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HISTÓRIAS – XXXVII

13-12-2019 - Henrique Pratas

O que quero partilhar convosco passou-se ontem dia 04 de dezembro de 2019, para me deslocar para casa tive que apanhar um táxi, mas como sou adepto dos UBERs e TVDEs, pedi para a central de táxis da AUCOOP, um táxi, por volta das 17h05m. Ele chegou passados 10 minutos depois, apercebi-me logo que o motorista era uma pessoa vivida, nascido e criado na cidade de Lisboa.

Como eu gosto de interagir com estas pessoas, passados uns instantes ele disse-me ando aqui desde as 6 horas da manhã, retorqui dizendo-lhe que eram quase 12 horas de trabalho e partir daí desenrolou-se uma conversa afável e fluente sobre transportes, em particular o transporte de mercadorias.

Fui direito ao assunto e falei-lhe na Rodoviária Nacional, bastou fazer esta pequena menção para o homem me desbobinar a sua história de vida que quero partilhar convosco.

Passando aos factos este homem teve a oportunidade na altura em que o pai era vivo de lhe proporcionar a ele e ao irmão, a compra de um táxi, para trabalharem os dois, ele recusou liminarmente porque não queria aquela vida para si, preferia o transporte de mercadorias. Primeiro trabalhou numa empresa começando por uma carga menos pesada até que evoluiu aos transportes internacionais e de mercadorias mais pesadas como o transporte de transformadores para as centrais elétricas.

Eu senti nas suas palavras a “paixão” que tinha por aquela atividade, mas também uma certa amargura, porque ele constituiu a sua própria empresa e as coisas não sei porque motivos não correram bem, eu suspeito que tenha sido pela concorrência desleal que é prática comum nestas empresas, aliás disse-lhe que devido há dimensão do nosso País não existia espaço para tantas empresas de transporte e que algumas delas não sabia como é que se conseguiam manter, em meu entender fazia sentido existir apenas uma empresa que aglutinasse esta atividade, ele não deixou de concordar comigo, dizendo-me que era mesmo isso.

Mas palavra puxa palavra, lá veio um lamento, disse-me que não queria trabalhar mais por conta própria, que não queria ter mais nada e que “moravam” do lado de lá cerca de 200.000,00 € e que os Tribunais não funcionavam, percebi logo que o que me queria dizer nas entrelinhas, quem contrata estes serviços, leva muito tempo a pagar e como lhes escrevi este setor de atividade é “mafioso” e quem está neste meio ou afina o diapasão por estas práticas ou se quer ter uma postura profissional, é expurgado deste “mercado”, o valor em causa deve-se a valores por receber, que uma pequena empresa não se aguenta se não receber a tempo e horas.

Nesta conversa ainda comentei com ele o facto de ter que andar nos táxis, coisa que ele tinha rejeitado com o seu pai, disse-lhe apenas que por vezes nós não somos donos da nossa vida e existem circunstâncias que nos levam a fazer o recusámos há uns anos, acrescentei-lhe que nós nem da nossa vida somos donos, ao que ele me respondeu com um sorriso, nem mais.

Notei que era um homem marcado pela vida mas que não se arrependia de nada do que tinha feito, a maior mágoa que senti foi a do não funcionamento dos Tribunais, mas isso todos nós sabemos como é.

Foi uma “viagem” breve e de curta duração mas agradável, porque tive a oportunidade de falar com um pessoa que sabia do que falava.

Henrique Pratas

 

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