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HISTÓRIAS – XXXV

15-11-2019 - Henrique Pratas

Não me querendo alongar mais sobre a minha relação com os meus pais só gostava de lhes deixar nota que tratei a minha mãe em fim de vida como ela me tratou quando eu nasci, não a “depositei” em nenhum “depósito” ficou até ao fim dos seus dias na nossa casa.

A minha mulher na altura fazia todos dos dias Chamusca, Lisboa e o mesmo sentido ao final do dia. Eu por cá ia pelo menos três vezes a sua casa para a ver e levar-lhe o que era necessário. Tive apoio de uma enfermeira que contratei, da Segurança Social e de todas as entidades onde poderia encontrar apoio, se elas existem têm que funcionar, por vezes não foi fácil, mas nada que uma discussão mais acesa não resolvesse.

Recordo-me que num dos dias os senhores da Segurança Social queriam que a minha mãe fosse a uma junta médica, ela que estava acamada, sugeriram-me que fosse de ambulância e que esperasse pela sua vez, aí passei-me completamente e disse-lhes se isso era a forma como tratavam as pessoas se quisessem que fossem lá a casa porque a minha mãe não estava em condições de sair de casa e disse-lhes perentoriamente que a minha mãe, não iria comparecer há “bem dita” Junta Médica” se eles quisessem que se deslocassem a casa da minha mãe pois eles tinham boas pernas e podiam muito bem deslocar-se em viaturas que pertencem a todos nós e assim foi.

Mas isto chateia porque a Segurança Social não tem o mínimo de respeito, de carinho, de afeto pelos utentes que se encontram em situações débeis, como as da minha mãe e de outras pessoas, são uns cães no pior sentido da palavra, porque estes ainda dão caricias às pessoas a Segurança Social nem isso.

Entretanto também arranjei uma senhora que fosse lá a casa para ver como é que ela estava durante o dia e no caso de notar alguma coisa de estanho que me ligasse, pois eu ia lá de manhã, há hora do almoço e há noite.

No dia 5 de outubro de 2010, de manhã cedo recebemos um telefonema da dita senhora a pedirmo-nos que fossemos depressa porque achava que a minha mãe estava muito fraca.

Eu não quis acreditar porque ela estava bem no dia anterior há noite quando lá estive, fiquei completamente bloqueado, a minha mulher foi primeiro, enquanto eu tomava balanço. A minha mulher ainda a viu no último suspiro eu nem isso porque cheguei ligeiramente mais tarde, não queria acreditar, mas era verdade, fiz o que minha mãe me pediu que foi esperar pelo menos 24 horas, o que fiz, fui tratando do que tinha a tratar, mas não estava ainda convencido.

A minha mãe ficou na sua casa como queria entretanto eu sai para ir tratar de toda esta burocracia e no final da tarde, voltei de novo, lá a casa como era meu dever e não é que encontro a senhora que tinha contratado para lá ir ver como estava durante os dias a “carregar” roupa, sem minha autorização. Ao dar-me com este facto não disse nada, apenas olhei para ela e não lhe disse nada, como ia acompanhado pela minha mulher, disse-lhe se faz favor pede-lhe a chave de casa de minha mãe e ela que vá colocar as coisas onde estavam, e assim foi.

O que eu entendo como inqualificável é as pessoas usurparem aquilo que não é deles sem consentimento prévio, provavelmente se ela me tem pedido as coisas eu até lhas dava, mas desta forma não, peguei em toda a roupa da minha mãe, a que estava em condições de ser usada e andei a distribui-las pelos centros de caridade que existem em Lisboa.

A minha mãe tinha também me feito um pedido que só queria que eu comunicasse às pessoas que tinham querido saber dela que tinha falecido. Nós somos assim o que importa são as atitudes enquanto estamos vivos depois quando falecemos não é preciso mais “circo”, há uma formalidade que tem que se fazer e mais nada, chega de cinismos, existem pessoas que não se falam que se zangam, que são maus uns para os outros e depois quando acontece o que temos de mais certo na vida é que os “abutres” surgem, para marcarem a sua presença e fingirem aquilo que não sentem ou sentiram, comigo não.

Henrique Pratas

 

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