meu professor de alemão, que por sinal era um alemão a viver em Portugal, o que deveria dizer para que me levassem para o Hotel, ele ensinou-me com algum temo de antecedência, para que eu pudesse assimilar o que me tinha ensinado e me dar tempo no caso de me esquecer, lhe voltar a questionar como se dizia.

Não foi preciso voltar-me a repetir a formulação, mas nas três vezes que tinha aulas de alemão durante a semana que antecedeu repetia sempre com ele e até aos dias de hoje não me esqueci o que tinha que dizer para me levarem ao Hotel, e a frase era a seguinte:”Können Sie mich zum Hotel Ramada bitte!”, Repetia-a várias vezes durante o voo que me levou até lá, para que não me engasgasse e correu tudo bem cheguei ao Hotel e aí já falavam inglês, o que tornava as coisas mais fáceis para mim.

Nesse dia ainda ceei e fui-me deitar, o Hotel onde fiquei situava-se perto de um rio que ia dar a Colónia e tinha também uma linha de comboio que me poderia ter levado lá se eu quisesse.

No dia seguinte levantei-me e como todo o comércio decidi ir às compras apesar de estar a nevar. Quando me deslocava sem a minha família levava-lhe sempre presentes de volta, fui o que fiz comprei uns roller-bolls, um casaco da Levis quentinho e mais umas outras coisas pois sempre pensei mais nos outros do que em mim e posso-lhes dizer que para mim não comprei rigorosamente nada e que as compras foram para os meus filhos, mulher e mãe.

Nesse mesmo dia experimentei com um alemão que me foi buscar ao Hotel o que era um “senapzs”, levou-me a sua casa abriu uma cerveja para mim e outra ele e depois colocou dois copos com whisky, primeiro tomámos metade da cerveja depois bebemos um pouco de whisky, voltámos afazer os mesmos movimentos até acabar com os líquidos e eu só lhes posso dizer que depois desta receita, já não precisava de agasalhos tão quentes tal era o calor que o preparado me tinha causado a mim e a ele que era alemão como lhes referi, aí percebi porque é muitos alemães fossem eles homens ou mulheres não andavam tão agasalhados, pudera o aquecimento era feito de uma forma central.

Na segunda-feira, tínhamos a reunião na empresa a começar às 8h00m, foram-me buscar ao Hotel, por volta das 7h45m, a distância era curta e às 7h55m já estava na sala de reuniões como mandava o figurino.
Para os alemães com quem trabalhei 8 horas eram 8 horas, ai daquele que se atrevesse a chegar depois da hora marcada, eles nisto não brincam em serviço.

A reunião começou e apesar da língua oficial ser o inglês a reunião decorreu toda em alemão e eu com o pouco que sabia lá ia tirando o sentido de umas coisas pelas poucas palavras que sabia. Aliás o meu Administrador que era alemão teve a gentileza de se aproximar de mim e perguntar-me se estava a entender o que se estava a dizer eu respondi-lhe que sim e ele afastou-se, tranquilo, este dia foi muito intenso como devem imaginar para mim, estava ali a representar Portugal e não queria fazer figura de parvo. Só para terem uma pequena ideia estavam representados os Países do Norte da Europa e Portugal, a reunião iniciou-se às 8 horas da manhã e acabou às 17h00m era assim que se trabalhava ao tempo começava-se a horas e tudo o que havia para ser tratado teria que ser tratado nesse espaço de tempo, porque às 17h00m davam-se os trabalhos por encerrados e tudo o que era para aprovar era aprovado naquele período de tempo e depois dele já não se falava mais em trabalho. Esqueci-me de lhes descrever que só nos podíamos levantar para ir há casa de banho, o almoço era-nos trazido e servido na mesa de reuniões com os trabalhos a decorrerem, imaginam a atenção com que se tinha de estar. Eu dou-me muito bem com este métodos de trabalho que em Portugal não usamos, porque sinto que se produz alguma coisa.

No final da reunião rumámos para Colónia eu fui com uma alemã e com o meu Administrador em Portugal, eu ia ao lado da condutora, a estrada estava cheia de neve, mas eles circulam a velocidade de doidos porque sabem o que cada um deles tem que fazer, não é nada como cá, tive medo, porque pensei que se alguém parasse instantaneamente era o fim da picada, mas tal não aconteceu.

O meu Administrador que foi até aos dias de hoje a pessoa com quem mais gostei de trabalhar, porque ele me responsabilizava de delegou nas minhas mãos a gestão da empresa, perguntando-me apenas se as coisas estavam todas bem, ao que eu lhe respondia favoravelmente e ele durante os anos que esteve cá dedicava-se mais ao golfe do que há empresa, porque confiava em mim e eu gosto disto, trabalhava muito mas gosto que confiem em mim e me responsabilizem.

Mas voltando ao jantar numa cervejaria de Colónia junto ao rio, disse-lhe em português que ele entendia e falava muito bem, quero aprender alemão à séria, ao que ele anuiu de imediato e de forma repentina também me disse que já não eram horas para tratar de assuntos de trabalho, agora era horas de conversa e de diversão. Experimentou-me, porque para além dos mexilhões que servem em tachinhos de barro, queria um bife, aí ele volta-se para mim e disse-me peça, desenrasque-se. Ora como eu não sou pessoa para me ficar pensei para comigo há é, chamei o empregado e no meu alemão mal-amanhado com o empregado que nos estava a servir há mesa consegui o meu objetivo, o belo bife acompanhado de batatas fritas e o molho, estava delicioso a par disso e como a cerveja deles tem um teor pouco alcoólico fui pedindo cerejas atrás uma das outras, até que dei conta que o empregado que tomava nota das cervejas que íamos bebendo na base onde se colocava o copo em cortiça, estava sentado nas minhas costas com um cestinho que levava no mínimo 12 imperiais e assim que eu pedia uma ele bebia outra e assentava apenas a que bebia, como a velocidade era muita tinha o empregado por minha conta e ele não se fazia rogado acompanhava-me. Eu de vez em quando tinha que ir há casa de banho apenas para verter o que tinha acabado de beber, porque como lhes escrevi a cerveja deles é água, o incómodo que causa é que temos que ir muitas vezes há casa de banho, de resto não causa mais nenhum transtorno, para quem está habituado há nossa cerveja.

Isto passou-se durante mais dois dias e regresso de novo a Portugal, acabados que estavam os trabalhos, voltei mais rico, mais conhecedor e com mais experiência adquirida.

Tenho uma outra história para vos contar esta de uma viagem onde fomos acompanhar clientes portugueses que convidámos a visitar a sede da empresa, mas esta fica para outra oportunidade.

Henrique Pratas

 

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